Uma 'infestação de gatos' em um terreno no Bairro Glória, na Região Noroeste de Belo Horizonte, preocupa moradores do entorno pelo bem-estar dos animais e pelas condições sanitárias. De acordo com vizinhos, são dezenas de gatos e alguns cachorros no lote, que aparenta estar em situação precária, e a quantidade só aumenta.

 

Além de os animais reproduzirem, pessoas estão abandonando outros bichos no local porque sabem que moradores colocam ração e água diariamente na calçada, conta Patrícia Ribeiro, que mora ao lado do lote.

 



Registros feitos por moradores mostram diversos gatos reunidos do lado de fora do terreno, que é cercado por um muro improvisado de tela de arame e plantas. A reportagem do Estado de Minas esteve no local e avistou gatos dentro e fora do lote, que é tomado por plantas e repleto de lixo. Além disso, o terreno é tomado por forte cheiro de podre. Na calçada em frente, havia potes de água e grãos de ração no chão.


Além da quantidade, os animais chamam atenção por apresentarem deformidades, como falta dos olhos. Nas mídias sociais, pessoas denunciam a situação. "Não sabemos se foram mutilados ou se é só má-formação mesmo", diz um dos relatos.

 

De acordo com Carla Moreira, que trabalha em uma oficina próxima do terreno, não há indícios de maus-tratos, a má-formação nos gatos aparenta ser genética. Na oficina, os mecânicos descrevem a situação como “infestação de gatos”. Os trabalhadores do local dizem que a quantidade é um incômodo porque os animais defecam no espaço da oficina. 

 

 

Vários dos gatos que ficam no terreno apresentam má formação nos olhos. Nas redes sociais, alguns moradores desconfiam de mutilação

Túlio Santos/EM/D.A.Press


Patrícia Ribeiro mora ao lado do lote há quatro meses e conta que são pelo menos 20 gatos e uma dezena de cachorros que ficam dentro da casa em por isso, não são vistos. No entanto, o total varia porque vários animais morrem atropelados ou aparentemente envenenados.

 

“Matam no mínimo cinco ou seis gatos por semana. Meu coração dói”, diz a moradora do bairro, que adotou um dos cachorros que estava no terreno. “Quando eu peguei a Angelina [a cachorra], ela estava só pulga, sarna e carrapato”, diz. 


Ela relata que os vizinhos se unem para colocar comida e água fresca todo dia e até acolhem alguns dos animais, mas é impossível ajudar todos. Os moradores ouvidos pela reportagem disseram que não sabem se a zoonose ou o executivo municipal foi acionado.

 

 

Moradores da região alimentam os gatos

Reprodução redes sociais


 

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Moradora

Além da apreensão com o bem-estar dos bichos, Patrícia diz que a quantidade de gatos e cachorros é preocupante porque no “lote dos gatos”, em uma casa simples, mora uma senhora de 92 anos. 


O Estado de Minas conversou com a moradora, que estava andando pelas ruas do bairro com uma sacola de ração nas mãos. Apesar da idade, a idosa se esforça para acolher e cuidar de todos os animais. “Esses dias jogaram uma sacola plástica com cinco filhotes de cachorro por cima do muro”, diz a senhora, que no início tinha apenas um gato e um cachorro.


Apesar de reconhecer que são muitos bichos, a idosa diz com convicção que “isso não me atrapalha. Não me aborreço, por isso vivi esse tanto”. Ela conta que nunca faria isso com outra pessoa, mas já que acontece com ela, decide tratar dos animais. A senhora, que diz morar na região há 60 anos, acredita que com a possível construção de um muro a quantidade de animais deve diminuir. 


O EM entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte para apurar se a situação era de ciência do executivo municipal. Em resposta, a PBH afirmou que “uma equipe de zoonoses irá ao local para verificar a situação. Cabe ressaltar que abandono e maus-tratos de animais é crime e deve ser denunciado à Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Fauna de Minas Gerais”.


*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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