Passarela nobre da zona sul de Belo Horizonte, escolhida por praticantes de cooper e ciclistas, a Avenida Bandeirantes almeja se tornar uma referência cultural e turística da cidade. Inspirados na Praia de Copacabana, lojistas da região planejam uma setorização do comércio e a valorização de áreas culturais e de lazer da via, em uma aposta para transformar a avenida em um local mais vibrante e frequentado.
Com 2.500 metros de extensão, na divisa entre os bairros Serra, Anchieta e Sion, a Avenida Bandeirantes abriga cerca de 200 estabelecimentos comerciais e 20 academias. A setorização proposta para a Avenida Bandeirantes visa criar polos temáticos ao longo de sua extensão, que englobam áreas culturais, gastronômicas e de lazer.
A ideia é que cada trecho da avenida ofereça uma experiência diferenciada, atraindo moradores, lojistas e turistas. Mais do que isso, o Circuito Bandeirantes prevê destacar os atrativos naturais e culturais da região, conhecida por seu ar bucólico e pela proximidade com a natureza, tendo os contornos verdes da Serra do Curral como pano de fundo.
“Isso já vem acontecendo naturalmente ao longo dos anos. Queremos abraçar isso como identidade da Avenida Bandeirantes para que a população a frequente mais e possa se apossar desses espaços", afirma o comerciante Flávio Galizzi, um dos coordenadores do projeto Circuito Bandeirantes.
O início dessa empreitada foi ainda em 2019 e agora ela começa a sair do papel. De lá para cá, os comerciantes envolvidos na iniciativa conseguiram pleitear com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) uma série de intervenções na avenida para melhorar a acessibilidade e a segurança, principalmente de pedestres. Entre as demandas, estão o alargamento de ilhas de refúgio de pedestres e do canteiro central, acréscimo de calçada em cruzamentos e alteração de circulação em ruas paralelas.
Há quase de 15 anos, o trecho da Bandeirantes entre o Parque Municipal Juscelino Kubitschek, popularmente conhecido como Praça JK, e a Praça da Bandeira é fechado ao tráfego de veículos aos domingos, quando se transforma em uma pista de cooper e caminhada. O percurso de 1,5 quilômetro —já em fase de preparação para abertura de uma licitação destinada a requalificar a pista— é o preferido de muitos moradores do bairro e de outras partes da cidade.
Essa iniciativa, segundo os comerciantes ouvidos pela reportagem, é um embrião do que pretendem alcançar ao firmar o Circuito Bandeirantes. “É uma região relativamente plana, com quatro parques no entorno e três praças. As pessoas a frequentam procurando uma vida saudável, prática e com essa área cultural. Nosso objetivo é transformar a avenida em um local mais atraente para a população”, afirma Flávio.
Segurança é desafio
Ao passo em que traz uma série de melhorias nas vias públicas, como travessias de pedestres em pontos estratégicos, o projeto, batizado de Circuito Bandeirantes, também adiciona o desafio de reforçar a segurança em uma região que já enfrenta críticas nesse aspecto. Há uma preocupação crescente de comerciantes e moradores, que pedem mais policiamento na região.
A comerciante Layzie Romanhol, de 33 anos, escolheu o ponto, próximo ao Parque Municipal Julien Rien, na Avenida Bandeirantes, visando ao movimento da região, mas observa que a via peca em termos de segurança. “A gente não vê viaturas passando, principalmente porque o comércio nessa região está começando a ficar mais movimentado. Eu vejo que é preciso investir pra gente ficar mais tranquilo”, cobra, frisando os furtos frequentes às lojas e aos pedestres na rua.
Revitalização
Em linha com os desejos dos comerciantes, a PBH anunciou, em junho do ano passado, uma nova reforma na Praça JK, equipamento fundado em 1990. A última foi feita em 2019.
Apesar de o Parque oferecer diversas opções de lazer como pista para caminhada, quadra de futebol, playground e área de ginástica, ainda podem ser observadas diversas demandas de manutenção e melhora no local para que se torne um espaço acessível, seguro e com possibilidade de múltiplos usos. Algumas dessas necessidades citadas pela prefeitura são: a calçada do parque, que deverá ser reformada e ter sua acessibilidade adaptada e pavimento recuperado; a pista de caminhada; pisos, acessos e circulação dentro do parque; e áreas verdes.
Procurado pela reportagem, o Executivo municipal informou que o projeto está em elaboração, com previsão de conclusão no primeiro semestre de 2025. Depois desse período, será aberto o edital de licitação para início das obras.