Fachada do Edifício Acaiaca, na avenida Afonso Pena -  (crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Fachada do Edifício Acaiaca, na avenida Afonso Pena

crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

O icônico Edifício Acaiaca, marco arquitetônico no Centro de Belo Horizonte, deve ganhar mais duas atrações nos próximos meses. A construção de 1947 passa por um processo de revitalização que promete transformá-lo em um novo ponto turístico da capital. Além do recém-inaugurado Mirante com vista panorâmica, fazem parte do plano diretor a instalação de uma tirolesa e a abertura do bunker, construído durante a Segunda Guerra Mundial, para visitação.


“Tudo isso faz parte do planejamento que foi aprovado em 2017 pelo Patrimônio Histórico do município, não é nada imaginativo”, garante Antônio Rocha Miranda, de 86 anos. Contador por formação, ele assume há anos a função de síndico e administrador do condomínio do Acaiaca. "O objetivo é revitalizar o hipercentro de BH. Quando o Acaiaca foi construído na década de 1940, ele foi o dínamo propulsor da verticalização da cidade, e nós queremos que ele adquira um papel importante nessa revitalização."


Antônio acompanha o edifício desde criança, quando veio com sua família do interior de Minas para a capital, e tem um vínculo sentimental com ele. “Aqui eu estudei e trabalhei, então eu devo muito a Belo Horizonte. O que eu faço hoje é uma retribuição a cidade por tudo que conquistei. Eu quero que o Acaiaca volte ao brilho de 1950, quando eu o conheci”, projeta o administrador do edifício.

 

 

Projetado pelo arquiteto Luiz Pinto Coelho, em 1943, e inaugurado quatro anos depois, o arranha-céu está intimamente ligado à história da capital. “Aqui já teve de tudo. Faculdade da UFMG, coral e até a TV Itacolomi funcionaram no prédio”, relembra Antônio. O edifício, localizado na esquina entre as ruas Espírito Santo, Tamóios e Avenida Afonso Pena, testemunha o vai e vem da região mais movimentada da cidade há oito décadas, e agora, vai receber atrações que prometem adrenalina ao mesmo tempo que resgatam o legado de BH. 


Tirolesa

Segundo Rocha, a tirolesa planejada integra o plano de transformar o Edifício Acaiaca num “mini Empire State mineiro”, alusão que remete ao arranha-céu de 102 andares no centro de Manhattan, em Nova York. A estrutura sairá do 30º andar, o último, a uma altura de 120m, levando os aventureiros em uma descida até o Parque Municipal.  

 

 

Embora já aprovada pelo município, a instalação da tirolesa ainda não tem data prevista. “O projeto já existe, mas precisa de apoio de autoridades para se concretizar. É evidente que há coisas que fogem ao alcance da atual diretoria. Estamos aguardando os trâmites burocráticos”, explica o administrador do prédio.


Bunker

Além da atração radical, o síndico chama atenção para a abertura ao público de um espaço histórico, até então pouco conhecido. Em breve, o edifício deverá inaugurar um bunker construído na época da Segunda Guerra Mundial. “Durante o regime presidencial de Getúlio Vargas, havia um decreto que definia que prédios de uma determinada altura deveriam ter um abrigo antiaéreo, contra possíveis bombas atiradas pelos países do eixo”. O Acaiaca se enquadrava nisso. O jeito então foi construir um bunker no prédio, que apesar da necessidade, nunca foi usado. 

 


“Nós já recuperamos duas unidades do bunker, que estava funcionando como depósito do condomínio”, explica Antônio. O espaço revitalizado tem cerca de 200 m². Diferentemente da tirolesa, a abertura do abrigo para visitação já está em vista. Antônio estima o prazo em torno de 60 dias. “A ideia é fazer um circuito cultural”, sonha. 


Curiosidades sobre o Acaiaca

- Os elevadores originais chegam “apenas” até o 25º andar, enquanto o prédio possui 30 pavimentos. Para adentrar nos andares restantes da parte superior do edifício, é preciso usar a escada.

- O Acaiaca recebeu a primeira sede da TV Itacolomi, fundada por Assis Chateaubriand em 1955. Afiliada à Rede Tupi de Televisão, a emissora fazia parte do Diário Associados.

- O edifício já abrigou a Faculdade de Filosofia da UFMG e a sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Minas Gerais.

- Antes de ser Acaiaca, a área era ocupada por uma igreja metodista, construída 38 anos antes.

- Lá, também existia o famoso cinema Acaiaca, que atraía inúmeros espectadores. O local tinha capacidade para cerca de 900 pessoas e foi desativado ao fim da década de 1990.

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos