Com a voz embargada de choro, uma mãe clama por justiça pela morte do filho. Todos os familiares de Wallysson Alves dos Santos, assassinado a tiros pelo bombeiro Naire Assis Ribeiro, se reuniram com faixas antirracistas, na tarde desta sexta-feira (14/6), em frente ao Fórum Lafayette, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O local foi onde aconteceu a audiência de instrução sobre o crime, a fim de recolher provas e depoimentos das testemunhas.
“Meu filho não vai voltar mais. A única coisa que a gente espera é justiça”, diz José Francisco, pai da vítima, angustiado pela brutalidade da morte do policial.
Rute Alves, a mãe, afirma não conseguir desejar o mal para o autor do assassinato de Wallysson. “Ele fez essa maldade e ainda destruiu a vida da família dele”, em pranto, fala: “Estou muito mexida, estou com uma saudade muito grande do meu filho”.
Relembre o caso
Conforme o boletim de ocorrência, era madrugada do dia 26 de fevereiro quando Wallysson Alves dos Santos estava bebendo com o filho em um bar no Bairro Santa Tereza, Região Leste da capital, quando foi morto. O bombeiro Naire Assis Ribeiro, ao avistar o policial penal, questionou o motivo dele estar armado. Wallyson se apresentou como militar. Os dois discutiram no local e o bombeiro foi em casa na busca de um revólver. Quando voltou, ele disparou contra o policial.
Depois do crime, o atirador fugiu em uma moto, mas foi localizado e preso. Wallysson chegou a ser socorrido e levado para o Hospital João XXIII, mas morreu durante a cirurgia.
Em abril, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou à Justiça a denúncia contra o bombeiro. Ele foi indiciado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, por motivo torpe e risco ao perigo comum e crime de preconceito racial.
No documento da denúncia encaminhado ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), há uma transcrição de ligação feita por Naire para o número 190, quando pediu apoio policial. Ele duvida que Wallysson realmente fosse um agente.
“Ele é negro (...) lógico ele é haitiano (...). Ele está se identificando como militar, que ele não é, está entendendo?”, ele acusa.
Ainda em abril, a justiça aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público. Naire está preso desde o dia do crime.