Corpo de José Guilherme, de apenas 7 anos, foi sepultado na terça-feira, em Lagoa Santa -  (crédito: Jair Amaral/EM/D. A. Press)

Corpo de José Guilherme, de apenas 7 anos, foi sepultado na terça-feira, em Lagoa Santa

crédito: Jair Amaral/EM/D. A. Press

Uma testemunha, um vizinho do casal Vítor Santos Nunes Aprígio e Crislaine Contreras, ela a mãe do menino José Guilherme, de apenas 7 anos, que morreu na Santa Casa de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na última sexta-feira (7/6), por desnutrição, deixa o homem, principal suspeito de ter causado a morte, numa situação ainda mais delicada.


A Polícia Militar foi acionada, na última sexta-feira, pelo Serviço de Assistência Social da Santa Casa, depois que foi constatado que José Guilherme tinha chegado ao local já morto, com sinais claros de desnutrição, por estar muito magro. Como disseram os médicos, a criança era pele e osso.


 

José Guilherme estava acompanhado da mãe, que estava com um refém-nascido, de pouco mais de um mês e meio. O pai, Vitor, não os acompanhava. Crislaine tem ainda outros dois filhos, de 10 e 13 anos. Eles e o bebê foram encaminhados para a Casa Lar, em Lagoa Santa, por determinação do Conselho Tutelar.


Num contato com o pai, ele alegou aos policiais militares que o enteado, José Guilherme, tinha ficado doente e que estaria vomitando, muito, um líquido na cor esverdeada. Alegou, também, que a criança não conseguia se alimentar. Disse também que, quando Crislaine levou o menino ao hospital, ele estava trabalhando, como ajudante de mudança e, portanto, não estava em casa.


Afirmou, também, aos policiais, que não foi ao hospital, por medo de ser preso. Confessou então que, em algumas vezes, privava a criança de comer, pois a comida, para a família era pouca, e o “menino comia muito”, segundo o Boletim de Ocorrências (BO) da PM.


A testemunha


A testemunha, um vizinho, contou aos policiais que, no dia do nascimento do filho mais novo do casal, os três filhos, de 10, 13 e José Guilherme, ficaram em sua casa e que ele notou que as crianças estavam muito magras, sendo que o último estava em situação pior que os irmãos. “Ele estava magro demais”, disse no BO.


A testemunha chegou a ligar para o celular de Crislaine, que estava com Vítor, avisando que iria levar José Guilherme para o hospital, mas o padrasto respondeu que não seria necessário, porque o menino era alérgico.


Afirmou ainda que, se o levasse ao hospital, o Conselho Tutelar poderia recolher os três meninos. E prometeu ao vizinho que assim que retornasse, levaria José Guilherme a um médico.


Nessa conversa, Vítor teria admitido ao vizinho que José Guilherme não comia havia seis dias, pois vomitava muito e por isso estaria tomando remédio.


Houve, também, nesse telefonema, segundo a testemunha, uma proposta de Vítor para que levasse as crianças para casa e as deixasse lá, sozinhas. “Ele tentou me convencer a fazer isso, mas não fizemos, por não concordar”, disse ele, que estava com a mulher ajudando a olhar as crianças.


O vizinho decidiu então servir almoço, frutas e biscoitos às crianças. O filho mais velho, de 13 anos, disse ao vizinho que todos estavam se alimentando e indo à escola, o que não era verdade.


Depois de alimentar os três filhos de Crislaine, a testemunha disse ter percebido que José Guilherme não conseguia andar e estava com a voz muito fraca, falando baixo.


Ele procurou conversar com o menino, que lhe contou que estava com medo por ter comido muito e que seria castigado pelo padrasto. “Ele disse que precisava vomitar”, disse a testemunha.


O vizinho lhe disse que ele não havia feito nada de errado e que ele poderia comer o que quisesse. Contou também que, depois de alimentar José Guilherme, o levou para dar banho e percebeu a magreza extrema do garoto, com veias e ossos aparentes. E que além disso, o coração palpitava. Depois disso, quando Vítor e Crislaine retornaram para casa, com o recém-nascido, devolveu os meninos.