INVESTIGAÇÃO

Ex-policial civil é suspeito de ter matado delegado em Sete Lagoas

Suspeito de matar delegado Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, teria sido expulso da Polícia Civil de Minas Gerais e nutria desavença contra a vítima desde então

Sílvia Pires
23/05/2024 13:33
Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, era delegado aposentado. O crime aconteceu em Sete Lagoas -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, era delegado aposentado. O crime aconteceu em Sete Lagoas - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

crédito: Reprodução/Redes Sociais

Um ex-policial civil é o principal suspeito de ter matado o delegado aposentado Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, encontrado morto e queimado dentro de sua própria casa em Sete Lagoas, na Região Central de Minas. A informação foi confirmada pela Polícia Civil de Minas Gerais na manhã desta quinta-feira (23/5).

 

O crime seria motivado por vingança depois de o delegado ter participado do processo administrativo que determinou a exclusão do suspeito do quadro da corporação. A Polícia Civil, no entanto, não detalhou quando isso ocorreu e o que motivou a exclusão. A corporação disse apenas, por meio de nota, que o fato ocorreu “face à prática de transgressão disciplinar de natureza grave”. O suspeito segue foragido.

 

No boletim de ocorrência, ao qual o Estado de Minas teve acesso, já havia a suspeita de que o autor era um ex-agente da corporação. Os policiais que atenderam a ocorrência identificaram a semelhança em imagens do circuito de segurança da casa e mostraram uma foto à cuidadora do idoso, que estava no local e chegou a ser ameaçada por ele. “Foi mostrada uma fotografia à testemunha a qual identificou o suspeito de imediato”, diz o documento.

 




‘Está me devendo tem 18 anos’


À cuidadora do delegado aposentado, que estava acamado e dependia de apoio 24 horas por dia, o suspeito deu a entender que a motivação era por um fato ocorrido há 18 anos. “Meu problema não é com você, sai daqui, meu problema é com ele que está me devendo tem dezoito anos”, disse à mulher depois de ameaça-la de morte para entrar na casa, conforme detalha o boletim de ocorrência.


De acordo com o registro, por volta de 12h, o homem interfonou na residência e se apresentou como entregador da farmácia, dizendo que teria uma encomenda para o ex-policial. Desconfiada, a mulher relutou em abrir o portão, porém, ao se aproximar foi ameaçada: “Abre aqui senão eu vou te matar”, disse em depoimento à polícia.

 

O suspeito foi descrito por ela como um homem de cerca de 40 anos, pardo, e com aproximadamente 1,80 metros de altura. Em uma das mãos, ele levava uma caixa e uma garrafa semelhante a desinfetante e na outra uma faca tipo facão. Depois que ele entrou na casa, a mulher fugiu em busca de socorro e uma pessoa que passava pela rua acionou a polícia.

 

Acamado, o delegado foi esfaqueado e queimado dentro do próprio quarto. No local, a perícia identificou uma substância semelhante a gasolina e uma caixa de papelão de cerca de 30x20, vazia em cima de um móvel. O celular da vítima foi levado pelo suspeito.

 

Após o crime, o suspeito, que vestia um colete preto com alças e usava um capacete aberto, levantado sob a cabeça ao entrar na casa, fugiu em uma motocicleta e ainda não foi localizado. De acordo com o boletim de ocorrência, uma testemunha viu uma motocicleta pequena, de 125 cilindradas fugindo do local, por volta de 12h15. 

 

Saúde debilitada

 

Hudson estava acamado há cerca de oito meses depois de sofrer um derrame. Desde então, ele era acompanhado por quatro cuidadoras, 24 horas por dia. À polícia, a esposa do delegado disse que as profissionais tinham "determinação clara para não abrir o portão para estranhos". Ainda assim, ela disse que Hudson não tinha desavenças e nem dividas, e acrescentou que ele não sofria ameaças.

 

O velório do delegado aposentado, pai de Hudson Maldonado Filho, atualmente delegado-chefe da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), do Distrito Federal, ocorre nesta quinta-feira (23/5), no Cemitério Municipal Santa Helena, em Sete Lagoas

     

    O caso é investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais, que segue em busca do suspeito. "Todos os esforços são empreendidos visando localizar o envolvido", disse por meio de nota.

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