Os corpos das três vítimas da chacina em uma festa de aniversário infantil, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram liberados pelo Instituto Médico Legal (IML) da capital, no início da noite desta sexta-feira (24/5). Heitor Felipe Moreira de Oliveira, de 9 anos, Laysa Emanuele, de 11 anos e Felipe Moreira, de 26 anos, serão velados neste sábado (25/5), em Santa Luzia, também na Grande BH.

 

A chacina aconteceu no fim da festa de aniversário de Heitor Felipe e sua irmã, em um sítio no Bairro Areias de Baixo. Izaltina Luciana Moreira, mãe e avó de duas vítimas, conta que dois homens aproveitaram que o portão do sítio estava aberto e entraram no local, já disparando as armas, “sem olhar em quem estavam atirando”. De acordo com o boletim de ocorrência, o alvo do ataque era Felipe, pai dos aniversariantes, que tinha envolvimento com o tráfico de drogas na região do Bairro Morro Alto, em Vespasiano, também na Grande BH.

 

Felipe foi atingido, ao menos, doze vezes pelos disparos e morreu no local. Ainda conforme o registro, ele estava em guerra com traficantes do Bairro Bela Vista, em Santa Luzia. Os traficantes queriam que a vítima passasse a comercializar os entorpecentes fornecidos por eles. Felipe e a família já estavam recebendo ameaças de morte há alguns meses.

 



 

Além do homem, Heitor e Laysa, outras três pessoas foram baleadas e encaminhadas a uma unidade de saúde, entre elas uma adolescente, de 13 anos, atingida na canela, uma jovem, de 19, ferida na nádega e uma mulher, de 41, baleada nas costas e cintura.

 

Durante o crime, Izaldina e a vítima de 41 anos entraram em luta corporal com um dos atiradores, posteriormente identificado como um homem, de 23 anos, para tentar impedir que os tiros fizessem mais vítimas. A mulher narrou para a Polícia Militar que, durante o embate, o segundo homem passou a disparar contra elas.

 

Horas depois do crime, o homem de 23 anos, reconhecido pelas testemunhas, deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Contagem, com ferimentos de disparos de arma de fogo no joelho, tórax e quadril. A polícia acredita que o suspeito foi atingido pelo próprio comparsa durante a luta corporal com as mulheres que tentaram impedir o ataque.

 

O suspeito foi transferido para o Hospital Municipal de Contagem, onde segue internado sob escolta policial. O segundo homem, de 26 anos, apontado como autor dos disparos, ainda não havia sido localizado, até o fechamento desta edição.

 

Sonhos interrompidos

 

Em suas redes sociais, Heitor Felipe compartilhava sua trajetória no esporte e afirmava que não iria desistir do sonho de ser atleta. Ao Estado de Minas, Tamyres Moreira, tia do menino, contou que, como a maioria da família, ele era Cruzeirense, mas vestia a camisa alvinegra para jogar “com amor e orgulho”. “Nós sempre brincávamos com ele com essa diferença dos times, de torcer para o rival do que estava jogando, mas ele sempre respondia que era ‘trabalho.”

 

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Além de apaixonado por futebol, Heitor também amava a família. A tia lembra com carinho que se fosse por ele, levantava às 5h para ir treinar e quando pedia a benção dos familiares sempre dava um beijo na mão da pessoa.

 

“Ele não tinha preguiça, o negócio dele era a bola desde que se entendia por gente. Ele nunca brincou de outra coisa. Não é porque é meu sobrinho, mas ele é uma criança iluminada. Um menino educado”, recorda.

 

Assim como o primo mais novo, Laysa Emanuele também tinha um sonho de carreira e queria ser advogada. Segundo a tia, Luna Milla, a menina era estudiosa e “nunca dava trabalho”. O irmão de Laysa também estava na festa. No momento do atentado ele teria corrido para um banheiro para se proteger. “Ela era uma menina boa, alegre e extrovertida. Perdeu a vida muito cedo, ninguém esperava uma tragédia dessa acontecer.”

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