Na semana do meio ambiente, o Governo de Minas disponibilizou uma versão atualizada do Índice Mineiro de Vulnerabilidade Climática (IMVC), originalmente desenvolvido em parceria com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). O lançamento da ferramenta ocorreu no Palácio da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH, na última terça-feira (4/6).

 

O IMVC calcula o grau de suscetibilidade de uma cidade aos efeitos adversos do clima e serve de apoio aos municípios para o desenvolvimento de ações de baixo carbono e de adaptação territorial.

 

Em sua primeira versão, de 2014, 52% dos municípios mineiros possuíam um grau alto, muito alto ou extremo de vulnerabilidade climática.

 



 

Em 2024, o índice passou para 62% dos municípios mineiros. Ou seja, passados dez anos, cerca de 85 dos 853 municípios mineiros tiveram piora em seus aspectos e entraram para a lista de cidades com grau alto a extremo de vulnerabilidade.

 

“Nesse documento de vulnerabilidade de 2014, já havia indicativos muito claros de áreas ou de políticas públicas que precisariam ter atenção. O que a gente percebeu, entre 2014 e hoje, é que a política do estado, e a destinação de recursos por consequência, levou muito pouco em conta as informações do índice de vulnerabilidade”, afirma a arquiteta e professora do Departamento de Tecnologia da Construção da UFMG Rejane Magiag Loura.

 

Para além de um baixo investimento na prevenção dos possíveis impactos climáticos nos municípios mineiros, a especialista aponta o aumento das temperaturas e a diminuição da umidade em todo o estado como prováveis responsáveis pelo aumento do número de cidades em alto grau de vulnerabilidade.

 

 

“Acho que a situação se agravou porque a condição do clima piorou muito. Por outros trabalhos que tenho realizado, foram feitas análises climáticas de nove cidades em diferentes regiões de Minas Gerais, e, nos últimos 13 anos, os dados climáticos tiveram uma alteração muito significativa”, analisa Loura.

 

Em um cenário no qual o Brasil acompanhou a destruição causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul no mês passado, a divulgação do índice se torna um aviso para o poder público perante a crise climática.

 

“Esse documento só faz sentido se ele de fato servir como um guia para o planejamento das ações do estado. Nesse contexto que a gente vive hoje, publicar uma atualização se na sequência não vier o alinhamento das políticas e do orçamento público caminhe para uma situação de maior segurança dos municípios, não adianta nada”, explica Loura.

 


O índice

 

O Índice Mineiro de Vulnerabilidade Climática segue parâmetros do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), organização científico-política que atua no âmbito das Organização das Nações Unidas (ONU). Essa avaliação de risco é amplamente reconhecida e usada em diversos países.

 

São levados em consideração três fatores: sensibilidade, ou seja, o grau no qual um município é influenciado pela variabilidade ou pelas mudanças climáticas; a capacidade de adaptação às mudanças climáticas a fim de atenuar os danos potenciais ou enfrentar as suas consequências; e a exposição, que analisa a natureza, a amplitude e o ritmo da variação climática a qual o município está exposto.

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