Mais duas vítimas do fisioterapeuta Bruno César Luchesi, de 37 anos, suspeito de ser falso médico, procuraram a Delegacia Regional do Barreiro na manhã desta quarta-feira (5/6), segundo a delegada Gislaine Rios, que coordena as investigações. Ele é dono da clínica CME FIT - Clínica Médica do esporte, localizada no Barreiro de Baixo, em Belo Horizonte.


De acordo com a delegada, as vítimas foram à delegacia, mas não quiseram registrar queixas. “Elas disseram que estão com problemas depois de intervenções feitas pelo falso médico, mas que preferem procurar outro profissional e tentar uma recuperação, mesmo que passem por cirurgias.”




 

“Será a partir dos depoimentos que montaremos o inquérito e daremos seguimento às investigações. Mas esperamos que mais vítimas procurem a delegacia e é fundamental que prestem queixa. Até o momento, identificamos três vítimas”, explicou a delegada que ouviu uma delas.


Sem registro


O Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) afirma, em nota, que a clínica não era registrada na entidade, por isso, não teria por que fiscalizá-la.


 

“Informamos que o CRM-MG fiscaliza médicos e empresas prestadoras de serviços médicos, registradas no CRM-MG ou que tenham como atividade principal em seu Cartão Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ atividade médica”, afirma a nota


Já o Conselho Regional de Fisioterapia da 4ª Região (Crefito-4) e o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito), admitem que a clínica era registrada em ambos os órgãos.


Hoje, a diretoria da Crefito-4 se reuniu para tomar uma posição com relação ao caso. Uma fonte do Estado de Minas informou que existe uma pressão por profissionais de fisioterapia para que a entidade tome uma posição.


Pelo segundo dia consecutivo, a clínica CME FIT permanece fechada. Nem mesmo as funcionárias compareceram ao local nesta quarta-feira. Sabe-se que as funcionárias estão preocupadas com relação ao que acontecerá com elas, uma vez que estão sem trabalho.

 

Entenda o caso

 

 

Na última segunda-feira, depois de receber uma denúncia, de uma vítima, que tem problemas no joelho, a delegada Gislaine Rios determinou que uma equipe da Delegacia regional do Barreiro fosse até a clínica e lá, conseguiram provas contra o fisioterapeuta.


“Eles até esperaram que o falso médico terminasse um atendimento. Pediram a documentação e foi descoberto que ele não possuía registro do Conselho Regional de Medicina (CRM). Apresentou o certificado do Conselho Federal de Fisioterapia, que, no entanto, não lhe permite trabalhar como médico para procedimentos nas áreas de terapia ortomolecular, medicina do esporte, ortopedia, traumatologia e emagrecimento”, diz a delegada.


Logo nas primeiras investigações, ainda na clínica, os policiais descobriram que Bruno utilizava CRM de médicos já falecidos, de outros estados e de médicos inativos. “Ele tinha carimbos que aplicava em receitas, sempre com CRMs falsos. O fisioterapeuta utilizava, na maioria das receitas, um carimbo de um médico de Alagoas, cujo primeiro nome é o mesmo seu e a primeira letra do sobrenome também é igual á dele”, conta ela.

Segundo a delegada, na maioria dos casos, as vítimas eram atraídas por ele cobrar bem menos que clínicas especializadas em emagrecimento. “Normalmente, um tratamento custa, em média, R$ 20 mil. Ele cobra R$ 7 ou R$ 8 mil, ou seja, muito mais barato.”

Antes de ser preso, o falso médico Bruno tentou se safar da cadeia, apresentando diplomas de cursos de EAD (Educação à Distância), mas isso, segundo a delegada Gislaine, não é aceito nem permitido por lei. “Não é aceito nem pelo Conselho Federal de Fisioterapia”, diz ela.

“Ele não tem habilitação para exercer a profissão de médico. Está sendo indiciado pelos crimes de falsidade ideológica, exercício ilegal da profissão e estelionato”, afirma a delegada. A clínica funciona há seis anos e o diploma de fisioterapeuta é de 2011.

"Conseguimos receitas dadas pelo fisioterapeuta, de medicações controladas, que eram receitadas rotineiramente para os pacientes. Isso demonstra, ainda, que os pacientes corriam um alto risco”, diz a delegada Gislaine.

 

Reportagem em atualização.


 

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