O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) inaugurou, na manhã desta segunda-feira (1°), o Laboratório de Ciência, Tecnologia e Inovação (LCTI), na Academia de Bombeiros Militar, localizada no Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte. O centro de pesquisas terá como foco o estudo da prevenção e combate a desastres, como rompimentos de barragens e incêndios florestais.
O objetivo da iniciativa é tornar as respostas dos militares mais rápidas e eficientes sobre os desastres que acontecem em Minas Gerais. Para isso, o projeto terá colaboração de universidades federais. Parceria ressaltada pelo Chefe do Centro Intersetorial de Pesquisas em Alterações Climáticas e Redução do Risco de Desastre Major Vitor da Costa Leite.
“Quem vai testar e validar se aquele dado é ou não real é os bombeiros. Então, as universidades irão acessar nossos bancos de dados para terem de fato uma pesquisa aplicada e não apenas uma pesquisa básica. É preciso que se ande junto”, destaca.
O major explica que o Corpo de Bombeiros conta com mais de 20 grupos de pesquisas de diversos desastres. Ele acredita que a aliança com as universidades irá elevar o patamar de estudos na área. “Neste nosso laboratório vamos poder definir ideias, fazer projetos de pesquisa e traçar iniciações científicas, tanto para nosso público interno da graduação, quanto também para as universidades”, afirma.
Ao todo, serão oito universidades parceiras, além de centros de pesquisas do estado, que irão receber dados das ocorrências atendidas pelos bombeiros e compartilharão estudos na área. Equipamentos de alta tecnologia, como impressoras 3D de mapas e mesas modulares irão impulsionar os estudos. “Minas Gerais tem uma malha rodoviária enorme e há uma dificuldade muito grande de se chegar com tempo. Então nossas técnicas têm que ser cada vez mais eficazes e eficientes, para reduzir ao máximo o risco que se impõe. E a técnica advém da ciência”, afirma Vitor.
Dados do CBMMG revelam que casos de incêndio em vegetação registrados no mês de maio em Minas Gerais cresceram 114% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 3.419 registros - o maior número para o mês desde o início da série histórica em 2020. Por consequência, os bombeiros ampliaram o efetivo após aumento de incêndios florestais no estado.
“Naturalmente, teremos em agosto e setembro enormes incêndios. Então, precisamos saber por que esses incêndios acontecem e por que eles ocorrem e é através da ciência. Nós temos estudado, por exemplo, drones para combate a incêndio florestal ou em campanhas preventivas nos entornos das unidades de conservação”, enfatiza o major.
Os Bombeiros informaram que no Brasil, existem atualmente mais de 900 barragens, e em Minas são 340 barragens de rejeitos. Segundo levantamento apresentado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), entidade que representa as maiores mineradoras do país, o número de barragens de mineração que usam o método de alteamento a montante teve uma redução de 29,7% no país desde a tragédia ocorrida em janeiro de 2019, em Brumadinho, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Além das barragens e incêndios, o projeto também irá buscar as melhores ações de prevenção e combate ao período chuvoso, acidentes de trânsito, incêndios urbanos e outras ocorrências cotidianas. O deputado federal Pedro Aihara ressalta a importância do centro para elevação da capacitação técnica dos militares. “Coisas grandes nem sempre começam grandes, às vezes, elas começam pequenas para se tornarem gigantes. Quando você ligar para o 193 irá receber profissionais muito mais capacitados”, diz.
- Desastre de Brumadinho: cinco anos de uma tragédia inesquecível
O projeto surgiu com apoio financeiro do Fundo Especial do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG). Em agradecimento, o representante do MPMG Ulisses Oliveira recebeu uma homenagem entregue pelos militares. O comandante geral dos bombeiros Erlon Dias destacou a inauguração do laboratório como marco histórico para a corporação. “É um sonho que estamos realizando. Vamos trocar experiência e que a ciência nos ajude a contribuir melhor com nossa profissão para a comunidade”, afirma.
Tecnologia e ciência
O laboratório é uma iniciativa do Centro Intersetorial de Pesquisa em Alterações Climáticas e Redução do Risco de Desastres (Cipard), que é um centro inteiramente dedicado à execução e concepção de projetos científicos e tecnológicos que destaca a importância da produção acadêmica e científica vinculada às demandas logísticas, administrativas e operacionais da corporação.
O centro de pesquisas contará com a colaboração de várias instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN); universidades federais de Juiz de Fora, Viçosa, Itajubá, Uberlândia e Triângulo Mineiro; Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e Universidade Federal Fluminense.
Estiveram presentes também no evento autoridades da Secretaria de Estado de Educação (SEE), da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e da Secretaria de Desenvolvimento (Sede).