Depois de duas tutoras denunciarem o possível envenenamento de cães em calçadas de prédios nas ruas do Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que vai investigar o caso. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) enviou, nesta sexta-feira (21/6), um ofício solicitando a apuração do caso.
Em nota, a PCMG informou que, por meio da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Fauna (DEMA), instaurou inquérito a fim de apurar os possíveis envenenamentos de cães na região. Outras informações serão repassadas ao término das investigações. A SMMA informou que está monitorando a situação e que esteve no local do possível crime. A secretaria informou, ainda, que denúncias sobre suspeitas de maus-tratos, como envenenamento intencional de animais, devem ser encaminhadas a DEMA.
Dentre as denúncias, feitas inicialmente nas redes sociais, está a da professora Leandra Batista, que alega que seus dois cães foram vítimas de envenenamento depois de passearem pela calçada de um prédio na Rua Ulisses Marcondes Escobar, no Buritis, no dia 6 deste mês. O ocorrido provocou apreensão em outros moradores que possuem pets. Eles deixaram de frequentar ruas do bairro com seus animais de estimação.
De acordo com a tutora dos cachorros intoxicados, ela saiu com os animais, como de costume, até que um deles demonstrou ter uma reação. No mesmo dia, ao voltar para casa, o cachorro macho, de 14 anos, passou a espirrar e lamber as patas desesperadamente. A dona dos cães o higienizou e, então, ele dormiu, mas, no dia seguinte (7/6), ele teve de ser internado logo pela manhã, pois estava com febre.
Poucas horas depois, o outro cachorro, uma fêmea de 16 anos, também apresentou um quadro de intoxicação e teve que ser internada. Ambos ficaram internados por seis dias recebendo medicação e, como sequela da intoxicação, tiveram disfunção renal e infecção urinária. Devido aos problemas gastrointestinais, os animais foram diagnosticados com anemia na última quarta (19) e seguem sob medicação.
Agora, a dona dos animais sente medo de andar com os animais na rua novamente e espera que não aconteça o mesmo com outros animais.
“Eu não tenho coragem mais de colocar os meus cachorros para andar nem ali na minha rua, porque eu fiquei sabendo que na rua de cima também já tiveram alguns casos, mas não sei se as pessoas divulgam ou acham que é norma. Então, de agora para frente, meus cachorros são do colo para o carro, do carro para dentro de casa”, desabafa Leandra.
Segundo caso
A outra denúncia veio da consultora de imagem Anita Rezende, dona de um maltês de dois anos, que alertou nas redes sociais sobre o caso. Na publicação, ela disse que passeou pelas ruas Ulisses Marcondes Escobar e Fidelis Martins, mesmas vias por onde os outros animais envenenados percorreram, antes da internação do pet.
De acordo com a consultora, o animal comeu um punhado de grama em frente a um dos prédios das ruas citadas no dia 13 e, ao voltar para casa, começou a vomitar. Como a tutora conhece a rotina e os hábitos do pet, ela sabia que algo estava errado.
No domingo (16/6), o animal apresentou sangue nas fezes, e a responsável o levou a uma clínica veterinária, onde foi constatado o envenenamento. O cachorro tomou soro e medicação e foi liberado na segunda-feira (17), mas, segundo a consultora, ele se encontra prostrado. De acordo com a clínica, ainda não é possível dizer se o maltês vai sofrer com sequelas da intoxicação.
Em entrevista ao Estado de Minas, a tutora de Nino relatou o ocorrido e revelou o susto que tomou diante da situação. Para ela, os animais têm sido um grande apoio emocional e ter passado por isso a deixou abalada.
“Ele está bem prostrado, ele não consegue subir na minha cama, que é mais alta. Ele sempre foi muito animado, sabe? Ele está muito prostrado, andando com dificuldade. E ela (veterinária) disse que é só com o tempo para ver se não vai ter sequela. Hoje foi a primeira vez que ele voltou a comer ração, mas come só um pouquinho. Ele só quer saber de ficar escondidinho debaixo do fogão. Ele mudou completamente”, conta Anita.
Ruas vazias
A reportagem esteve no local denunciado e tentou contato com o síndico do prédio do Bairro Buritis, mas não obteve retorno. Um dos moradores do edifício em questão informou que não sabia da situação e que não há cães naquele condomínio. Na região, moradores de outros prédios relataram estar com medo de sair nas ruas com seus pets e que perceberam as ruas esvaziadas depois da divulgação do caso nas redes sociais. Segundo a moradora Eliane Tito, tutora da cachorra Amstel, a situação é de medo.
“Eu estou refém com a Amstel, porque a gente não sabe onde está sendo colocado ou o que foi usado, então nós estamos preferindo não sair ou sair pouca distância por causa da colocação desse veneno todo que estão dizendo que realmente está acontecendo aqui no Buritis”, diz Eliane.
Moradores do bairro colocaram cartazes nos postes da Rua Ulisses Marcondes Escobar para alertar outros donos de cães sobre possível grama com veneno. “Senhores tutores de cães, cuidado, grama envenenada. Estamos unidos e atentos. Denuncie!”, diz um dos cartazes.
O portal do Bairro Buritis expôs nas redes sociais o relato de uma síndica de um dos condomínios da rua. Segundo o comunicado, ela diz: "Muitos vizinhos estão abordando e xingando os moradores de nosso prédio por causa dos problemas das gramas dos jardins na nossa rua. Queria expor a nossa história. Em janeiro eu troquei toda grama do nosso jardim para a grama amendoim. Além dela ser mais bonita ela tem menor manutenção. Tudo utilizado foi vegetal e nenhum adubo químico que possa prejudicar a vida animal. Porque além dos cachorros que passam, têm pássaros, grilos e outros. Molho o jardim quase todos os dias por causa da grama. Pro nosso bairro ficar melhor e mais bonito pra todos. Sou formada em medicina veterinária e repudio qualquer maltrato aos animais".