A delegada Gislaine ressalta o fato de ter apurado o crime em menos de 24 horas -  (crédito: Ivan Drummond/EM/D. A. Press)

A delegada Gislaine ressalta o fato de ter apurado o crime em menos de 24 horas

crédito: Ivan Drummond/EM/D. A. Press

Um falso médico, de 37 anos, que atuava em uma clínica no Barreiro de Baixo, em Belo Horizonte, há seis anos, foi preso pela Polícia Civil, nessa segunda-feira (3/6). O caso é investigado pela Delegacia Regional do Barreiro, a partir de uma denúncia recebida na manhã do mesmo dia. Identificado pela polícia apenas como Bruno, o homem é fisioterapeuta e proprietário da clínica CME FIT - Clínica Médica do Esporte.

 

As investigações são coordenadas pela delegada Gislaine Rios, que contou que imediatamente depois de receber a queixa, determinou que os investigadores Alan Ribeiro e Judson Santo e o inspetor Glaicon Monteiro, fossem até a clínica.


 

“Eles até esperaram que o falso médico terminasse um atendimento. Pediram a documentação e foi descoberto que ele não possuía registro do Conselho Regional de Medicina (CRM). Apresentou o certificado do Conselho Federal de Fisioterapia, que, no entanto, não lhe permite trabalhar como médico para procedimentos nas áreas de terapia ortomolecular, medicina do esporte, ortopedia, traumatologia e emagrecimento”, diz a delegada.


Logo nas primeiras investigações, ainda na clínica, os policiais descobriram que Bruno utilizava CRM de médicos já falecidos, de outros estados e de médicos inativos. “Ele tinha carimbos que aplicava em receitas, sempre com CRMs falsos. O fisioterapeuta utilizava, na maioria das receitas, um carimbo de um médico de Alagoas, cujo primeiro nome é o mesmo seu e a primeira letra do sobrenome também é igual á dele”, conta ela.


Até o momento, foram identificadas três vítimas, mas a delegada acredita que possam existir muito mais. “Esperamos que a partir de agora outras pessoas nos procurem”, diz a delegada Gislaine.


Ela diz que, na maioria dos casos, as vítimas eram atraídas por ele cobrar bem menos que clínicas especializadas em emagrecimento. “Normalmente, um tratamento custa, em média, R$ 20 mil. Ele cobra R$ 7 ou R$ 8 mil, ou seja, muito mais barato.”


Antes de ser preso, o falso médico Bruno tentou se safar da cadeia, apresentando diplomas de cursos de EAD (Educação à Distância), mas isso, segundo a delegada Gislaine, não é aceito nem permitido por lei. “Não é aceito nem pelo Conselho Federal de Fisioterapia”, diz ela.


“Ele não tem habilitação para exercer a profissão de médico. Está sendo indiciado pelos crimes de falsidade ideológica, exercício ilegal da profissão e estelionato”, afirma a delegada. A clínica funciona há seis anos e o diploma de fisioterapeuta é de 2011.

 

Denúncias

 

Uma paciente, que procurou a clínica onde ele atuava, no Barreiro, teve complicações graves após ser submetida a uma harmonização íntima e depois a um procedimento para reverter a primeira intervenção. A vítima foi a primeira a procurar a polícia para dar queixa sobre o falso médico.

 

Segundo a delegada, entre as arbitrariedade cometidas pelo falso médico, está também o fato de ele fazer infiltrações para tratar problemas ortopédicos. “Pelo que tomamos conhecimento, ele fazia atendimento não só para emagrecimento, mas também medicina do esporte e chegou a fazer infiltrações em clientes.”


Uma das pacientes que apresentaram denúncia contra o falso médico, segundo a delegada Gislaine, corre o risco de ter de fazer uma cirurgia para colocação de uma prótese no joelho. Segundo a paciente, o homem fez uma infiltração no local e, a partir daí, passou a sentir muitas dores. “Ela procurou um outro médico que a informou que o joelho está comprometido e há risco de ser necessária uma cirurgia para reparar o dano causado”, relatou a delegada.

 

A policial disse ainda ter ficado impressionada com uma injeção encontrada na clínica, que era do tamanho de um antebraço.


"Além disso, conseguimos receitas dadas pelo fisioterapeuta, de medicações controladas, que eram receitadas rotineiramente para os pacientes. Isso demonstra, ainda, que os pacientes corriam um alto risco”, diz a delegada.

 

A clínica CME Fit - Clínica Médica do esporte amanheceu fechada nesta terça-feira. Segundo vizinhos, duas mulheres estiveram no local, no entanto, não conseguiram entrar e forma embora.

 

A reportagem procurou o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), responsável por fiscalizar a atuação das clínicas médicas, e aguarda um posicionamento.