A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou nesta terça-feira (21/5) a ampliação do público prioritário para a vacinação da Covid-19. A partir desta quarta-feira (22/5), todos os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde estarão liberados para receber a aplicação da dose de reforço da nova vacina monovalente.
Os grupos alvo da aplicação da vacina até o momento eram idosos acima de 80 anos, gestantes, puérperas (mulheres no período até 45 dias após o parto) e imunossuprimidos. Com a expansão, podem receber o reforço os seguintes públicos:
• Pessoas com 60 anos ou mais;
• Pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILPI e RI) e seus trabalhadores;
• Indígenas;
• Ribeirinhos;
• Quilombolas;
• Trabalhadores da saúde;
• Pessoas com deficiência permanente;
• Pessoas com comorbidades;
• Pessoas privadas de liberdade ( 18 anos);
• Funcionários do sistema de privação de liberdade;
• Adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas;
• Pessoas em situação de rua;
Para receber a dose da monovalente, a pessoa que faz parte de um dos grupos prioritários deve ter recebido a última dose da vacina contra a Covid-19 há, pelo menos, três meses e não ter apresentado sintomas da doença nos últimos 30 dias. No momento da aplicação é necessário apresentar documento de identificação com foto e o cartão de vacinação.
Segundo a PBH, é “recomendável, ainda, que as pessoas imunocomprometidas apresentem medicamentos em uso, resultados de exames, receitas médicas ou relatórios/ declarações médicas. Já as puérperas devem apresentar certidão de nascimento do bebê, cartão da gestante ou documento do hospital onde ocorreu o parto”.
Ainda segundo a prefeitura, a vacina monovalente da farmacêutica Moderna, atualizada para proteger contra a subvariante da Ômicron XBB 1.5, teve o registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano e vai substituir gradualmente todas as vacinas contra Covid-19 que estavam sendo utilizadas anteriormente.
“Essa nova vacina é muito eficaz frente às variantes que estão circulando no Brasil, como um todo, e mesmo fora do Brasil. Então é fundamental, principalmente para os grupos mais vulneráveis, que haja uma boa adesão a essa campanha para que nós evitemos problemas maiores, como superlotação, o que nós já estamos vendo neste momento, lembrando também da importância da vacinação contra influenza, tem vacina para as duas situações nos postos de saúde”, afirma o infectologista e epidemiologista, Carlos Starling.
Casos de Covid em BH
A capital mineira tem 6.964 casos confirmados de Covid-19 em 2024, mais da metade dos registrados durante todo o ano de 2023, quando registrou 12.098. Além disso, o ano já acumula 35.023 notificações e 72 óbitos.
Starling reforça que a Covid-19 continua sendo um problema importante entre as doenças respiratórias, principalmente entre aqueles que não se vacinaram, em especial para pessoas acima de 60 anos e crianças abaixo de 5 anos. “Nessa população, ela continua sendo uma das três principais causas de internação e de morte”, afirma.
O infectologista defende que o objetivo deve ser cobrir pelo menos 90% da população alvo, em especial com a aproximação dos meses mais frios do ano, a fim de evitar a superlotação nas unidades de saúde.
“Nós temos visto um aumento importante do número de casos de vírus sincicial respiratório (VSR), o que tem levado centenas de crianças aos postos de saúde, um problema importante que tem sido visto no país como todo. Em Belo Horizonte em particular nós estamos com as unidades de saúde lotadas em função dessa circulação do vírus sincicial respiratório, influenza e Covid”, declara Starling.
Crise de doenças respiratórias em BH
Belo Horizonte enfrenta uma crescente busca por atendimento em saúde devido à alta de casos de doenças respiratórias, entre elas, a gripe e a Covid-19. Somente entre março e abril, o número de pacientes atendidos em centros de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte subiu 21,7%, com o total de 70.925.
O grupo que mais buscou atendimento médico na capital foram as pessoas entre 15 e 39 anos, que somam 19.764 casos em abril, aproximadamente um terço dos pacientes atendidos, seguido das crianças de 0 a 4 anos, que representam 21.7% dos atendimentos, um total de 15.448 casos. O aumento é visível também nas internações infantis, apresentando um salto de 402 solicitações de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em enfermaria pediátrica em março, para 710 em abril, um aumento de 76.6%.
Diante da alta demanda, no último dia 10 a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) deu início a um plano para o enfrentamento das doenças respiratórias para monitorar diariamente o cenário epidemiológico e assistencial da cidade com o objetivo de garantir o cuidado necessário à população. Esse acompanhamento visa avaliar a necessidade ou não de um decreto de emergência em saúde pública na capital.
“Como parte das ações implementadas e previstas no plano, já foram contratados mais de 200 profissionais para reforçar as equipes das unidades de saúde, inclusive das UPAs. Também foram abertos mais de 70 leitos hospitalares para a internação de crianças, que é um dos públicos mais vulneráveis a desenvolver formas graves de doenças respiratórias”, declarou a Secretaria Municipal de Saúde em nota.
As medidas se tornam necessárias visto que Contagem, na região metropolitana de BH, decretou situação de emergência em doenças respiratórias na última sexta-feira (17/05). Além disso, Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, já havia decretado situação de emergência em saúde pública em decorrência do "aumento exponencial" de casos de SRAG desde o dia 7 de maio.
Starling reforça que, uma vez que ainda estamos no outono, é esperado um aumento de casos nos próximos meses: “Até setembro, até o final do período de inverno, nós vamos ver um aumento das síndromes respiratórias. Tanto na população adulta, quanto pediátrica. Lembrando, mais uma vez, que são situações preveníveis através de vacinas”.