A Copasa garantiu que utilizará um método subterrâneo que trará 'impacto mínimo' ao local -  (crédito: Leandro Couri/EM/DA Press)

A Copasa garantiu que utilizará um método subterrâneo que trará 'impacto mínimo' ao local

crédito: Leandro Couri/EM/DA Press

Nos próximos oito meses, o trecho da Avenida Otacílio Negrão de Lima, entre a Alameda das Latânias e a Avenida Carlos Luz, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, estará interditado. Isso porque a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) iniciou, no último dia 17 de junho, as obras de intervenção para garantir que o esgoto coletado na região seja conduzido até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Ribeirão do Onça, evitando que o destino seja a Lagoa da Pampulha.

 


Apesar da interdição, a companhia garantiu que utilizará um método subterrâneo, com tecnologia de construção de metrô, que trará “impacto mínimo” ao local. O procedimento se trata do Novo Método Austríaco de Tunelamento (NATM), considerado não destrutivo. Em BH, será implantado um túnel com extensão total de 175 metros, que atravessará por baixo da Avenida Antônio Carlos (veja a imagem).

 

A rede interceptora atravessa transversalmente a Av. Presidente Antônio Carlos

A rede interceptora atravessa transversalmente a Av. Presidente Antônio Carlos

Copasa/Divulgação

 

O engenheiro da Unidade de Serviço de Expansão Metropolitana da Copasa, Filipe Estevão, é o responsável pelo projeto e explica que o método é novidade para o saneamento, mas a técnica é amplamente utilizada para a construção de estações metroviárias. De maneira simplificada, a escavação será feita diretamente no subsolo, por um maquinário que “joga” o material para trás. Em seguida, será utilizada a técnica de concreto projetado.

 

Estevão garante que a obra pode ocorrer enquanto o trânsito flui normalmente. “À medida que a escavação vai avançando, o concreto em alta pressão é lançado nas extremidades, formando um túnel. Isso garante uma maior segurança para a equipe”, detalha.

 


Para iniciar as obras, a equipe conta com um “túnel de ataque”, um poço vertical escavado em um local estratégico utilizado para facilitar o acesso em diversas direções. Esse túnel será instalado na Praça Aleijadinho, na Avenida Antônio Carlos, porém, a estrutura será “invisível” para a população.

 

Atualmente, a rede interceptora atravessa transversalmente a Avenida Presidente Antônio Carlos no sentido Aeroporto da Pampulha. Serão investidos R$ 13 milhões. Segundo a Copasa, além do menor impacto visual das obras, após a conclusão, o túnel será utilizado como canal condutor dos esgotos domésticos, sem a necessidade de execução de tubulação interna. A concessionária mineira afirmou que se baseou nas instalações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na implantação de redes onde existe intenso tráfego de veículos.

 

 

Outro trecho

 

Começaram nessa quarta-feira (26/6) obras para substituir o trecho de outro interceptor, localizado na Avenida Otacílio Negrão de Lima, entre a Rua Guandu e a Avenida Dom Pedro I, no bairro Jardim Atlântico. Segundo a companhia, as intervenções preveem a implantação de 2,1 quilômetros de interceptor e serão executadas em etapas, ao longo da avenida, com interdições parciais no trânsito, permitindo o desvio dos veículos pelas vias paralelas à orla.

 

Em nota, a concessionária afirmou que o fechamento inicial será realizado entre as ruas Guandu e dos Estados. Durante os serviços, a Copasa manterá a população informada sobre as novas etapas em andamento e, quando necessário, sobre as interdições e alterações no trânsito da região. O término da obra está previsto para janeiro de 2025.

 

Uma nova chance

 

Após determinação do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG), a Copasa, as prefeituras de Belo Horizonte (PBH) e Contagem e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam-MG) devem unir esforços conjuntos para a despoluição da Pampulha. O grupo precisa fazer um diagnóstico geral, atualizar os dados sobre o estado de poluição da lagoa e elaborar um plano, que deve ser executado em quatro anos.

 

Em acordo com a Justiça Federal, a Copasa está obrigada a viabilizar os investimentos e a implementar as ações para que, no prazo de até cinco anos, a totalidade dos esgotos da Bacia da Pampulha seja adequadamente coletada e tratada, impedindo a ocorrência de lançamentos in natura nos córregos e, por consequência, na lagoa.

 

A Bacia Hidrográfica da Pampulha, onde está localizada a lagoa, um dos principais pontos turísticos do estado, ocupa 96 km², com população estimada em 460 mil habitantes. A bacia reúne 507 nascentes, sendo 56% localizadas em Contagem e 44% em Belo Horizonte. Além disso, dispõe de oito afluentes diretos.

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata