caminhões se chocaram na BR-262 e caíram de viaduto, em ocorrência que provocou uma morte -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

caminhões se chocaram na BR-262 e caíram de viaduto, em ocorrência que provocou uma morte

crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press

 

Bel Ferraz e Edésio Ferreira (fotos)

 

A sexta-feira foi marcada por acidentes nas rodovias que passam por BH, região metropolitana e cidades vizinhas. Ao menos 11 pessoas ficaram feridas e quatro morreram em decorrência da colisão e capotamento de veículos, na BR-040, em Itabirito, nas BRs 262 e 381, em Betim, na MG-010, em Lagoa Santa, e na capital, e na MGC-135, em Corinto, também na Região Central. As ocorrências se juntam a uma longa lista de sinistros de trânsito em todo o estado que, somente nos primeiros cinco meses do ano, já ultrapassavam a marca de 27 mil.


Logo no início da manhã, na BR-040, em Itabirito, na Região Central, uma batida entre um carro e uma van deixou cinco pessoas feridas e causou a morte de duas – uma criança de 2 anos e o motorista do carro, de 60. A van seguia para a capital.


A dinâmica do acidente não foi informada. Devido aos destroços e para facilitar os resgates, os dois sentidos da rodovia ficaram fechados por cerca de seis horas. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que, assim que acionada, deslocou perícia oficial ao local dos fatos para realização dos primeiros levantamentos. O rabecão foi acionado e os corpos das duas vítimas passaram por exames de necropsias.


Em Betim, na região metropolitana, um acidente entre duas carretas na BR-262 matou uma pessoa e deixou outra ferida. Os veículos estavam carregados com tijolos e, com o impacto da colisão, caíram do Viaduto Cachoeirinha. As cargas ficaram espalhadas sobre a pista. Testemunhas informaram aos militares do Corpo de Bombeiros, que a visibilidade no momento da batida era baixa, devido à presença de neblina.

 


Na mesma cidade, na BR-381, o motorista de um carro teve ferimentos leves depois que o veículo em que estava capotou. O acidente aconteceu a poucos quilômetros do trecho onde morreram sete dos 43 torcedores do Corinthians que voltavam para São Paulo, em agosto de 2023, depois de um jogo em BH. O ponto 526 da rodovia Fernão Dias é considerado o mais letal de toda a malha rodoviária.

 


Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre 2020 e 2023 foram registrados 10 óbitos e outros 21 feridos, sendo três com gravidade. Ao todo, foram oito acidentes no período, envolvendo 11 veículos e 18 pessoas, segundo a PRF. Conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), até maio deste ano, 231 ocorrências de acidentes de trânsito foram registradas no trecho da rodovia em Betim.


Marco Aurélio Sebastião Marcondes, de 37, é caminhoneiro e transporta minério diariamente de Itatiaiuçu até Sarzedo pela BR-381. De acordo com ele, os acidentes são frequentes nesse trecho, resultando rotineiramente em filas e engarrafamentos. "A serra é muito perigosa. Não passa uma semana sem acidente, sempre na 'Curva do Desmanche'. Acho que o nome é esse porque sempre desmancha um caminhão ali. Teve uma semana que aconteceram acidentes todos os dias. Parece até combinado. Tira um caminhão tombado da pista ou do acostamento, daí a pouco tomba outro", disse, ao Estado de Minas, na época da ocorrência com o ônibus dos corinthianos.


TRÁFEGO URBANO

 

 

Silvestre Andrade, especialista em transporte e trânsito, explica que acidentes são causados por multifatores: as condições do veículo, da via, e ambientais. No caso da Fernão Dias, na Grande BH, ele aponta para a conurbação da malha urbana com a rodoviária. “A BR-381, em Betim, é praticamente uma avenida. É evidente que quanto mais carros temos circulando em uma via, maior a probabilidade de registrarmos algum tipo de acidente.”


Em Belo Horizonte, um carro colidiu com uma carreta na altura do Bairro Serra Verde, na Região de Venda Nova, na MG-010. As duas passageiras do veículo de passeio tiveram ferimentos leves. De acordo com o Corpo de Bombeiros, quando a guarnição chegou ao local, as mulheres já estavam fora do carro. Também na Linha Verde, em Lagoa Santa, um carro capotou próximo ao trevo de entrada da cidade. O motorista também ficou levemente ferido.


DESCUMPRIMENTO DE NORMAS

 

 

Nos cinco primeiros meses de 2024, foram registrados 27.758 acidentes de trânsito em estradas e vias urbanas em Minas Gerais, que resultaram em 34.650 vítimas, incluindo 768 óbitos. Quando comparado ao mesmo período do ano passado, houve uma queda de 2,72% nos incidentes. Na época foram computados 28.537 sinistros, segundo dados da Sejusp. Em relação apenas aos dados de rodovias federais, a Polícia Rodoviária Federal aponta que, em 2023, atendeu 9 mil ocorrências. No período, 11.775 pessoas foram resgatadas e 727 óbitos registrados.


Em Corinto, na Região Central, a colisão frontal entre um carro de passeio e um caminhão-tanque matou uma pessoa. O veículo de carga transportava combustível, mas não houve vazamento. A dinâmica não foi informada. Os carros estavam na marginal da pista.


Apesar de não terem relação entre si, os acidentes noticiados ontem foram parecidos devido a possíveis descumprimentos às normas de trânsito. O especialista em trânsito Silvestre de Andrade afirma que, em qualquer ocasião, mas principalmente em rodovias e estradas, toda ocorrência é precedida, de modo geral, por um comportamento inadequado ou infração de trânsito. Por isso, a melhor dica para os motoristas é seguir à risca as regras do Código Brasileiro de Trânsito.


“Respeitar a legislação parece redundante, mas não é. As pessoas desrespeitam as normas de trânsito achando que é normal, e praticamente todas as vezes em que ocorre um acidente, ele é precedido de um desrespeito a essas leis”, diz.


Silvestre afirma que, no trânsito, a melhor direção defensiva é a precaução. “Dê uma distância de dois a três segundos de distância do veículo da frente, assim, caso seja necessário tomar alguma atitude inesperada, o condutor terá tempo hábil. Outro ponto é não tentar ultrapassar um carro que esteja na mesma velocidade que você, ou deixar que o veículo que esteja mais rápido que você te ultrapasse”.