A adolescente Mirelle Alves dos Santos, de 13 anos, que fugiu de um abrigo em Betim, na Grande BH, na quinta-feira passada (6/6) e estava desaparecida , foi encontrada nesta segunda-feira (10/6). Segundo a mãe, Ana Cláudia, de 36, a adolescente entrou em contato com duas tias pelo Instagram, diante da repercussão do caso. 

 

Ela desapareceu ao sair para ir à Escola Municipal Maria José Campos, no Bairro Novo Horizonte. Mesmo em contato com as familiares, Mirella não quis dizer onde estava e as bloqueou no aplicativo. A menina não tem acesso ao telefone ou redes sociais na casa de acolhimento e, conforme Ana Cláudia, ela acessava escondido na escola.

 

 

 


As conversas com a mãe eram feitas por vídeochamada, com alguma monitora por perto. Ana afirmou que ligou hoje, ainda pela manhã, para o abrigo, avisando que recebeu notícias por meio das irmãs. A assistente social disse que Mirella já havia retornado, garantiu que ela estava bem e entraria em contato nos próximos dias.




 

“As minhas irmãs me disseram que ela não queria mais voltar, não queria ficar no abrigo, mas que não iria contar para onde fugiu. Eu penso que a pessoa que estava com ela deve ter se sentido ameaçada com toda a repercussão das fotos dela e percebeu que isso poderia gerar problemas, por ela ser menor. Pode ser que tenha levado ela ao ônibus ou direto ao local, mas o abrigo me disse que ela apareceu por lá sozinha”, disse Ana, ainda sem contato com a filha e aguardando o retorno da assistente social.


A reportagem tentou contato com a Casa Viver, em Betim, mas não houve retorno até o fechamento da publicação. 



 

Relembre o desaparecimento

A adolescente fugiu na quinta-feira (6/6), quando ia para a escola e não retornou ao abrigo em que morava. Sua mãe Ana Cláudia, em entrevista ao EM, admitiu vícios em álcool e cocaína, mas afirmou que estava sóbria há pelo menos quatro meses.

 

Além do tratamento no Centro de Atenção Psicossocial e outras drogas (Caps AD), Ana disse que havia acabado de iniciar em um novo emprego em Betim quando a filha sumiu. O boletim de ocorrência foi registrado por ela no dia seguinte ao desaparecimento em uma base da Polícia Militar.


“Uma monitora me mandou mensagem no WhatsApp falando que minha filha tinha fugido. Ela disse que, quando o transporte escolar chegou [no colégio], a Mirella não estava lá. Como, a partir daí, comecei a ficar sem notícias, procurei a PM, embora eles [o abrigo] já tivessem comunicado à polícia, segundo me disseram. Na terça, conversei com minha filha por videochamada, e ela ameaçou fugir. Disse que não queria ficar mais lá. Agora, estou recorrendo à mídia porque estou desesperada”, contou.


 

Os irmãos de Mirella também estão em casas de acolhimento, mas eles se abrigam no Bairro Espírito Santo. O primeiro a ser levado pelo Conselho Tutelar foi o filho de 10 anos. “Ele fez aniversário em 8 de abril. Duas semanas depois, ele foi recolhido. Daí, foram pegando um por um. Estou há quatro meses sem beber e sem fazer uso de cocaína. Consegui me livrar disso e faço tratamento no Caps. Mesmo diante do vício, sempre fui boa mãe. Nunca deixei faltar nada para eles. Mas aí, em 2021, o Conselho Tutelar começou a ficar em cima de mim. Fui acusada de deixar meus filhos sozinhos em casa, mas isso não é verdade”, alega a mãe. Todas as crianças, por determinação da Justiça, estão em casa de acolhimento.

 

Segundo Ana Cláudia, o pai das crianças nunca deu assistência. Ela também confirmou que irá ao Fórum de Betim na próxima quarta-feira (12/6) apresentar informações à Vara da Infância e Juventude sobre as visitas feitas aos filhos nos abrigos, além de prestar esclarecimento sobre o tratamento no Caps. Ela diz que pretende retomar a guarda deles, mas que ainda não há previsão de audiência com essa finalidade.

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice 

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