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SERRA DO CIPÓ

Vigilância 24 horas para a estátua do Juquinha

Câmera alimentada por painel solar e conectada à internet monitora a famosa escultura para evitar ataques. Estrutura é parte de acordo de requalificação da obra

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icone relogio 06/06/2024 10:55
Partes da estátua que estavam avariadas foram preenchidas com uma massa, o que dividiu opiniões -  (crédito: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)

Partes da estátua que estavam avariadas foram preenchidas com uma massa, o que dividiu opiniões

crédito: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press
Santana do Riacho – A depredação e o vandalismo contra a estátua do Juquinha da Serra do Cipó agora são inibidos pela vigilância 24 horas de uma câmera de monitoramento instalada a cerca de 15 metros da obra. O aparelho vem sendo implantado e testado deste 10 de maio, tendo conexão com a internet e sendo alimentado por painel solar. A função é permitir que vigilantes acionem a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) em caso de ataques. A estrutura é parte do acordo entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a mineradora Anglo American, dona do terreno, para a restauração e requalificação de um dos símbolos mineiros mais fotografados, aberto e democraticamente exposto no alto das montanhas de Santana do Riacho, a 120 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central de Minas Gerais.
 
"A instalação do equipamento faz parte das ações de melhoria de segurança e conta com monitoramento em tempo integral, além do apoio da PMMG, em caso de identificação de ocorrências", informa a mineradora. Além da câmera para dar mais segurança para a estátua, partes que estavam avariadas ou depredadas do Juquinha foram preenchidas com uma massa escura, o que dividiu opiniões entre pessoas que entenderam ser parte de um procedimento preventivo contra a degradação já em curso e as que criticaram a medida por considerá-la uma anomalia estética.
 
 
A situação de vulnerabilidade do Juquinha da Serra do Cipó foi denunciada e acompanhada por reportagens do Estado de Minas desde 10 de junho de 2023. Àquela altura, a estátua já tinha perdido o dedão da mão direita; uma fenda se abriu em uma das pernas, enquanto as beiradas do chapéu se quebraram. Nos braços, se abriram buracos com mais de um dedo de largura e profundidade. O paletó também exibia avarias. A superfície da obra de arte estava tomada por trincas e rachaduras. Em algumas partes dos braços e pernas, os vergalhões de aço que dão forma à estrutura estavam expostos e enferrujando.
 
Depois das reportagens do EM, o Ministério Público agiu para que o Juquinha não ficasse mais abandonado. “Quando vimos as reportagens, resolvemos atuar de ofício, em conjunto com a promotoria de Jaboticatubas. Instauramos um procedimento de investigação, um inquérito civil, e foi nele que as providências para a proteção desse símbolo mineiro foram tomadas”, disse o promotor de Justiça Lucas Trindade, da Coordenadoria Estadual de Meio Ambiente e Mineração do MPMG e responsável pelo início da ação.
 
Em 17 de março de 2024, o MPMG finalmente anunciou ter firmado um acordo com a mineradora Anglo American, que, por ser dona do terreno onde fica o Juquinha, tem de preservar  o monumento. Foi anunciado um investimento acima de R$ 400 mil, que precisa primeiro ser aprovado pela Prefeitura de Santana do Riacho. Mas não há teto de gastos.
 
 
Pelo plano de trabalho para restauração, após a instalação e operação de câmeras de monitoramento remoto 24 horas por dia ao custo de até R$ 100 mil, deverão seguir a montagem de sinalização indicativa com placas orientativas, iluminação e implementação de planos de ações para educação socioambiental.
 
De acordo com o administrador do restaurante que fica próximo à estátua, Dilceu Moreira, a notícia da restauração e da requalificação ampliou a curiosidade e o número de visitantes até a estátua. "O que todo mundo quer saber é quando vai sair essa reforma, como é que vai ficar. Vem muita gente e pergunta. Com a câmera foi bom porque já inibe um pouco as pessoas que antes sujaram, picharam e depredaram o Juquinha. Naquele tempo, a estátua tinha sido abandonada. Agora, se tiver iluminação, as pessoas vão poder ir até lá a qualquer hora", afirma Dilceu.
 
