Há mais de dois meses, a família de Daniel Carvalho de Andrade aguarda por respostas da Justiça. O skatista foi morto por um sargento do Exército Brasileiro, que era vizinho dele, em março, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. O militar alegou que Daniel estava agredindo a mãe e interviu para evitar uma situação pior. No entanto, os dois entraram em uma briga, até que a vítima foi baleada.


Só que a história apresenta uma série de versões. No registro policial do crime, foi apontado que Daniel tinha passagem por violência doméstica contra a mãe. Essas acusações já se mostraram falsas, inclusive pela própria delegada que investiga o caso, em entrevista ao Estado de Minas.


Com esse choque de versões, inclusive dentro do inquérito, a família está inquieta. Segundo o advogado da família de Daniel, Heber Perotti Honori, o inquérito deveria ter sido concluído em meados de abril, o que não aconteceu, e a Polícia Civil (PCMG) não pediu o alongamento do prazo.

 




“Até a presente data, não foi concluído o inquérito nem foram realizadas ou complementadas as perícias criminais na forma sugerida pela família da vítima. Essa demora traz para a sociedade uma sensação de insegurança e injustiça, sobretudo agora que o investigado vem descumprindo o dever de manter seu endereço atualizado no Judiciário”, disse o advogado.


Os amigos de Daniel fizeram um abaixo-assinado e um protesto contra a demora na finalização do inquérito.


“A família vem acompanhando com preocupação a demora da autoridade policial em concluir o inquérito, sobretudo porque o boletim de ocorrência trouxe informação falsa a respeito da vítima ser autora de crimes de violência doméstica. O prazo legal para conclusão do inquérito já se esgotou. Fatos graves apontados pela família da vítima no inquérito policial precisam ser investigados, mas não houve movimentação do Poder Público neste sentido. A sociedade deseja justiça”, salientou o advogado.


Para a mãe de Daniel, cada dia que passa, o sofrimento aumenta, diante da falta de resposta do poder público.

 

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“Meu filho foi assassinado por quatro disparos de arma de fogo feitos na minha presença. Seu nome foi caluniado no boletim de ocorrência sob a falsa acusação que ele teria me agredido e seria autor de crimes de violência doméstica contra mim, só para favorecer a tese de legítima defesa inventada pelo acusado. Agora, para agravar minha dor, essa a demora do Estado em dar uma resposta satisfatória a tantas omissões das perícias criminais apontadas pelo meu advogado no inquérito policial. Desejo apenas justiça”, disse Inara Teixeira de Carvalho.


Em nota, a Polícia Civil informou que o processo está transcorrendo na normalidade. “Segundo a delegada responsável, Camila Miller, todas as medidas necessárias estão sendo tomadas para elucidar os fatos”, informou o órgão.

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