UFU suspende calendário acadêmico por conta de greves -  (crédito: Rede de Noticias)

UFU suspende calendário acadêmico por conta de greves

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A Universidade Federal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, suspendeu o calendário acadêmico do primeiro semestre de 2024. A decisão foi tomada em votação no Conselho Universitário (Consun) nessa quarta-feira (12/6) e as atividades da graduação foram suspensas. Ainda que a direção da universidade tenha apoio do diretório estudantil, alunos da UFU reclamaram da suspensão das atividades. A universidade enfrenta duas greves março.

 

O Consun da UFU decidiu pela suspensão por 94 votos favoráveis. Houve 54 votos contrários e duas abstenções. Atualmente, das 30 unidades acadêmicas da universidade, 25 estão com as atividades paralisadas. A votação no conselho veio a partir de pedido da Associação dos Docentes da UFU (Adufu).

 

Isso significa que todas as atividades da graduação da universidade estão paradas. Professores e servidores técnico-administrativos da instituição estão em greve, mas como a adesão não é completa, parte das aulas seguiam, o que deixava as atividades desordenadas.

 

 

O Diretório Central dos Estudantes da UFU, antes da votação, havia sinalizado a importância da suspensão nesse sentido. "Com a suspensão temporária, além de respaldar e livrar nossos estudantes de incertezas relacionadas às aulas, poderemos estabelecer uma data comum para todos iniciarem suas atividades, evitando assim problemas nos fluxos escolares de nossa Instituição".

 

O DCE também reivindicou ações para resguardar os alunos, como manutenção do pagamento de bolsas e auxílios, e o funcionamento dos restaurantes universitários. Além disso, a resolução do diretório pede a manutenção dos estágios.

 

O aluno do curso de Geografia Rafael Rosa disse estar preocupado com o tempo que vai levar para completar o curso. "Desse jeito me formo em 2099. Houve outros problemas antes de calendário", comentou. "Vamos ter que correr atrás de calendário atrasado mais uma vez", afirmou Gabriel Martinelli, que cursa Engenharia Eletrônica na UFU.

 

 

Estudante de Engenharia Civil, Paullo Sérgio Novais reclamou sobre a falta de planejamento. "Esse debate era para ter ocorrido há cinco semanas. Alguns alunos têm o mínimo de planejamento. Pessoas ao meu redor alugaram apartamento para o início das aulas em maio e agora cai tudo por terra", disse.

 

Os cursos de pós-graduação oferecidos pela instituição não foram afetados pela suspensão. Atividades de pesquisa e extensão continuam acontecendo. O período de suspensão prossegue até o final da greve na UFU.

 

Entenda a paralisação

A Universidade Federal de Uberlândia faz parte de um grupo de 60 instituições federais de ensino superior em greve. Técnicos de universidades e institutos federais estão com atividades paradas há 90 dias e pedem aumento salarial de três parcelas de 10,34%.

 

 

No entanto, o governo federal propôs reajuste na remuneração em 9% apenas em 2025, mais 5% em 2026. A negativa em reajustar os salários a partir deste ano é o principal impasse.

 

Já entre os professores, a greve se aproxima de dois meses e o governo oferece reajustes de 13% a 31% para categoria docente até 2026, mas sem aumento em 2024.

 

Anúncios e pressão

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou R$ 5,5 bilhões em recursos do Ministério da Educação (MEC) para obras de infraestrutura para o ensino superior e a construção de dez novos campi de universidades e de oito novos hospitais universitários federais. O investimento integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

O anúncio foi visto pelos sindicatos de professores e técnico-administrativos como reflexo da pressão feita pelas greves.

 

Em março, o Governo Federal anunciou a criação de oito novos campi dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia no estado de Minas Gerais, que conta, atualmente, com 72 unidades integradas à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

 

Os novos campi serão construídos em municípios que não possuem Institutos Federais (IFs) ou que têm baixa cobertura de educação profissional. São eles: Belo Horizonte; João Monlevade; Itajubá; Sete Lagoas; Caratinga; São João de Nepomuceno; Minas Novas; e Bom Despacho. O investimento estimado para construção das novas unidades é de R$ 200 milhões.