Os irmãos do pequeno José Guilherme, de 7 anos, que morreu na última sexta-feira (7/6) com sinais de desnutrição, continuarão sob os cuidados do Conselho Tutelar de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As três crianças moravam com o irmão, a mãe e o padrasto, mas foram colocados em uma Casa Lar, desde a descoberta dos maus-tratos. 


Durante o sepultamento do neto, Maria Antônia Contreras afirmou que espera por justiça e que vai tentar a guarda dos meninos e levá-los para Sergipe, onde mora. De acordo com a Prefeitura de Lagoa Santa, uma equipe da Diretoria de Desenvolvimento Social está trabalhando para oferecer o suporte necessário aos familiares, além de garantir “o devido encaminhamento dos trâmites legais pertinentes” à situação. 




 

Para prezar pela privacidade e segurança dos garotos envolvidos, o caso foi colocado sob sigilo. “Reiteramos nosso compromisso inabalável com a proteção e cuidado das crianças, e continuaremos a trabalhar incansavelmente para garantir seu bem-estar e segurança. Reforçamos também que, em qualquer suspeita da violação dos direitos das crianças e adolescentes, a população pode fazer uso do Disque 100 para denúncias.” 


Rotina de abusos 


Os responsáveis por José Guilherme foram detidos depois que médicos da Santa Casa de Lagoa Santa acionaram a polícia devido ao seu quadro clínico delicado. Em um primeiro momento, o padrasto do garoto informou que ele estava doente havia seis dias, que não se alimentava e vomitava “coisas verdes". Depois, o homem confessou que deixava o enteado sem comida. 


 

O castigo, segundo Vitor Aprigio, acontecia porque o menino comia demais e ele temia que faltasse alimento para as demais. Além de José Guilherme, moravam com o casal outras três crianças. Os mais velhos têm 10 e 13 anos e o mais novo um mês e meio. No dia do crime, policiais estiveram na casa da família e encontraram mantimentos. 

 

Crislaine Contreras, de 27 anos, mãe das crianças, afirmou que não concordava com as condições a que o filho era submetido e tentava alimentá-lo escondido do marido. No entanto, o homem retrucava dizendo que a ela estava deixando a criança “com muita ousadia”. A mulher ainda contou aos policiais, que chegou a ver o filho comendo ração de cachorro escondido. Quando questionada o que fez ao presenciar o fato, não deu mais detalhes e se limitou a dizer que “não conseguia mais falar sobre o caso”.


 

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