Daniel Carvalho de Andrade, conhecido como Daniel Monstro, foi assassinado por um vizinho, em Juiz de Fora -  (crédito: Rede de Noticias)

Daniel Carvalho de Andrade, conhecido como Daniel Monstro, foi assassinado por um vizinho, em Juiz de Fora

crédito: Rede de Noticias

O sargento do Exército acusado de matar um vizinho em Juiz de Fora, em 17 de março deste ano, estaria descumprindo uma medida protetiva frequentando o apartamento no prédio onde mora a família da vítima, Daniel Carvalho de Andrade.

 

Acionado pelos advogados da família de Daniel, o Ministério Público pediu, em 14 de junho, a prisão do suspeito. Desde a última segunda-feira (17/6), o requerimento espera a decisão da juíza Joyce Souza de Paula. A demora tem incomodado a família da vítima, que também aguarda a conclusão do inquérito, que já ultrapassa três meses da morte de Daniel.

 

 

"A família de Daniel Carvalho de Andrade, assim como toda a sociedade, está consternada pelo fato do inquérito não ter sido concluído no prazo legal, não ter nenhuma perspectiva de conclusão, e pelo fato do Judiciário não ter se manifestado sobre o pedido feito pelo Ministério Público há mais de uma semana, de prisão preventiva do acusado, que comprovadamente desobedeceu as medidas cautelares impostas como condição para sua liberdade provisória", disse, em nota, Heber Perotti Honori, advogado da família.

 

Já a defesa do sargento do Exército acusado de ter matado Daniel disse que o militar realmente dormiu no apartamento vizinho ao da família da vítima, mas que isso não configura irregularidade. "Esse apartamento é uma das residências do militar, e não existe determinação judicial para sua utilização. No entender da defesa, não foram descumpridas nenhuma das medidas cautelares determinadas pela magistrada", alega o advogado Leandro César de Faria Gomes, também em nota.

 

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que os autos "estão conclusos" para a juíza, mas não deu um prazo para que o pedido seja analisado.

 

Relembre o caso

No dia 17 de março, o skatista Daniel Carvalho de Andrade foi morto a tiros por um sargento do Exército Brasileiro, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Logo após o crime, a Polícia Militar (PM) foi acionada. Segundo o boletim de ocorrência, os policiais militares apontaram que Daniel tinha histórico de violência doméstica contra a mãe. Foi relatado que, na noite do crime, a mãe de Daniel teria gritado por socorro. O BO alega que, para tentar ajudar a mãe da vítima, o sargento do Exército ligou para a PM, tendo sido atacado por Daniel. De acordo com os relatos, os dois entraram em luta corporal, e Daniel foi baleado.

 

No entanto, de acordo com a delegada Camila Miller, não foi encontrado nenhum registro de violência doméstica cometido por Daniel. "Não foram localizadas ocorrências de violência doméstica contra o Daniel. Não quer dizer que não tenha tido. Pode ser que a mãe tenha chamado a PM e dispensado", explicou, em entrevista ao EM.

 

Cerca de um mês depois do crime, dona Inara Teixeira de Carvalho, mãe de Daniel, se manifestou por meio de advogados e também negou que tenha sido vítima de violência doméstica. "Estou desolada e em estado de choque com tamanha brutalidade e com as mentiras contadas pelo investigado na delegacia para tentar se ver livre pelo homicídio que praticou, mas sempre estarei à disposição da Justiça para esclarecer os fatos, pois meu filho nunca me agrediu", relatou Inara.

 

De acordo com a delegada responsável pelas investigações, autor e vítima tinham um histórico de animosidade. "O militar reclamava que o Daniel jogava água no apartamento dele, o que gerava mofo. Fez várias reclamações no condomínio. Tinha uma animosidade entre eles", disse Camila Miller.

 

Segundo ela, Daniel sofria de problemas de saúde mental e havia sido diagnosticado com esquizofrenia. "Não podemos falar que ele era um homem agressivo. Mas era uma pessoa que sofria de esquizofrenia e tinha desentendimentos dentro de casa. Era um homem grande, de 1,9 m e 100 kg. No momento de um surto psiquiátrico, pode ser que ele tenha uma reação mais agressiva com a mãe. Mas não dá para afirmar categoricamente", disse a delegada.

 

O inquérito não tem previsão de ser concluído.