A Justiça mineira determinou no fim da tarde desta quarta-feira (15/5) a suspensão do julgamento de Welbert Souza Fagundes pelo homicídio do sargento Roger Dias, assassinado aos 29 anos, depois de instaurar o “incidente de sanidade mental do denunciado”. O objetivo é verificar se, à época do crime, em janeiro, ele era ou não inimputável. O julgamento aconteceria na próxima sexta-feira (17/5).

 

Além disso, a Justiça já havia suspendido o julgamento de Welbert, marcado para a tarde de quinta-feira (16/5), pelo crime de furto qualificado cometido em 18 de julho do ano passado. Por isso, ele estava preso e, desde 23 de dezembro, era considerado foragido por não ter retornado ao sistema prisional depois de receber o benefício da saída temporária (saidinha) de Natal. O assassinato do sargento aconteceu pouco depois, em 5 de janeiro.

 

No pedido da defesa, o advogado Bruno Torres relatou que o acusado ouve vozes, apresenta quadro paranoico, faz tratamento no Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) Barreiro e consome medicação forte para saúde mental.

 

A defesa ainda pediu a transferência de Welbert da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, alegando que a “ausência de câmera de segurança no interior da cela implica em risco para a integridade física” dele. O pedido ainda vai ser avaliado pela Justiça. Em março deste ano, a defesa de Welbert denunciou que ele foi agredido e torturado dentro do presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, também na Grande BH. 

 

Comparsa tem prisão domiciliar negada

Geovanni Faria de Carvalho — também réu pelas tentativas de homicídio contra quatro policiais e um motociclista, que foi atropelado no dia do assassinato do sargento Roger — teve o pedido de prisão domiciliar negado. A defesa sustentou que o réu está muito debilitado em decorrência de uma grave doença infecciosa. O juiz Roberto Oliveira Araújo Silva, do Tribunal do Júri em Belo Horizonte, entendeu que não foram juntados aos autos “documentos hábeis a justificar a concessão do benefício”. Com isso, Geovanni segue custodiado na Penitenciária Nelson Hungria.

 

“Nesse mesmo sentido, convém salientar que a prisão domiciliar humanitária é sempre medida excepcional, cabível somente quando comprovada a falta de estrutura adequada do sistema penitenciário para o tratamento médico do custodiado”, frisou o magistrado, acrescentando que, com relação à transferência a um presídio mais adequado, visando o tratamento do custodiado, o pedido deverá ser avaliado pelo juiz de direito criminal da comarca de Formiga e pelo diretor do sistema prisional.

 

O crime

O sargento Roger Dias foi morto em 5 de janeiro deste ano. O militar estava em uma das equipes que foi até o Bairro Novo Aarão Reis à procura dos dois homens foragidos, que não voltaram ao sistema prisional depois da saidinha de fim de ano. Eles teriam sido vistos furtando uma caminhonete.

 

A dupla estava em um Fiat Uno prata quando foi avistada por uma viatura, dando início a uma perseguição, que só terminou quando eles atingiram um motociclista em uma avenida do bairro. O carro, conduzido por Geovanni, parou de funcionar e a dupla fugiu a pé. Os policiais se dividiram, indo atrás de cada um dos ladrões.

 

Imagens de câmera de segurança mostram o sargento perseguindo Welbert. O militar é visto se aproximando do homem, quando deu ordem de parada, que não foi acatada. Welbert, que estava de costas, virou-se apontando uma arma para o policial e atirou. Dois disparos atingiram a cabeça do policial e outro a perna.

 

Geovanni tentou, por horas, fugir dos militares. Ele chegou a se esconder em uma casa, onde trocou tiros com policiais e correu para uma mata da região. O homem foi encontrado durante a madrugada de 6 de janeiro escondido no meio da lama de um chiqueiro.


 

 

 

 

 

 

compartilhe