Thaynara fez procedimentos para substituição de prótese nas mamas e uma abdominoplastia -  (crédito: Reprodução redes sociais)

Thaynara fez procedimentos para substituição de prótese nas mamas e uma abdominoplastia

crédito: Reprodução redes sociais

A morte de Thaynara Braz, de 28 anos, completa uma semana nesta quarta-feira (5/6). A jovem morreu depois de passar por dois procedimentos estéticos em uma clínica na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. Em entrevista ao Estado de Minas, o irmão dela, Talison Tulio Braz, informou que a família pretende entrar na Justiça contra os responsáveis pela cirurgia.


“Fizemos o boletim na Polícia Civil (PCMG) nesta semana e o encaminhamos ao advogado. Minha irmã não volta mais, mas não podemos deixar essa clínica do jeito que está”, diz Talison. O irmão mais velho de Thaynara diz que recebeu cerca de 15 relatos denunciando experiências negativas na Clínica HD Bellagio ou com o profissional que realizou os procedimentos, que responde a oito processos por suposto erro médico, de acordo com a advogada das vítimas. 


Diante da quantidade de relatos recebidos e noticiados, Talison desabafa que o local “não é uma clínica, é uma indústria”. O irmão da jovem, que deixou três filhas, acredita que o estabelecimento se preocupa mais com o lucro do que com a saúde das pacientes. O Estado de Minas ouviu outras três mulheres que denunciaram o médico por negligência.

 


Morte de Thaynara


Talison declara que a falta de uma UTI ou ambulância de apoio no local foi uma das responsáveis pela morte da irmã. Thaynara fez procedimentos para substituição de prótese nas mamas e uma abdominoplastia. À polícia, o proprietário do estabelecimento disse que a cirurgia tinha sido “um sucesso”, mas, na madrugada de quarta-feira, a moça foi atendida às pressas no local após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Ela foi reanimada por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas faleceu depois de uma segunda parada cardíaca. 


Ainda segundo Talison, a irmã não recebeu o devido apoio diante das dores que estava sofrendo após a cirurgia e sequer havia médico plantonista na madrugada do acontecido. “Eles apenas cruzaram os braços”, relata, indignado.


Thaynara morava na Bélgica e chegou ao Brasil poucos dias antes do procedimento. A recomendação pelo médico foi feita por uma prima. De acordo com o irmão, o procedimento estava marcado para 28 de junho, porém a vítima confundiu as datas e teria ligado confirmando a cirurgia para 28 de maio, e a clínica disse que tinha vaga e encaixou a jovem. Ainda de acordo com Talison, antes do procedimento, a irmã tentou acalmá-lo argumentando que a clínica possuía UTI. “Ela também foi enganada”, desabafa.


O irmão mais velho da jovem conta que teve acesso ao celular dela após a morte e alega que se deparou com uma conversa de Thaynara com uma amiga, que também iria realizar um procedimento, comentando sobre o fato de a responsável pela clínica ter negado o envio do CRM do médico, argumentando que era um documento sigiloso. A reportagem entrou em contato com a clínica para pedir um posicionamento, mas ainda não recebeu resposta.


“A gente fica nessa revolta e, por isso, acionamos a Justiça. Até como uma forma de alertar outras mulheres”, diz Talison. A família de Thaynara ainda vai decidir se o processo será contra o médico, a clínica ou ambos. Eles aguardam o parecer da Polícia Civil, que instaurou inquérito e prossegue com a realização de oitivas e demais diligências necessárias. A corporação aguarda também a conclusão de laudos periciais.


HD Bellagio


Após a morte de Thaynara, em nota, a HD Bellagio lamentou a morte da paciente e informou que os procedimentos pré e pós-operatórios foram conduzidos conforme os protocolos médicos. "Tanto o médico responsável pela cirurgia quanto o hospital permanecerão cooperando plenamente com as autoridades competentes para esclarecer todas as circunstâncias", diz o texto, que ressalta que o prontuário médico é sigiloso e que a perícia confirmará a causa da morte.


O Estado de Minas entrou em contato para solicitar um posicionamento. Em resposta, o local afirmou que "conta em sua estrutura, assim como em seus blocos cirúrgicos, com todos os equipamentos necessários ao atendimento de urgência e emergência, contando com o convênio Cirurgia Segura, que garante a transferência do paciente em caso de necessidade para hospitais de referência, de acordo com a necessidade do paciente". Além disso, a HD Bellagio afirmou que Thaynara recebeu atendimento da médica de plantão, da enfermeira e da técnica de enfermagem. 

 

O estabelecimento também afirmou em nota que, seguindo o protocolo de transferência de pacientes para atendimento de urgências, "a equipe médica acionou o Samu e a ambulância do CTI, para transporte da paciente ao centro de tratamento intensivo. Ressalta-se que não há obrigatoriedade de leito de CTI ou UTI, embora, conforme esclarecido, o Hospital Bellagio conte com toda a estrutura inerente ao tratamento intensivo de seus pacientes."

