Uma decisão judicial liberou da prisão Crislaine Contreira, de 27 anos, mãe do menino José Guilherme, de 7, que morreu há duas semanas, vítima de desnutrição. Os outros filhos da mulher seguem na Casa Lar, em Lagoa Santa, sob a custódia do Conselho Tutelar há quase três semanas.
De acordo com a assessoria do Ministério Público de Lagoa Santa, existe um pedido de guarda dos outros três filhos de Crislaine, de 1, 10 e 13 anos, feito pela avó, Maria Antônia Contreira, que está está em análise.
A avó, que vive em Sergipe, veio para Lagoa Santa tão logo soube da morte do neto. Assim que chegou à cidade, ela também solicitou o direito de guarda das crianças junto ao Conselho Tutelar.
A morte do menino Jose Guilherme teria sido causada por um castigo dado pelo padrasto, Vítor, de 19 anos, que está preso. Ele é apontado, segundo as investigações policiais, como o responsável pela morte.
Segundo o Ministério Público, o processo encontra-se em tramitação sob segredo de Justiça, visando preservar a privacidade e os direitos das partes envolvidas.
Relembre o caso
O corpo do menino José Guilherme foi sepultado no último dia 11, no Cemitério Campo da Saudade, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele morreu na sexta-feira (7/6), na Santa Casa de Lagoa Santa, onde deu entrada, com quadro de desnutrição.
Segundo os médicos que atenderam a criança, ela tinha sinais graves de desnutrição e, em função disso, eles decidiram chamar a polícia. Um dos médicos relatou que a criança chegou no hospital muito magra. "Era pele e osso", ressaltou no momento da denúncia.
O menino chegou à Santa Casa acompanhado da mãe, Crislaine, que estava com um recém-nascido, de pouco mais de um mês e meio, no colo. O pai do bebê, Vitor, não estava com eles.
Os policiais entraram em contato com Vítor e ele alegou que o enteado tinha ficado doente, e que estaria vomitando um líquido na cor esverdeada. Alegou, também, que a criança não conseguia se alimentar. Ainda segundo o suspeito, no momento que Crislaine levou o menino ao hospital, ele estava trabalhando, como ajudante de mudança, portanto, não estava em casa.
No boletim de ocorrência, os militares ainda relatam que o suspeito disse que não foi ao hospital por medo de ser preso. Ainda de acordo com a apuração da PM, o homem também confessou que, algumas vezes, privava a criança de comer, pois a comida para a família era pouca e o “menino comia muito”.
De posse dessas informações, as investigações da Polícia Civil seguiram a linha das denúncias de que o padrasto impedia a criança de se alimentar. Ao prestar depoimento, a mãe de José Guilherme disse que já tinha flagrado o menino comendo ração de cachorro.