A Cemig registrou um aumento de 50% no número de residências que tiveram sua energia cortada em decorrência da ação de linhas de pipas em maio deste ano, quando comparado aos últimos quatro meses de 2024. Se somados janeiro, fevereiro, março, abril e maio totalizam-se cerca de 150 mil clientes afetados e 672 registros no sistema elétrico em Minas Gerais.
Demetrio Aguiar, engenheiro eletricista da companhia, destaca que soltar pipa não é o problema. O especialista alerta que a brincadeira deve ser feita em locais descampados e sem uso de linhas cortantes, pois quando uma linha de papagaio é cortada o vento pode carregá-la aleatoriamente, podendo cair sobre redes elétricas ou vias públicas.
“É importante que se tenha consciência de que a brincadeira deve ser realizada em áreas abertas e sem rede elétrica, pois pode causar acidentes graves ou provocar interrupções no fornecimento de energia e prejudicar muitos clientes”, afirma.
Somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foram registrados 289 incidentes provocados por pipas, com 73 mil unidades consumidoras interrompidas.
“A partir de junho essa brincadeira tende a se intensificar, pelo aumento dos ventos em função da transição entre outono e inverno, além da proximidade com as férias escolares do meio do ano. E em julho isso se potencializa muito mais. Por isso, é importante que os pais e responsáveis estejam atentos para que não haja acidentes com os jovens e também ocorrências no sistema elétrico”, ele explica.
O engenheiro também orienta que o resgate de pipas presas à rede elétrica deve ser evitado. "A aproximação indevida para retirar pipas presas à rede e o uso de linhas cortantes são os principais motivos de acidentes com a rede elétrica da companhia", comenta.
A lei 23.515/2019 proíbe a utilização de cerol ou linha chilena no estado. Essa legislação, que veda a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares, está em vigor desde dezembro de 2019. A multa para quem for flagrado vendendo esse tipo de linhas varia de R$ 5.279,70 a R$ 263,98 mil (em casos de reincidência). Já quando a linha apreendida estiver em poder de criança ou adolescente, seus pais ou responsáveis legais serão notificados da autuação e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.
“Nunca se deve usar cerol ou linha chilena neste tipo de brincadeira. Além dos graves acidentes, são materiais altamente condutores e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos da rede de energia, causando o choque elétrico”, ressalta o especialista.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice