O julgamento ocorreu na manhã desta quinta-feira, no Fórum Lafayette -  (crédito: Leandro Coury/EM/D. A. Press)

O julgamento ocorreu na manhã desta quinta-feira, no Fórum Lafayette

crédito: Leandro Coury/EM/D. A. Press

Terminou no início da tarde desta quinta-feira (20/6) o julgamento de Ivan Nunes Leite, filho de Adelcio Leite, um dos “Irmãos Leite”. Ele era acusado de ser um dos mandantes, junto com seu pai, do assassinato de José Carlos Augusto Couy, ocorrido em 22 de novembro de 2019, numa estrada que passa por Córrego Floresta, na zona rural de malacacheta, no Vale do Mucuri. Ivan foi absolvido.


A sentença foi proferida pelo juiz Thiago Grazziane Gandra, do 1º Tribunal do Júri de Belo Horizonte. O magistrado acatou a decisão do Conselho de Sentença, que não concordou a acusação, decidindo que o réu deveria ser absolvido da prática dos crimes que lhe foram imputados.


 

“Pelo exposto, diante da improcedência da pretensão punitiva estatal, reconhecida pelo Conselho de Sentença, em obediência à soberania dos veredictos, absolvo a pessoa de Ivan Nunes Leite da acusação da prática do crime que lhe foi imputado”, é a decisão do juiz.

 


O julgamento

A execução do crime aconteceu quando José Carlos transitava pela estrada de acesso de Franciscópolis a Malacacheta, AMG-900, conduzindo um trator. Pablo, que seria o executor do crime, estava na garupa de uma motocicleta, cujo piloto não foi identificado. Escolheram um ponto da estrada e aguardam a aproximação da vítima, José Carlos, no trator. 


Ao avistarem a vítima, a moto arrancou em direção ao trator e sem qualquer possibilidade de defesa, foram desferidos vários tiros contra José Carlos, que foi atingido na cabeça, lado esquerdo; lado esquerdo do peito; perna esquerda e clavicular esquerda.


 

No momento em que recebeu o impacto dos tiros, José Carlos perdeu o controle do trator, e este tombou às margens da rodovia, caindo ao solo. Na sequência, a vítima foi socorrida, mas faleceu em razão dos ferimentos.


Em seguida, os autores fugiram pela estrada, em direção ao distrito de Junco de Minas, tentando escapar de qualquer suspeita.


O inquérito aponta que Ivan e seu pai, Adelcio Leite, seriam os mandantes do crime. Ivan era apontado como o responsável pela contratação de Pablo, o atirador. Ivan e Pablo eram amigos e eram vistos, constantemente juntos, inclusive no dia do crime, num posto de gasolina, o que foi registrado por câmeras de segurança.


Adélcio também deveria ser julgado pelo crime, no entanto, ele faleceu em 17 de junho de 2020, numa emboscada, quando saía de uma barbearia, em Lagoa Santa, crime ainda não esclarecido.

 


Pablo Pinto dos Santos, o executor de José Carlos Augusto, foi condenado a 20 anos de prisão, em julgamento realizado em 24 de março de 2024. A condenação foi proferida pelo juiz Ricardo Silvio Oliveira, também do 1º Tribunal do Júri de BH.

 

Guerra de famílias


O assassinato de José Carlos teria acontecido por causa da "guerra" entre as famílias "Nunes Leite”, de Ivan, e “Cordeiro de Andrade”, de José Carlos. A rixa teria se iniciado na década de 1990.


Naquela época, Elenísio Nunes Leite, o Leno, filho de Adélcio e irmão de Ivan foi assassinado. José Carlos foi denunciado e processado como participante do assassinato de Leno. No entanto, foi absolvido. 


Desde então, José Carlos vivia amedrontado, temendo por sua vida e dizia ser ameaçado constantemente por Adélcio. Poucos dias antes de ser morto, José Carlos chamou os filhos e pediu que tivessem a atenção redobrada, pois temia pela integridade física deles.

 


 

A tese da defesa


Ao ser interrogado, Ivan disse que nunca foi inimigo da família da vítima e que “a rixa entre as duas famílias, os Leite e os Cordeiro, é coisa do passado”.


“Hoje a relação entre “os Leite”e “os Cordeiro” é amistosa”, disse Ivan. Ele alegou, ainda, que ficou sabendo da morte da vítima por terceiros no momento em que estava chegando em sua cidade, depois de uma viagem a Belo Horizonte.


Sobre Pablo, disse que ele é seu cunhado e tio de seus filhos e que, por isso, tinham uma relação próxima. “Somente por isso”, afirmou.