Desastres, como os que atinge o Rio Grande do Sul, que já passou de 150 mortes, estão mais ligados à forma que as cidades foram ocupadas do que com a natureza em sim, explicou o geógrafo Alecir Moreira, professor do Departamento de Geografia da PUC Minas, em entrevista ao “Em Minas”, que foi ao ar na noite deste sábado (18/5) na TV Alterosa em parceria com o Estado de Minas e que está disponível no canal YouTube do Portal Uai.

 

 

Em entrevista ao jornalista Benny Cohen, o professor defendeu que a percepção de que o mundo está enfrentando cada vez mais fenômenos climáticos extremos é potencializada pela humanidade ter passado a ocupar áreas que são muito suscetíveis a fenômenos naturais. Para ele, “desastre é mais uma construção social do que é algo inerente apenas à mudança na natureza”.

 

“A tecnologia que tanto nos permitiu avançar e construir coisas maravilhosas também construiu na gente uma espécie de crença de que a nossa técnica é capaz de lidar com qualquer coisa, inclusive com desastres. E isso acaba, de uma certa forma, levando a gente a ocupar áreas que têm suscetibilidades naturais que já são conhecidas”, disse na entrevista.

 



 

O professor explicou também que a dinâmica caso chovesse em Belo Horizonte nos mesmos níveis que em Porto Alegre seria diferente devido a topografia da capital mineira.

 

“Nós teríamos, simultaneamente, problemas enormes de deslizamento de encostas, e os fundos de vale, onde estão posicionadas boa parte das nossas avenidas, ficariam inundados. Isso certamente afetaria a circulação na cidade e criaria uma situação extremamente complicada. E, principalmente, pensando que quem ocupa essas áreas declivosas são populações de baixa renda, com casas precárias em termos de infraestrutura e construções vulneráveis”, explicou.

 

Para o geógrafo, pode ser que já tenha chegado a hora das grandes cidades adotarem protocolos de prevenção aos fenômenos climáticos semelhantes aos adotados nas cidades com barragem de mineração, com rotas de fugas e treinamentos para os moradores sobre como agir no caso de um rompimento.

 

“Talvez seja a nossa lição de casa. Além de melhorar as condições de previsibilidade, além de melhorar as políticas de zoneamento e uso do solo, além de aperfeiçoar instrumentos de gestão urbana, a gente precisa fazer com que essas coisas permeiem a sociedade de tal forma que faça parte da nossa cultura”, defendeu.

 

 

 

O “Em Minas” é uma parceria entre a TV Alterosa, o jornal Estado de Minas e o Portal Uai. O programa vai ao ar aos sábados, a partir das 19h20, simultaneamente na televisão e no Youtube (youtube.com/portaluai). A versão online tem um terceiro bloco exclusivo.

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