A stalker Kawara Welch Ramos de Medeiros, de 23 anos, vem ganhado milhares de seguidores nas redes sociais após virar notícia nesta semana em decorrência de sua prisão, em 8 de maio. A jovem — acusada de perseguir durante cinco anos um médico e sua família em Ituiutaba — está custodiada na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

 

Welch contabilizava no Instagram cerca de 2 mil seguidores e, até o fechamento desta publicação, ela, que se identifica como artista plástica, já tinha quase 11 mil pessoas a seguindo na rede social. Nas postagens, Kawara tem recebido elogios por sua aparência, além de comentários, em tom de humor, fazendo menção ao motivo que levou à prisão dela.

 



 

Kawara Welch vem ganhado milhares de seguidores nas redes sociais

Instagram/Reprodução

 

“Pode me stalkear à vontade”, escreveu um seguidor. “Me segue”, pediu outro. “Caso queira me perseguir, venha agora”, brincou um internauta. “Casa comigo”, disse outro. Kawara também foi qualificada como “perfeita” e chamada de “diva” pelos seguidores.

 

A defesa de Kawara entrou com um pedido de habeas corpus nesta sexta-feira (24/5) junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Na última terça (21/5), a Justiça negou a soltura dela. Ao proferir a sentença rejeitando o pedido da defesa, o juiz André Luiz Riginel da Silva Oliveira, da Comarca de Ituiutaba, destacou que Welch, “por reiteradas vezes, descumpriu medidas cautelares diversas da prisão”. Por isso, o magistrado entendeu que a “decretação da prisão preventiva se mostrou absolutamente necessária”.

 

Outro ponto considerado para manter Welch presa foram os descumprimentos de medidas protetivas ao longo do mês de janeiro de 2023 — quando, em março daquele ano, teve a prisão preventiva decretada, permanecendo foragida até ser capturada em maio deste ano. O magistrado também não acatou o pedido de conversão para prisão domiciliar feito pela defesa sob alegação de que Welch tem problemas de saúde.

 

Mais de 500 ligações em um dia

A stalker Kawara Welch soma 12 passagens pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), registradas entre 2021 e 2023. Além de casos de assédio e importunação, a mulher está sendo investigada por roubo e descumprimento de medidas protetivas.

 

Segundo o médico, Kawara tratava uma depressão com ele e teria começado a persegui-lo em 2019. Alegando estar apaixonada, a jovem tentou iniciar um relacionamento amoroso com o profissional. Quando ele recusou, ela chegou a enviar mensagens simulando enforcamento com uma corda. A stalker ainda ameaçou enviar conversas entre eles para a esposa dele. Em um dia, a jovem mandou 1.300 mensagens e fez mais de 500 ligações.

 

Além disso, após ele parar de atendê-la, ela começou a fazer ameaças e a ligar para os familiares do profissional. O médico e sua esposa registraram 42 boletins de ocorrência por perturbação do sossego, ameaça e extorsão.

 

A vítima disse que Kawara já apareceu em congressos em outras cidades e a perseguiu no trânsito. Em uma das ocasiões, a jovem invadiu o consultório enquanto o médico atendia uma paciente e agrediu a esposa dele.

 

Kawara também furtou o celular da esposa do médico dentro da clínica, o que levou a Justiça a expedir um mandado de prisão contra ela.

 

Defesa diz que Kawara e médico tiveram relacionamento

A defesa da jovem afirmou que eles tiveram um relacionamento. Supostos registros de conversas em aplicativos de mensagens foram anexados ao processo (veja aqui).

 

“Boa tarde, quero te ver antes de você voltar para Uberlândia. Saudades demais. (...) Vou te encher de beijos e abraços”, teria escrito o médico em uma das supostas mensagens enviadas para Kawara por meio WhatsApp. Ainda de acordo com a defesa, a mulher do médico também mandou mensagens à jovem fazendo ameaças: “Ele pode não ficar comigo, mas ele não vai ficar com você, sua vagabunda.”

 

O que é stalking?

A palavra em inglês deriva do verbo "stalk", que corresponde a perseguir. O crime consiste em uma forma de violência na qual o sujeito invade repetidamente a esfera da vida privada da vítima, por meio da reiteração de atos de modo a restringir sua liberdade ou atacar sua privacidade ou reputação.

 

No Brasil, a prática passou a ser considerada criminosa em março de 2021. A pena para o crime de stalking prevista no Código Penal brasileiro é de seis meses a dois anos de reclusão e multa.

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