Começou nesta segunda-feira (20/5) o julgamento de Rodney Alves Miranda, acusado de espancar o filho de 2 anos e nove meses, David Roger Alves da Silva, até a morte em julho de 2017. A defesa do réu e quatro testemunhas foram ouvidas no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, e a sentença deve ser divulgada pela Justiça ainda hoje. O caso aconteceu na Região de Venda Nova, na capital mineira. À época, Rodney foi preso em flagrante por homicídio doloso. 


Em depoimento, Rodney negou o crime e afirmou que estava dormindo com a criança na cama e, ao acordar assustado, sem querer, deu uma cotovelada na barriga do menino. O laudo da necropsia apontou que a criança morreu por hemorragia interna em decorrência de traumatismo toracoabdominal contuso no Hospital Risoleta Neves, no Bairro Vila Clóris. 

 


O homem declarou que as lesões no tórax e nas outras partes do corpo da criança foram resultado da tentativa dele dar os primeiros socorros para reanimar o menino, que teria ficado desacordado com o golpe. Segundo Rodney, ele tem o sono profundo e que sempre acorda articulando de forma exaltada.  


As investigações apontaram que o garoto já tinha sido medicado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Belo Horizonte com traumatismo craniano, possivelmente, por agressões sofridas. 


Rodney, que já foi preso por tráfico de drogas, teria discutido com a mãe do menino, Naiane Stefany Silva de Souza, no dia da morte do filho. Segundo ela, o ex-companheiro preferia estar na rua usando drogas que em casa com ela e os filhos. O homem teria mandado Naiane embora e terminado o relacionamento dos dois. Ela informou à Justiça que Rodney fez uso de cocaína na data. A mulher também foi indiciada por homicídio culposo, sem intenção de matar, pois sabia das agressões ao filho e se omitiu. 


Investigações 


Segundo a delegada Fabíola Oliveira, a violência de Rodney contra David fica explícita com o comportamento da criança. Pessoas ouvidas durante as investigações afirmaram que o garoto chorava todas as vezes que sabia que iria para a casa do pai. “Essas agressões já eram constantes na vida dele. Tanto que ele tinha um pavor do pai. Ele não o chamava de pai, referia-se a ele somente pelo nome e sempre que tinha que ir para casa do pai chegava a chorar. Inclusive os vizinhos chegaram a ameaçar chamar a polícia por causa deste choro”, revelou 


Levantamentos da polícia mostraram que algumas agressões aconteceram pouco tempo antes da morte. Segundo a delegada, um mês antes do crime, David apresentou hematomas nas nádegas provocadas, possivelmente, por chineladas. O menino contou para os familiares que o pai o virou de bruços e o agrediu algumas vezes, de acordo com os depoimentos colhidos na investigação. Duas semanas antes do assassinato, ele apareceu com um hematoma no rosto e falou com a empregada doméstica que o Rodney o bateu com um chinelo, pois tinha acordado a irmã de seis meses.




“Só que no ano passado, em novembro, o David deu entrada na UPA Venda Nova com traumatismo cranioencefálico. Ao questionar o pai, porque o menino chegou com um inchaço na cabeça e no olho, ele disse aos funcionários que ele teria caído no banheiro. Porém, David disse que realmente caiu, mas que o pai o empurrou e, por isso, houve a queda”, explicou a delegada.


Por causa da omissão, a mãe foi indiciada por homicídio culposo. “Neste caso, a omissão dela foi relevante para o resultado. Sabendo de todo histórico, deixou o pai tomando conta da criança”, completou Fabíola. Já Rodney continua negando o crime. O jovem admitiu ser usuário de drogas, mas, segundo a delegada, afirmou que parou de usar entorpecentes uma semana antes do crime, no dia do aniversário dele.


As causas do que levaria o assassinato, porém, não foram encontradas. “Na verdade, a motivação certa não conseguimos levantar. Até porque uma criança de 2 anos e nove meses não teria um motivo grave para ser brutalmente assassinada. Chegou informação que ele poderia ter sido morto por ter pedido um biscoito. Naiane também relatou que ela estava para terminar o relacionamento com Rodney e por isso chegou a cogitar ser uma vingança. Outra hipótese é que ele estava sem a droga e, segundo Naiane, estaria extremamente violento por isso”, disse. (Com informações de João Henrique do Vale)

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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