Alunos da rede pública de ensino, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, se transformaram em jurados por um dia. O projeto "Prove e Aprove", que busca incluir novos alimentos na merenda escolar, em especial os adquiridos de agricultores familiares da região, oferece aos estudantes a chance de provar os pratos que são candidatos a ingressarem no cardápio.
Em uma das oficinas, foi avaliado a pitaya. Para tornar a fruta mais atrativa, são convidados chefs de cozinha, que preparam pratos nutritivos e saborosos. Em março deste ano, a pitaya também foi incluída na alimentação de dois centros municipais de educação infantil (CEMEIs) e em uma escola municipal infantil, de São Sebastião, no Centro-Oeste do estado. De acordo com nutricionistas, além da chamativa cor-de-rosa, a fruta ajuda no funcionamento intestinal e previne anemia.
O gastrônomo, servidor da Coordenadoria de Segurança Alimentar da Prefeitura de Nova Lima, Gustavo Viana, é um dos responsáveis por parte do cardápio. Ele desenvolveu um macarrão com molho de tomate e pitaya. Junto com ele, na elaboração dos pratos, estava o chef de cozinha Marlon Sérgio.
Viana explica que o projeto faz parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que sugere a realização de testes de aceitabilidade, para introdução de novos ingredientes. “As crianças às vezes não têm acesso a esses produtos, mas se você apresentar de forma elaborada, saborosas, há uma grande aceitação”, comenta.
Para completar o menu, Marlon criou um bolo de legumes, frango e pitaya e ainda, de sobremesa, uma salada de frutas, com creme de pitaya e granola.
Conhecer antes de degustar
Antes de avaliarem os pratos, os alunos visitam uma propriedade rural para ver de perto a cultura dos alimentos, provar novos sabores e texturas direto da horta. “Eu sempre quis ter uma horta”, comentou o Maxmesse de Jesus da Silva, aluno do 9º ano, da Escola Municipal Rubem Costa Lima, de Macacos, enquanto provava uma capuchinha e uma azedinha, duas hortaliças comestíveis.
Vanice Maria dos Santos é a agricultora que abriu as portas da propriedade para receber os alunos. Ela produz com a família uma variedade de alimentos. “Trazer as crianças aqui para o sítio é super interessante, para elas verem como é todo processo de produção. E elas gostam”.
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O técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Glaidson Guerra, que acompanha os estudantes nestas oficinas, explica que em Nova Lima os produtores assistidos pela empresa são orientados para cultura agroecológica, sustentável.
Além disso, ele ressalta que é uma forma de introduzir na merenda escolar alimentos saudáveis, favorecendo assim tanto alunos quanto os agricultores familiares, que têm um importante complemento de renda com a venda para os mercados institucionais. “Nosso trabalho principal é abrir uma grande mesa de diálogo entre a equipe de nutrição, a Emater e a comunidade escolar, diretores, cantoneiras e os próprios alunos”.
Julgamento
Após apreciarem todos os pratos, cuja pitaya era o ingrediente novo a ser avaliado, os alunos, munidos de caneta, um boletim para incluir as notas, e um senso crítico apurado, aprovaram o menu e a fruta passará a fazer parte do cardápio da merenda escolar do município.
A chamada pública para que os produtores familiares possam participar e fornecer a pitaya por meio do Pnae deve ser publicada em breve.