A obra de revitalização da rua Sapucaí, tradicional ponto turístico e gastronômico no bairro Floresta, na Região Leste de Belo Horizonte, inicia na próxima segunda-feira (3/6), quase três semanas após o teste de fechamento da via. Inicialmente, não haverá mudanças no trânsito e no trajeto das linhas do transporte público que passam pelo local. Após a conclusão das obras, previstas para encerrar em meados de março do ano que vem, a Sapucaí será fechada para a passagem apenas de pedestres.
O canteiro de obras será instalado, nesta segunda, na Rua Tapuias, que ficará acessível apenas para o tráfego local, no trecho entre a Avenida Francisco Sales e a Rua Sapucaí, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Finalizadas as intervenções, a Rua Sapucaí será convertida em um boulevard — trecho sem carros, voltado a lazer, diversão e gastronomia, à exemplo do quarteirão fechado da Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de BH.
O projeto prevê a construção de uma área gramada, com arborização e paisagismo para valorizar e potencializar as características urbanas e culturais da via. O corredor ainda irá ganhar uma reforma nos balaústres, novos bancos, banheiros públicos, balanços e uma arquibancada mirante para enaltecer a vista para o Centro da cidade e para os murais do Projeto Cura. Ao todo, as intervenções irão custar R$ 4,6 milhões aos cofres públicos, provenientes dos Recursos Ordinários do Tesouro (ROT).
A rua, que tem aproximadamente 600 m de comprimento e é margeada pelas avenidas do Contorno, Assis Chateaubriand e Francisco Sales, também vai receber a pavimentação de um plano único entre os dois passeios, ladrilho hidráulico e pedra portuguesa. Ainda está prevista a implantação de uma ciclovia bidirecional e passagem de pedestres. A circulação de veículos ficará restrita aos carros de moradores para acesso às garagens, e carga e descarga nos restaurantes e estabelecimentos comerciais.
As obras, a serem executadas pela Conata Engenharia, em um prazo de 300 dias, irão dar seguimento ao projeto, apresentado pela prefeitura em 2022, para priorizar o uso da via pelos pedestres, como parte do programa Centro de Todo Mundo, que busca a requalificação da área central de BH. As intervenções serão supervisionadas pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Um dos locais mais movimentados da capital, especialmente aos fins de semana, a justificativa da prefeitura para os investimentos na Sapucaí, além de tornar a região mais bonita e acessível, é melhorar as opções de lazer e segurança. Além dos passeios estreitos, na rua ainda há uma faixa de estacionamento de veículos e a maior parte dela é destinada apenas aos veículos. “Vamos entregar para a cidade um espaço que atenderá ao interesse público, fomentando o lazer e cultura”, afirma o superintendente da Sudecap, Henrique Castilho.
Fechamento da Rua Sapucaí divide opiniões
No início de maio, a Sapucaí ficou fechada por uma semana para circulação de carros em um teste para analisar os impactos e viabilidade do projeto. Os resultados, segundo a PBH, foram apresentados à comunidade, que aprovou a mudança, e agora a via será fechada permanentemente para veículos em três quarteirões após as obras. A proposta de fechamento usou como referência as "superquadras" de Barcelona, na Espanha, projeto que limitou a circulação de carros em quarteirões na área central e transformou as ruas em zonas de pedestres e ciclistas.
Desde 2012, o fechamento da Sapucaí vem sendo debatido, dividindo opiniões de moradores e comerciantes. Alguns comemoram a valorização cultural e a redução do conflito entre carros e pedestres, enquanto outros temem o aumento do trânsito nas avenidas adjacentes e a perda de vagas de estacionamento. Além disso, há preocupações com o aumento da criminalidade, a ocupação do espaço por pessoas em situação de rua e a sujeira, que já são alvos de reclamações nos fins de semana.
Em março do ano passado, foi implementado o fechamento da rua aos domingos, entre as avenidas Assis Chateaubriand e Francisco Sales, das 8h às 15h. Atualmente, a Sapucaí conta com cerca de 11 restaurantes e bares, sendo um ponto de encontros e eventos culturais durante o ano, incluindo shows, peças de teatro e o carnaval.