A greve na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) chegou ao fim após 56 dias de paralisação em 19 das 22 unidades acadêmicas da instituição em Belo Horizonte e outras 15 cidades do estado. Em assembleia nesta quarta-feira (26/6) na Faculdade de Educação da UEMG, no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul da capital, 152 docentes decidiram pela suspensão da greve. Outros 47 votaram pela continuidade, e houve uma abstenção.
Com isso, as aulas serão retomadas na próxima terça-feira (2/7). Os quase dois meses de paralisação decorrem, entre outros pontos, de uma defasagem salarial superior a 70% em comparação com outras universidades estaduais. No entanto, a categoria vai permanecer em estado de greve — ou seja, com a possibilidade de novo movimento grevista caso as negociações com o governo não avancem.
Conforme a Associação dos Docentes da UEMG (ADUEMG), a interrupção das atividades trouxe alguns avanços, como a garantia de realização de concursos para docentes e técnicos administrativos, o pagamento por titulação (currículo) dos contratados, o reajuste considerando a inflação de 2023, a recomposição de parte do orçamento e a formação de dois grupos de trabalho para tratar da alteração do regime de trabalho de 20 para 40 horas com direito à dedicação exclusiva — modalidade que impede o exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada, ressalvado o magistério, caso ocorra compatibilidade de horários.
Além disso, a paralisação resultou na aprovação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) da manutenção da ajuda de custo em casos de licença. Desde o ano passado, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG vem realizando audiências públicas sobre a situação da universidade.
“Na última semana, o Comando Geral de Greve foi informado sobre a efetivação do corte na ajuda de custo dos docentes grevistas. Os docentes da UEMG, que já recebem os piores salários de professores universitários do Brasil, vão ter um corte de cerca de R$ 1,5 mil. Seguimos pressionando o Governo Zema e a reitoria para que isso não ocorra”, explica Túlio Lopes, presidente da ADUEMG, acrescentando que o movimento grevista chegou a 80,9% de adesão.
A pressão da categoria garantiu também a suplementação orçamentária em R$ 10,8 milhões, ainda em 2024, para a assistência estudantil. O governo de Minas, em reunião com representantes dos servidores em 10 de junho, informou ainda a possibilidade de aporte adicional de R$ 9 milhões no orçamento da UEMG neste ano. “O orçamento da instituição teve crescimento superior a 170% entre 2018 e 2024, no que se refere a custeio, e de mais de 120%, se for considerado o total”, afirmou o governo, em nota.
A UEMG é a terceira maior universidade de Minas Gerais, com câmpus em todas as regiões, menos no Norte de Minas. Em Belo Horizonte, a universidade conta com a Escola de Design, a Faculdade de Educação, a Escola Guignard, a Escola de Música e a Faculdade de Políticas Públicas e Gestão de Negócios. Todas estiveram em greve.