 

A HD Bellagio disse não ter conhecimento de 08 ações ajuizadas e que, nas que estão em andamento, "em nenhuma delas foi comprovada a culpa e responsabilidade do Hospital Bellagio ou do médico".


Leia a nota na íntegra:

 

Inicialmente ao contrário do afirmado na reportagem não se trata o Hospital Bellagio de uma clínica, como afirmado, mas de um hospital que atende o segmento de cirurgias plásticas, de alto padrão, que permite ao médico oferecer a seus pacientes uma estrutura que reúne tecnologia de ponta e profissionais.


 Esclareça-se, ainda, que o Hospital conta em sua estrutura, assim como em seus blocos cirúrgicos, com todos os equipamentos necessários ao atendimento de urgência e emergência, contando com o convênio Cirurgia Segura, que garante a transferência do paciente em caso de necessidade para hospitais de referência, de acordo com a necessidade do paciente.


 Neste sentido, conforme já esclarecido em nota, na data de 28/05 às 09h00min, a Sra. Thaynara Braz Alves, iniciou a cirurgia de Mastopexia com Prótese e abdominoplastia, tendo as cirurgias ocorrido no HD BELLAGIO sem complicações e seguindo todos os protocolos médicos. Todos os exames pré-operatórios foram devidamente realizados, bem como colhido o consentimento da paciente, no qual consta os riscos existentes, inclusive de óbito, obrigação do paciente de informar condições de saúde, não se omitindo quanto a fatos relevantes. 


Próximo das 05h30min, do dia 29/05, a paciente teve uma parada cardiorrespiratória, tendo a equipe médica do HD BELLAGIO, médica de plantão, enfermeira e técnica de enfermagem, conseguido realizar a sua reanimação com sucesso e não o SAMU.


 Como protocolo de transferência de pacientes para atendimento de urgências, a equipe médica acionou o Samu e a ambulância do CTI, para transporte da paciente ao centro de tratamento intensivo. Ressalta-se, que não há obrigatoriedade de leito de CTI ou UTI, embora, conforme esclarecido, o Hospital Bellagio conte com toda a estrutura inerente ao tratamento intensivo de seus pacientes.


 Contudo, a paciente apresentou outra parada cardiorrespiratória, sendo mantido o procedimento de reanimação pela equipe médica do Hospital e em sequência pelo médico do SAMU juntamente com a médica de plantão do Hospital Bellagio, mas sem sucesso. 


O óbito foi declarado pelo próprio médico do SAMU às 06h20min. A Polícia Militar foi acionada e o corpo levado ao IML para perícia.



Diante de tais afirmações, faz-se necessário esclarecer que, conforme já ressaltado, o Hospital Bellagio não é uma clínica e sim um hospital, que conta com toda a infraestrutura clínica, médica e de atendimento para seus pacientes. 


A paciente optou por adiantar sua cirurgia e como havia data, bem como com a apresentação de todos os exames pré-operatórios e colhido o consentimento da paciente, a cirurgia foi realizada.


 O Hospital Bellagio não tem conhecimento de 08 ações ajuizadas e que aquelas em andamento, em NENHUMA DELAS foi comprovada a culpa e responsabilidade do Hospital Bellagio ou do médico. Sendo certo que a campanha efetivada pela advogada responsável pelos casos é capciosa e embasada apenas em opiniões sem qualquer comprovação dos fatos alegados, assunto esse que já está sendo tratado junto ao judiciário. 


Por fim, esclarecemos que o irmão da paciente NÃO esteve no hospital antes, durante ou após a cirurgia. A paciente foi acompanhada durante o dia por uma tia, Sra. Amelia Braz, e durante a noite por uma acompanhante profissional, Sra Kaila, que estava presente no momento do atendimento de urgência. Desta forma, são desprovidas de verdade as afirmativas de que o hospital não detém estrutura de atendimento de urgência e apoio no local. Não podendo afirmar que o hospital e o médico foram responsáveis pela morte da irmã. 


Esclarecemos que apenas o laudo do IML será capaz de afirmar a causa mortis, observando, inclusive, as informações negligenciadas pela paciente junto ao hospital. 


Diante do exposto ratificamos que todas as medidas médicas cabíveis foram tomadas, tendo o HD Bellagio cuidado para prestar todo o atendimento de urgência e emergência a paciente, inclusive aos seus familiares, tanto técnico quanto emocional. 


Desde o momento do fatídico do óbito da paciente, toda a equipe médica, assistencial e de direção do HD BELLAGIO encontram-se a disposição das Autoridades competentes e familiares para prestar todos os esclarecimentos necessários a elucidar as causas do óbito. 


Tanto o médico responsável pela cirurgia quanto o Hospital permanecerão cooperando plenamente com o as autoridades competentes para esclarecer todas as circunstâncias. 


 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata