A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu novamente a biomédica Lorena Marcondes, de 34 anos, em Nova Lima, na Região Metropolitana, nesta quinta-feira (9/5), oito dias após ela deixar a prisão. Indiciada por homicídio qualificado em decorrência da morte de uma paciente, de 45 anos, em maio do ano passado, essa é a terceira vez que ela é presa.

Durante o cumprimento da medida judicial, realizada pela equipe de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, a biomédica informou estar passando mal. Diante dos fatos, os policiais acionaram o Serviço Móvel de Urgência (Samu), que a conduziu a uma unidade de saúde. A suspeita permanece internada sob escolta policial.
 
 

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) entrou com uma nova ação, com pedido de liminar, contra a decisão do juiz Ivan Pacheco que revogou a prisão da biomédica no dia 30 de abril deste ano. A expedição do alvará de soltura ocorreu no dia 2 de maio. Ela estava presa no presídio Floramar, em Divinópolis.
 

A desembargadora Paula Cunha e Silva, da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), entendeu pela nova prisão preventiva de Lorena. Ela lembrou, na decisão, que Lorena descumpriu as medidas cautelares, tentando intimidar testemunhas e causar confusão durante o processo.
 

Arguiu que ela, “reiteradamente, demonstrou disposição em descumprir decisões judiciais e prejudicar o andamento da ação penal de origem".
 


Prisões


A biomédica chegou a ser presa pela primeira vez em 8 de maio de 2023 – mesmo dia da morte de Iris Nascimento, em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Inquérito da Polícia Civil, aponta que a biomédica submeteu a paciente a uma lipoaspiração. 
 

Ainda conforme as investigações, uma série de eventos levou a paciente ao óbito, como traumatismo abdominal, choque hemorrágico e intoxicação anestésica.
 

No dia 23 de maio de 2023, Lorena deixou o presídio Floramar em Divinópolis e permaneceu em prisão domiciliar até agosto seguinte, quando foi liberada.
 

Em março deste ano, por descumprir medidas cautelares impostas pela Justiça, ela voltou para o presídio. Na ocasião, a biomédica, que estava proibida de fazer publicações nas redes sociais, seguiu fazendo divulgações, além de comentar sobre o inquérito em curso contra ela.
 

No dia 30 de abril, o juiz da Primeira Vara Criminal Ivan Pacheco revogou a prisão alegando que o tempo de recolhimento foi suficiente para demonstrar que o Poder Judiciário está atento ao cumprimento e descumprimento de suas ordens.
 

“Enfim, depois de mais de um mês afastada do convívio familiar e social por desrespeito a uma obrigação fixada por este juízo, tenho que a acusada se encontra preparada para acompanhar a tramitação do feito em liberdade, sem interferir – ou tentar novamente fazê-lo”, afirma o juiz na decisão.
 

No dia 02 de maio, ela deixou o presídio e retornou à Nova Lima, onde está morando.
 


O caso


Iris Nascimento Martins morreu no dia 8 de maio de 2023, em Divinópolis, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória durante um procedimento estético na clínica da biomédica. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a socorrê-la e a levou para o Complexo de Saúde São João de Deus. Contudo, ela morreu.
 

Em outubro do ano passado, a Polícia Civil a indiciou por homicídio qualificado. O delegado responsável pelo caso, Marcelo Nunes, apontou duas qualificadoras que corroboram o indiciamento.
 

"Por motivo torpe, porque ela só visava o lucro. As planilhas não têm dados científicos do paciente, apenas questões financeiras. Pena mínima de 12 a 30 anos. Traição, ela enganava os pacientes. Ela falava que não era procedimento invasivo. Só no corpo de Iris foram 12 infusões. Se isso não é invasivo, o que é então? Ela enganava as pacientes (...)."
 

Ao contrário do serviço "vendido" - lipolaser, a vítima tinha 12 perfurações, 10 no abdômen e duas nos glúteos.
 
 
A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa Tiago Lenoir, porém não obteve retorno até a publicação desta matéria.


compartilhe