Matheus Turchete tem vivido dias de sofrimento desde a morte da noiva, Laura Fernandes Costa, de 31 anos, no dia 7 de maio. Ele conta que já perdeu aproximadamente 10 kg na última semana: “Não consigo comer, não consigo dormir. Nenhuma família merece passar por essa dor”.
Laura foi submetida a um procedimento de colocação de um balão intragástrico no dia 26 de abril, para emagrecer a tempo do casamento marcado para o dia 7 de setembro deste ano. “A Laura tinha um sorriso lindo, o brilho nos olhos dela era maravilhoso, desde o dia que fez esse procedimento isso sumiu. Isso é torturante”, declara o noivo.
Segundo o boletim médico, a causa da morte foi uma infecção generalizada causada por uma perfuração no estômago. A família acredita que se trata de uma complicação de uma cirurgia para colocação do balão e denunciou o médico responsável, Mauro Lúcio Jácome, por negligência médica.
“Esse erro que aconteceu com a Laura a gente não pode aceitar, pelo descaso da clínica. Em nenhum momento eles trataram como uma vida humana, trataram sempre como um negócio”, afirma Matheus.
Relembre o caso
Laura realizou o procedimento de colocação do balão intragástrico em uma clínica na região do Barreiro, em Belo Horizonte, no dia 26 de abril. A engenheira sentiu os primeiros sintomas no dia seguinte à cirurgia. No dia 30 de abril, entrou em contato com o médico responsável, Mauro Lúcio Jácome, para realizar a retirada do balão na mesma clínica onde foi atendida anteriormente, mas não encontrou o profissional.
Em 1º de maio, voltou a procurá-lo em outra unidade da Clínica Cronos, na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, também sem êxito. “Na quarta (01/05) ela foi à clínica porque estava vomitando sangue, e foi negado o atendimento para ela. O médico tinha quatro atendimentos no dia, fez dois e foi embora. No dia 2 ela retornou e fez a retirada do balão”, conta Matheus.
Mesmo com a retirada do dispositivo, a engenheira continuou a passar mal e, em 6 de maio, foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Nossa Senhora de Lourdes, em Nova Lima, na Grande BH. Durante o atendimento, foi encontrada uma perfuração no estômago, que causou o vazamento de fezes para o organismo e resultou em uma infecção generalizada. Ela morreu no dia seguinte.
O médico alega que procurou a paciente, mas, segundo o noivo, a tentativa de contato ocorreu apenas depois da morte de Laura. “Realmente ele procurou, a Laura veio a óbito às 17:30, ele já sabia que ela estava em coma, e ele mandou mensagem às 18:11”, relata Matheus.
Em nota, a Clínica Cronos, da qual o médico Mauro Lúcio Jácome é sócio, afirmou que se solidariza com a dor da família, mas que a paciente foi liberada sem sintomas logo após a cirurgia e que não retornou no dia seguinte como estaria agendado.
"O procedimento ocorreu sem qualquer intercorrência, sendo a paciente liberada com acompanhante, sem sintomas, com agendamento de retorno para o dia seguinte, para fins de acompanhamento, mas sem comparecimento da paciente. A paciente não atendeu aos chamados da clínica para retorno", diz a nota. "A Clínica e os seus profissionais estão à disposição da família ou autoridades para prestar todo esclarecimento e apresentar toda documentação necessária, a fim de comprovar a inexistência de erro médico."
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias e a causa da morte de Laura. “A instituição irá realizar as oitivas de testemunhas e envolvidos, solicitar os prontuários médicos da paciente, bem como realizar todas as diligências necessárias visando a completa elucidação do caso”, afirmou, em nota.
Depoimentos
Matheus Turchete, noivo de Laura, e Milton, pai da engenheira, compareceram na tarde desta terça-feira (14/5) na 2° Delegacia de Polícia Civil, na região do Barreiro, acompanhados do advogado Lucimar Silveira Santos, para prestar depoimento sobre o caso. As oitivas tiveram início às 16h e se estenderam até as 18h30. Matheus e Milton não falaram com a imprensa. Segundo o advogado, as testemunhas falarão em momento oportuno com a imprensa a fim de não atrapalhar as investigações. Também não foi confirmada se a exumação do corpo já ocorreu.