A passagem do metrô que liga Belo Horizonte a Contagem, na Região Metropolitana de BH, vai ficar mais cara a partir de segunda-feira (1/7). O aumento foi liberado pelo Governo de Minas Gerais em resolução publicada nesta quinta-feira (27/6) no Diário Oficial do Estado (DOE).
Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), responsável pela mudança, a tarifa passou de R$ 5,30 para R$ 5,50. O valor representa o aumento de 3,77% entre março de 2023 a março de 2024. O documento foi assinado pelo secretário da pasta, Pedro Bruno Barros de Souza.
Com a alteração do valor do metrô da capital, as tarifas de integração em ônibus do sistema metropolitano também aumentam.
Este é o segundo aumento da tarifa em um ano. No dia 1º de julho de 2023, a passagem havia passado de R$ 4,50 para R$ 5,30, de acordo com a medida estadual. Portanto, em um ano, o metrô de BH teve um aumento de R$ 1, que representa um acréscimo de 22,22%.
Em março de 2019, a viagem do metrô em Belo Horizonte custava R$ 1,80. Em 5 anos, o valor da passagem aumentou 205%.
De acordo com a Metrô BH, a atualização do valor está prevista no Contrato de Concessão e corresponde à inflação do período entre março de 2023 e março de 2024.
Privatização
Desde março de 2023 o Metrô BH é comandado pelo Grupo Comporte. A privatização do modal, antes administrado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), foi marcada por protestos dos funcionários públicos e paralisações. Porém, em dezembro de 2022, a empresa arrematou a concessão em um leilão do governo federal, por R$ 25,755 milhões.
Impacto no bolso dos passageiros
Usuários dos trem urbano reclamaram do anúncio do aumento da passagem nesta quinta-feira. De acordo com os passageiros, o valor de R$ 5,30 já é considerada cara por eles e os R$ 0,20 de acréscimos vão fazer diferença no bolso.
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Para o professor de dança Robson Naziazeno, que sai de Sabará, na Região Metropolitana, e vai até a Estação Eldorado, em Contagem, também na Grande BH, duas vezes ao dia, de segunda a sexta, a privatização piorou a situação.
“O intuito deveria ser melhorar, aí vem uma empresa que a gente não conhece, geralmente com um capital estrangeiro, dentro da minha cidade, no meu país e compra aquilo que é meu e dos nossos filhos. Deveríamos estar fazendo bom uso e isso não acontece, infelizmente”, lamenta.
O professor costuma gastar entre 20 e 25 minutos, a não ser quando a linha para, o que, para ele, gera um grande transtorno. “Tem interrupções na linha, tem queda de corrente, então a gente fica refém desse sistema”, comenta Naziazeno.
Para a técnica de enfermagem Abigail Cristina da Silva, o aumento pesa bastante no bolso, pois o salário já não é muito alto. No entanto, mesmo ficando pesado quando avaliado no final do mês, ela prefere pegar o transporte mais caro do que ônibus. Isso porque, o trajeto que faz (Floramar x Centro) de segunda a quinta leva mais de uma hora de ônibus, enquanto de metrô, apenas 20 minutos.
“Acho muito ruim o aumento. Já aumentaram um valor significativo em tão pouco tempo e agora outro. Fica difícil pra gente. Eu uso o cartão da empresa na maioria das vezes, mas aí falta pra eu me deslocar para o trabalho e tenho que inteirar. Já não temos um salário tão bom, então qualquer real faz falta”, diz a passageira.
Esvaziamento do transporte
Segundo um levantamento exclusivo do Estado de Minas com o Grupo Comporte, o metrô de BH enfrenta uma queda drástica no fluxo de passageiros. A pesquisa mostra que, de 2013 a 2023 houve diminuição de 66,7% na quantidade de pessoas transportadas pelos trilhos. Entre os fatores que culminam na diminuição estão o aumento da tarifa e usuários migrando para ônibus ou transportes por aplicativos.
Em números gerais, o metrô transportava 64.984.904 pessoas em 2013, passando para 21.585.704 em 2023. A média de passageiros que utilizavam o serviço em dias úteis também diminuiu, indo de 221.488 no primeiro ano, para 89 mil no último. No período da série histórica, há influência da pandemia a partir de 2020, porém, as cifras já estavam diminuindo desde 2015.