 
O feriado de Corpus Christi foi uma oportunidade para vários turistas que foram até a Serra do Cipó ou outros atrativos da região esticarem mais alguns quilômetros pelas montanhas para ver o Juquinha e tirar fotos com o simpático eremita de concreto. Foi a primeira vez para a família da jornalista de Ipatinga Fernanda Moreira Neves, de 45 anos. "Meu marido é que nos falava e a gente queria conhecer. É muito bonito principalmente por estar nesse local aberto e se poder chegar perto, tocar e interagir", conta a jornalista.
 
 
Na foto, à esquerda Fernanda Moreira Neves 45 jornalista Fernando Marcos Andrade de Resende 47 analista de sistemas. São turistas de Ipatinga com filhos, sobrinhos, cunhados e irmãos

Na foto, à esquerda Fernanda Moreira Neves 45 jornalista Fernando Marcos Andrade de Resende 47 analista de sistemas. São turistas de Ipatinga com filhos, sobrinhos, cunhados e irmãos

Mateus Parreiras/EM/D.A.Press
 
O Juquinha já é uma parada obrigatória para a família da autônoma de Sete Lagoas Graciele Ferreira Gonçalves Fagundes, de 35, que desta vez não perdeu a oportunidade de registrar com o marido, filho, mãe e sogra, a barriga da gravidez de 7 meses ao lado do sorridente Juquinha. "Meu filho perguntou o que eram os remendos no Juquinha e eu falei que era machucado que ele teve e colocou band-aid", conta Fernanda. "Acho que ter uma câmera com vigilância (...). Assim a gente se sente mais seguro também. Sabe que está tudo sendo cuidado", disse Graciele.
 
 
Na foto,turistas de Sete Lagoas Graciele Ferreira Gonçalves Fagundes autônoma 35 anos grávida de 7 meses foi com o marido, a mãe e a sogra ver o Juquinha, algo que sempre fazem quando estão na região

Na foto,turistas de Sete Lagoas Graciele Ferreira Gonçalves Fagundes autônoma 35 anos grávida de 7 meses foi com o marido, a mãe e a sogra ver o Juquinha, algo que sempre fazem quando estão na região

Mateus Parreiras/EM/D.A.Press
 

Polêmica


A restauração e requalificação da estátua do Juquinha da Serra do Cipó não encerrou as polêmicas à sua volta. Isso, porque a mineradora Anglo American que vai financiar o projeto – uma vez que comprou o terreno com a obra – não fez contato com a artista plástica Virginia Ferreira, que criou a escultura, já a restaurou outras duas vezes e afirma ter direito autorais sobre a estátua. Ela tem um projeto aprovado em dezembro de 2022 na Lei de Incentivo à Cultura Federal que prevê trabalho de dois meses de restauração do Juquinha por meio de renúncia fiscal e patrocínio. Contudo, afirma que desde 2020 tenta falar com a mineradora, sem sucesso. "Já estão começando com intervenções no Juquinha sem respeitar a autora da obra. (As massas e a câmera) Se não colocadas de forma adequada, poluem o ambiente que também é parte da obra", afirma Virgínia.
 
Segundo a mineradora, "nos próximos dias, representantes da Anglo American se reunirão, em comum acordo, com a artista plástica Virginia Ferreira para uma conversa, conforme previsto pela empresa".
 
 
O MPMG não entra no mérito de quem será o executor do restauro, tendo garantido que a proteção à obra ocorresse dentro do previsto pelo tombamento. “Foi muito importante receber as denúncias da reportagem. Pudemos agir para solucionar esse problema”, disse o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA), Carlos Eduardo Ferreira Pinto.
 
