Mulher é chamada de ‘neguinha’ em grupo de WhatsApp de universidade -  (crédito: Divulgação/UFV)

Mulher é chamada de ‘neguinha’ em grupo de WhatsApp de universidade

crédito: Divulgação/UFV

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia a um homem que utilizou a expressão "neguinha" para se referir a uma aluna do curso de educação física da Universidade Federal de Viçosa (UFV). O MPMG ainda requereu a fixação do valor mínimo de R$ 10 mil por danos morais coletivos. A mulher foi vítima de injúria racial em um grupo de WhatsApp da turma. Nesta quinta-feira (27/6), será realizada uma audiência sugerida pela diretoria de ensino da UFV, com a comissão que está apurando o ocorrido.

 

O caso aconteceu em 13 de dezembro do ano passado, quando o aluno denunciado enviou uma pergunta ao grupo. "Ele perguntou se a disciplina citologia e histologia era pré-requisito ou não para fisiologia do exercício. Como eu cumpro bolsa no registro escolar, respondi que era, uma vez que, na matriz anterior, também era. Eu não sabia que tinha mudado", conta a aluna. Em seguida, outro integrante respondeu que "não". Para não render a discussão, ela enviou a matriz curricular da disciplina e saiu do grupo.

 

No dia 15, um colega mostrou a ela um print da conversa, constando que um dos integrantes do grupo, no caso o denunciado pelo MPMG, postou a seguinte mensagem: “Desgraçada, neguinha filha da puta, acha que sabe de tudo”. Em seguida, emendou: "Arrombada chamou a polícia lá para casa, dando a maior dor de cabeça; agora fica amolando o grupo; eu vou tacar bosta de cachorro pela janela dela".

 

Na data pretérita, a vítima havia pedido apoio da guarnição policial, uma vez que é vizinha dos autores e frequentemente precisa lidar ainda com o incômodo de músicas altas no local onde residem.

 

 

Ainda no dia 15, a vítima conta que o aluno entrou em contato com ela para se desculpar. "Ele me mandou uma mensagem me pedindo desculpas após eu falar no grupo do WhatsApp que racismo é crime. Um dia depois ele ainda me pediu ajuda para fazer o plano de estudo. Fiquei chocada pelo fato de ser um aluno da graduação fazendo uma coisa dessas", relata a aluna.

 

Ela registrou o boletim de ocorrência e tentou representar na delegacia de Florestal, mas sem sucesso. Por isso, resolveu ir ao MPMG em Juatuba, onde conseguiu dar o primeiro depoimento. Somente no dia 7 deste mês, a delegacia instaurou o inquérito.

 

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Também foi aberto um processo dentro da UFV. "Entreguei a primeira carta de denúncia no dia 20 de dezembro e não tive retorno. Abri então uma denúncia no Fala.BR do Governo Federal com ajuda de um professor. A universidade retornou solicitando apuração de Florestal, mas a secretária do diretor do campus não enviou o processo para o presidente da comissão", relata.

 

Segundo a aluna, a secretária aconselhou-a a "deixar para lá e não esperar a justiça, porque não haveria justiça". Depois de muita insistência o processo foi enviado e a estudante foi informada sobre os integrantes da comissão e a reunião foi marcada para esta quinta (27/6). "Darei meu primeiro depoimento na faculdade neste encontro." 

 

O MPMG sugeriu ainda o pagamento de multa no valor de R$ 10 mil à vítima.

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata