A Justiça revogou a prisão preventiva da biomédica Lorena Marcondes de Faria, que foi indiciada pela Polícia Civil por homicídio após realizar uma lipoaspiração em uma mulher em Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas. A paciente Irís Dorotéia do Nascimento Martins morreu, aos 45 anos, em maio do ano passado, em decorrência de complicações do procedimento estético. A biomédica deixou o sistema prisional no início da noite desta quinta-feira (2/5).

 

Lorena havia sido presa pela segunda vez no fim de março em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesse sentido, o juiz Ivan Pacheco de Castro, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Divinópolis, lembrou inicialmente na sentença que a prisão decorreu do descumprimento de medida cautelar. Na ocasião, a biomédica, que estava proibida de fazer publicações nas redes sociais, seguiu fazendo divulgações do seu trabalho, além de comentar sobre o inquérito em curso contra ela.

 



 

Em decisão assinada na última terça-feira (30/4), o magistrado avaliou que o tempo de recolhimento cautelar desde a prisão em 22 de março foi suficiente “para demonstrar que o Poder Judiciário está atento ao cumprimento ou descumprimento de suas ordens e exige o respeito às suas decisões, mormente quando a atuação contrária da parte põe em risco a estrita observância do devido processo legal”.

 

 

“Enfim, depois de mais de um mês afastada do convívio familiar e social por desrespeito a uma obrigação fixada por este juízo, tenho que a acusada se encontra preparada para acompanhar a tramitação do feito em liberdade, sem interferir – ou tentar novamente fazê-lo – em sua regular tramitação, através de redes sociais, fazendo menção às partes e/ou testemunhas da ação penal”, declarou o juiz, acrescentando que uma nova prisão não está descartada caso Lorena volte a não respeitar a medida cautelar imposta.

 

Procurado pela reportagem, o advogado Tiago Lenoir reafirmou a inocência de sua cliente. “Com o restabelecimento da liberdade da biomédica Lorena Marcondes, a defesa provará perante a Justiça sua inocência e rebaterá todas as injustas acusações que recaem sobre ela”, disse, em nota.

 

Relembre o caso

Irís Dorotéia do Nascimento Martins morreu na noite de 8 de maio de 2023, em Divinópolis, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória durante um procedimento estético de lipoaspiração em uma clínica no Centro da cidade. O estabelecimento foi interditado no mesmo dia. A vítima foi socorrida inconsciente pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada ao Complexo de Saúde São João de Deus, onde veio a óbito.

 

 

A biomédica Lorena Marcondes foi presa na ocasião, conduzida à delegacia e, depois, ao Presídio Floramar, permanecendo na unidade prisional por 15 dias, já que a defesa conseguiu converter a prisão para a modalidade domiciliar. Em 15 de agosto, o juiz Ivan Pacheco concedeu a liberdade sob argumento de que estava havendo demora na conclusão do inquérito policial, o que poderia configurar “constrangimento ilegal”. Nesse sentido, a defesa alegou à época “excesso de prazo na formação de culpa e conclusão do inquérito policial”.

 

No fim de outubro do ano passado, a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou Lorena por homicídio doloso de Irís. A investigação apontou que houve uso excessivo de anestésico, grande número de incisões e falta de equipamentos de controle e oxigenação da paciente. Lorena, conforme a PCMG, não estava apta para realizar o procedimento, que deveria ser feito por médicos especializados.

 

A polícia apontou ainda que a biomédica visava apenas o enriquecimento e não levava em conta a saúde das pacientes. Ela ganhava a confiança das clientes dizendo que o procedimento não era invasivo, quando, na verdade, era o contrário. Outras duas funcionárias da clínica, inclusive a técnica de enfermagem, respondem por homicídio simples, já que auxiliaram nos trabalhos.

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