Cinco pessoas foram presas e nove estabelecimentos irregulares foram identificados em operação na manhã desta terça-feira (25/6) que fiscaliza as fraudes na rede de abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os dados revelam que, em Minas Gerais, existem cerca de 300 mil ligações clandestinas ou irregulares.
A Operação Waterfall (cachoeira em inglês) mobilizou 160 profissionais da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e das polícias Civil e Militar. Os alvos foram redes de motéis e de academias de ginástica na capital, Santa Luzia, Sabará e Contagem. Estão sendo avaliadas 20 ligações em diversos endereços, sendo nove estabelecimentos identificados com irregularidades e oito descartados de fraude. Dois casos, em específico, foram encaminhados ao laboratório central da Copasa para confirmação da suspeita.
Segundo a Copasa, a perda de água atinge um índice médio de 38%. Desse total, cerca de 40% são provenientes das fraudes nas ligações. A estimativa do prejuízo financeiro é de R$ 180 milhões de perdas anuais, sendo 480 litros de água perdidos por dia em cada ligação na Grande BH. Para se ter uma noção da realidade, o diretor de Relacionamento e Regulação da Copasa, Cleyson Jacomini, afirma que, das mais de 1,5 milhão de ligações na Grande BH, 120 mil são irregulares.
"É importante salientar que, quando há um processo de desvio de água, afeta a coletividade. As pessoas precisam entender que, quando desviam água, elas geram um desequilíbrio no nosso sistema. Temos uma concentração da produção de água aqui na Região Centro-Sul, e, se houver muitos desvios nesse caminho, o que tem ocorrido, essa água demora a chegar em Ribeirão das Neves, Esmeraldas e Pedro Leopoldo, por exemplo", diz.
No estado, as irregularidades chegam a 300 mil. “Observamos que não existe especificidade, como em comunidades, mas as fraudes estão espalhadas por tipos de clientes. Felizmente estamos vivendo um processo de dois anos sem problemas de racionamento, mas isso precisa ser atentado agora, no momento da necessidade vai faltar para o fraudador e para quem é regular”, destaca.
O diretor de relacionamento da Copasa recomenda que aqueles que não estão regularizados procurem a empresa pelo site na internet, antes que possam ser multados, com sanções que vão até 15 vezes o valor do consumo médio do cliente. Para chegar nos imóveis dos possíveis fraudadores, Cleyson explica que é feito um trabalho de inteligência. "São utilizadas até inteligências artificiais para que a gente possa fazer cruzamentos com portes de imóveis compatíveis com o consumo que eles vêm apresentando", diz.
Apesar da operação desta terça (25), o gerente de serviço de Hidrometria e Perdas da Copasa, Valter Lucas, explica que o processo de fiscalização é rotineiro. “Estamos fazendo uma verificação, uma avaliação se existe uma rede paralela abastecendo sem passar pelo nosso hidrômetro", informa.
De acordo com Valter Lucas, os 'gatos de água', como são popularmente conhecidos, acontecem por meio de uma ligação única. "Quando você solicita um serviço para Copasa, a gente tem um cavalete, um hidrômetro para abastecer aquele modo. Então, o que temos encontrado nessas ligações de fraude é que esse cliente empurra a água, ele passa pelo sistema de medição e abastece o imóvel sem passar pelo hidrômetro", diz.
O especialista afirma que as fraudes podem contaminar as tubulações de água de um bairro ou até de uma cidade. "É um prejuízo para a sociedade, de forma que, o custo desse 'gato' é rateado na tarifa de todos os clientes da Copasa. Além da pressurização das nossas redes de abastecimento, visto que aquele cliente que antecede a região mais alta, e consome de forma irresponsável por não pagar, faz faltar água nas partes mais elevadas", ressalta.
Para quem quiser denunciar desvios e furto de água, basta ligar no 181. A denúncia é feita anonimamente.
*Estagiário sob supervisão