“Existe uma jurisprudência do TJMG que diz que a restauração de bens culturais é do dono do terreno”, reforçou o promotor de justiça da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, Lucas Pardini Gonçalves. 
Vigilância 24 horas para a estátua do Juquinha - Estado de Minas
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Vigilância 24 horas para a estátua do Juquinha

Câmera alimentada por painel solar e conectada à internet monitora a famosa escultura para evitar ataques. Estrutura é parte de acordo de requalificação da obra

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icone relogio 06/06/2024 10:55
Partes da estátua que estavam avariadas foram preenchidas com uma massa, o que dividiu opiniões -  (crédito: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)

Partes da estátua que estavam avariadas foram preenchidas com uma massa, o que dividiu opiniões

crédito: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press
Santana do Riacho – A depredação e o vandalismo contra a estátua do Juquinha da Serra do Cipó agora são inibidos pela vigilância 24 horas de uma câmera de monitoramento instalada a cerca de 15 metros da obra. O aparelho vem sendo implantado e testado deste 10 de maio, tendo conexão com a internet e sendo alimentado por painel solar. A função é permitir que vigilantes acionem a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) em caso de ataques. A estrutura é parte do acordo entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a mineradora Anglo American, dona do terreno, para a restauração e requalificação de um dos símbolos mineiros mais fotografados, aberto e democraticamente exposto no alto das montanhas de Santana do Riacho, a 120 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central de Minas Gerais.
 
"A instalação do equipamento faz parte das ações de melhoria de segurança e conta com monitoramento em tempo integral, além do apoio da PMMG, em caso de identificação de ocorrências", informa a mineradora. Além da câmera para dar mais segurança para a estátua, partes que estavam avariadas ou depredadas do Juquinha foram preenchidas com uma massa escura, o que dividiu opiniões entre pessoas que entenderam ser parte de um procedimento preventivo contra a degradação já em curso e as que criticaram a medida por considerá-la uma anomalia estética.
 
 
A situação de vulnerabilidade do Juquinha da Serra do Cipó foi denunciada e acompanhada por reportagens do Estado de Minas desde 10 de junho de 2023. Àquela altura, a estátua já tinha perdido o dedão da mão direita; uma fenda se abriu em uma das pernas, enquanto as beiradas do chapéu se quebraram. Nos braços, se abriram buracos com mais de um dedo de largura e profundidade. O paletó também exibia avarias. A superfície da obra de arte estava tomada por trincas e rachaduras. Em algumas partes dos braços e pernas, os vergalhões de aço que dão forma à estrutura estavam expostos e enferrujando.
 
Depois das reportagens do EM, o Ministério Público agiu para que o Juquinha não ficasse mais abandonado. “Quando vimos as reportagens, resolvemos atuar de ofício, em conjunto com a promotoria de Jaboticatubas. Instauramos um procedimento de investigação, um inquérito civil, e foi nele que as providências para a proteção desse símbolo mineiro foram tomadas”, disse o promotor de Justiça Lucas Trindade, da Coordenadoria Estadual de Meio Ambiente e Mineração do MPMG e responsável pelo início da ação.
 
Em 17 de março de 2024, o MPMG finalmente anunciou ter firmado um acordo com a mineradora Anglo American, que, por ser dona do terreno onde fica o Juquinha, tem de preservar  o monumento. Foi anunciado um investimento acima de R$ 400 mil, que precisa primeiro ser aprovado pela Prefeitura de Santana do Riacho. Mas não há teto de gastos.
 
 
Pelo plano de trabalho para restauração, após a instalação e operação de câmeras de monitoramento remoto 24 horas por dia ao custo de até R$ 100 mil, deverão seguir a montagem de sinalização indicativa com placas orientativas, iluminação e implementação de planos de ações para educação socioambiental.
 
De acordo com o administrador do restaurante que fica próximo à estátua, Dilceu Moreira, a notícia da restauração e da requalificação ampliou a curiosidade e o número de visitantes até a estátua. "O que todo mundo quer saber é quando vai sair essa reforma, como é que vai ficar. Vem muita gente e pergunta. Com a câmera foi bom porque já inibe um pouco as pessoas que antes sujaram, picharam e depredaram o Juquinha. Naquele tempo, a estátua tinha sido abandonada. Agora, se tiver iluminação, as pessoas vão poder ir até lá a qualquer hora", afirma Dilceu.
 
