O prazo para conclusão das obras é de3 anos -  (crédito: Reprodução Danielle Moura / Seinfra)

O prazo para conclusão das obras é de3 anos

crédito: Reprodução Danielle Moura / Seinfra

A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) emitiu ordem de início para a execução das obras de restauração do prédio histórico do Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg). De acordo com o Executivo estadual, o incêndio que atingiu o imóvel em março do ano passado atrasou o prazo de realização das obras de restauração, que já estavam sendo planejadas devido às condições da infraestrutura do imóvel. 

 


Localizado na Rua Pernambuco, na Região Centro-Sul da capital mineira, o prédio tem a idade da cidade de Belo Horizonte, 126 anos, e é tombado pelo patrimônio histórico. O Iemg atualmente atende cerca de 1,7 mil estudantes, desse total, aproximadamente 850 do ensino médio precisam ser realocados até a realização e conclusão das obras.


Serão destinados R$ 40 milhões para a restauração do prédio, o maior investimento já realizado pelo estado em uma reforma escolar. A expectativa é que o projeto seja concluído em três anos. 

 


Entre as obras previstas, estão reforma completa do telhado, adequação do espaço físico escolar às normas de acessibilidade, a execução do sistema de combate a incêndio e pânico conforme projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros e construção de uma quadra poliesportiva coberta. As intervenções serão feitas em duas etapas para garantir que a escola continue a ser utilizada durante o período.


O secretário da Seinfra, Pedro Bruno Barros, diz que a reforma de prédios históricos envolve grandes desafios. “Existem vários materiais icônicos, itens que não estão mais disponíveis no mercado. Então, tentamos ao máximo dar funcionalidade e adequar a obra à realidade atual, mantendo também os elementos pré-existentes”, afirma.


O incêndio


As chamas começaram por volta das 10h de 22 de março de 2023. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo teve início na sala de arquivos, a última do primeiro andar, no fundo do prédio. A fumaça foi vista de longe. Toda a escola foi evacuada. Quatro viaturas do Corpo de Bombeiros, com 12 militares, além da Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), foram mobilizadas na ocorrência. Apesar do susto, não houve feridos graves, mesmo com 44 pessoas tendo sido atendidas em hospitais de Belo Horizonte. Por volta das 11h30, o fogo foi controlado.

 


Nos meses seguintes ao incêndio, o Estado de Minas conversou com alunos e professores do Iemg, que relataram incômodo ao precisarem mudar do prédio histórico para um prédio provisório para assistir às aulas. “A mudança atrapalhou, perdemos nossa privacidade. Querendo ou não, somos prejudicados porque não temos onde fazer educação física ou as aulas que tínhamos em espaço livre. Queria muito voltar pro outro prédio, mas não sabemos quando isso vai ocorrer”, disse uma aluna que preferiu não se identificar. 

 

Na época, a reportagem conversou também com a arquiteta e urbanista Celina Borges Lemos, professora da Escola de Arquitetura da UFMG, que descreveu o incêndio como “um sinal de alerta, um grito de socorro, de uma edificação que merece ser assegurada. Uma estrutura com essa envergadura e essa sofisticação precisa, como qualquer outro patrimônio, de cuidado e reparo, que vai muito além da mera adaptação em situações emergenciais”.

 

Estrutura


Apesar do passado histórico, o instituto sofre com outras questões estruturais além daquelas causadas pelas chamas, como paredes descascando, janelas danificadas e pisos soltos. Em 2019, um projeto de restauração, orçado em R$25 milhões, deveria ter garantido uma série de melhorias na estrutura. A verba recebida, porém, não chegou a 10% do total necessário para a manutenção.

 

 

Modernos Eternos 


O prédio do IEMG recebe até 14 de julho, a 9ª edição do Modernos Eternos, evento cultural anual de arquitetura, design, décor, arte, história, gastronomia e entretenimento. São 42 ambientes, assinados por 45 renomados profissionais e mais de 100 parceiros envolvidos. 


Criado em 2014, em São Paulo, o Modernos Eternos é realizado na capital mineira desde 2016 por Josette Davis. “O Instituto de Educação marcou a história e a cultura de Belo Horizonte de um jeito muito afetivo, eu mesma estudei lá. Já há algum tempo, o prédio estava precisando passar por restauração, e estamos muito felizes de estar presentes neste momento em que ele finalmente começa a voltar à sua melhor forma. A Modernos Eternos vai homenagear o IEMG e apresentá-lo para a cidade com a importância que merece", celebra a sócia-curadora.


*Com informações de Pedro Faria e Sílvia Pires

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos