O ex-policial civil suspeito de matar o delegado aposentado Hudson Maldonado, em Sete Lagoas, se entregou à polícia na manhã desta sexta-feira (24). Rodrigo César Costa Barbosa, de 52 anos, estava foragido desde a noite de quinta-feira, quando um mandado de prisão preventiva foi expedido pela Polícia Civil. A principal suspeita é de que o crime tenha sido cometido por vingança. Em depoimento, o suspeito disse que não pretendia matar o delegado e sim agredi-lo.

 

O corpo de Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, foi encontrado completamente carbonizado dentro da própria casa, na manhã da última quarta-feira (22). Há a suspeita de que antes de atear fogo na vítima, Rodrigo tenha esfaqueado Hudson. Em depoimento aos investigadores, o suspeito informou que entrou na casa com uma faca, que seria utilizada para ameaçar a cuidadora do idoso.

 

 

Segundo a delegada responsável pelo caso, ainda não é possível afirmar se a faca foi efetivamente utilizada no crime, já que o corpo foi carbonizado, o que dificulta o laudo da perícia. “Não posso dizer com certeza se houve facada porque o laudo de necropsia ainda não está pronto”, informou Fernanda Mara de Assis Costa, delegada da Divisão de Homicídios, em entrevista coletiva para jornalistas nesta sexta.

 

Motivo foi vingança

 

O suspeito se apresentou à polícia sozinho, sem a presença de um advogado. No depoimento, disse que suspeitava ter um mandado de prisão aberto em seu nome. Informou também que se escondeu por três dias e que não gostaria de continuar nessa condição.

 



 

De acordo com a delegada, o crime foi cometido por vingança relacionada a um acontecimento ocorrido há 18 anos. Na época, o então policial civil Rodrigo César perdeu o cargo após ser descoberto que ele extorquia dinheiro de uma idosa. Hudson Maldonado, que também era advogado criminalista, foi quem defendeu a mulher no tribunal.

 

Rodrigo, então, foi denunciado e respondeu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) da Polícia Civil em decorrência de uma “transgressão disciplinar de natureza grave”. Em seguida foi expulso da corporação.

 

“O investigado entrou com uma ação de reintegração de cargo e perdeu nas duas instâncias. E na semana passada ele teve uma derrota no STJ. Isso reavivou toda a mágoa e sentimento de rancor que tinha contra o Hudson”, explica a delegada.

 


Ainda no depoimento, o suspeito afirmou que não pretendia matar a vítima. O combustível usado no crime, que fora deixado em um terreno próximo à casa do delegado aposentado dias antes, seria utilizado para atear fogo na residência caso não conseguisse entrar.

 

Segundo a delegada do caso, Rodrigo disse que queria apenas agredir a vítima. “Segundo as declarações, ele foi tomado pela emoção do momento e acabou usando o combustível, que, nas palavras dele, foi muito além do que ele imaginava que seria”, relatou.

 

Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, era delegado aposentado. O crime aconteceu em Sete Lagoas

Reprodução/Redes Sociais

 

A dinâmica do crime

 

Segundo o boletim de ocorrência do caso, que o Estado de Minas teve acesso, o suspeito tocou o interfone da casa de Hudson por volta de 12h e se apresentou como entregador de uma farmácia. A cuidadora do idoso, desconfiada, relutou em abrir o portão, mas foi ameaçada pelo suspeito, que ordenou “abre aqui senão vou te matar”. A partir do depoimento desta sexta-feira, foi esclarecido que o suspeito entrou na casa armado com uma faca.

 

Dentro da residência, o homem disse para a cuidadora “meu problema não é com você, sai daqui. Meu problema é com ele, que está me devendo há dezoito anos”. O suspeito seguiu então para o quarto onde o idoso estava acamado. Desde que sofreu um derrame, há cerca de oito meses, Hudson vivia com sequelas e era acompanhado 24 horas por dia.

 

 

A Polícia Civil não confirma se, na sequência, o delegado aposentado foi esfaqueado ou não. O que se sabe até o momento é que o corpo foi completamente carbonizado. No local, a perícia identificou uma substância semelhante a gasolina e uma caixa de papelão.

 

A moto utilizada pelo suspeito para fugir do local do crime foi encontrada pela polícia abandonada em um terreno baldio próximo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Também foi encontrado um capacete, que foi recolhido para perícia.

 

O corpo de Hudson foi sepultado nessa quinta-feira (23/5) no Cemitério Municipal Santa Helena, em Sete Lagoas.

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