 
O feriado de Corpus Christi foi uma oportunidade para vários turistas que foram até a Serra do Cipó ou outros atrativos da região esticarem mais alguns quilômetros pelas montanhas para ver o Juquinha e tirar fotos com o simpático eremita de concreto. Foi a primeira vez para a família da jornalista de Ipatinga Fernanda Moreira Neves, de 45 anos. "Meu marido é que nos falava e a gente queria conhecer. É muito bonito principalmente por estar nesse local aberto e se poder chegar perto, tocar e interagir", conta a jornalista.
 
 
Na foto, à esquerda Fernanda Moreira Neves 45 jornalista Fernando Marcos Andrade de Resende 47 analista de sistemas. São turistas de Ipatinga com filhos, sobrinhos, cunhados e irmãos

Na foto, à esquerda Fernanda Moreira Neves 45 jornalista Fernando Marcos Andrade de Resende 47 analista de sistemas. São turistas de Ipatinga com filhos, sobrinhos, cunhados e irmãos

Mateus Parreiras/EM/D.A.Press
 
O Juquinha já é uma parada obrigatória para a família da autônoma de Sete Lagoas Graciele Ferreira Gonçalves Fagundes, de 35, que desta vez não perdeu a oportunidade de registrar com o marido, filho, mãe e sogra, a barriga da gravidez de 7 meses ao lado do sorridente Juquinha. "Meu filho perguntou o que eram os remendos no Juquinha e eu falei que era machucado que ele teve e colocou band-aid", conta Fernanda. "Acho que ter uma câmera com vigilância (...). Assim a gente se sente mais seguro também. Sabe que está tudo sendo cuidado", disse Graciele.
 
 
Na foto,turistas de Sete Lagoas Graciele Ferreira Gonçalves Fagundes autônoma 35 anos grávida de 7 meses foi com o marido, a mãe e a sogra ver o Juquinha, algo que sempre fazem quando estão na região

Na foto,turistas de Sete Lagoas Graciele Ferreira Gonçalves Fagundes autônoma 35 anos grávida de 7 meses foi com o marido, a mãe e a sogra ver o Juquinha, algo que sempre fazem quando estão na região

Mateus Parreiras/EM/D.A.Press
 

Polêmica


A restauração e requalificação da estátua do Juquinha da Serra do Cipó não encerrou as polêmicas à sua volta. Isso, porque a mineradora Anglo American que vai financiar o projeto – uma vez que comprou o terreno com a obra – não fez contato com a artista plástica Virginia Ferreira, que criou a escultura, já a restaurou outras duas vezes e afirma ter direito autorais sobre a estátua. Ela tem um projeto aprovado em dezembro de 2022 na Lei de Incentivo à Cultura Federal que prevê trabalho de dois meses de restauração do Juquinha por meio de renúncia fiscal e patrocínio. Contudo, afirma que desde 2020 tenta falar com a mineradora, sem sucesso. "Já estão começando com intervenções no Juquinha sem respeitar a autora da obra. (As massas e a câmera) Se não colocadas de forma adequada, poluem o ambiente que também é parte da obra", afirma Virgínia.
 
Segundo a mineradora, "nos próximos dias, representantes da Anglo American se reunirão, em comum acordo, com a artista plástica Virginia Ferreira para uma conversa, conforme previsto pela empresa".
 
 
O MPMG não entra no mérito de quem será o executor do restauro, tendo garantido que a proteção à obra ocorresse dentro do previsto pelo tombamento. “Foi muito importante receber as denúncias da reportagem. Pudemos agir para solucionar esse problema”, disse o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA), Carlos Eduardo Ferreira Pinto.
 
“Existe uma jurisprudência do TJMG que diz que a restauração de bens culturais é do dono do terreno”, reforçou o promotor de justiça da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, Lucas Pardini Gonçalves.