O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, anunciou, nesta terça-feira (2/7), o fim da emergência em saúde pública no estado em razão das arboviroses, em especial a dengue. “Foi a maior epidemia da história”, ressaltou.
O Decreto NE Nº 64, de 26 de janeiro de 2024, com validade de 180 dias, estaria em vigor até 24 de julho. Porém, segundo a SES-MG, por causa da queda contínua de notificações de casos de dengue, zika e chikungunya nas últimas semanas, o período pôde ser antecipado. A revogação foi publicada no Diário Oficial do Estado dessa segunda-feira (1/7).
Com o texto em vigor, 267 municípios mineiros decretaram emergência, o que facilitou compras e contratações.
"Conforme nossa expectativa, no final do primeiro semestre seria o fim da emergência em arboviroses. Temos um ano de dengue histórico, com mais de 1,6 milhão de casos, muito acima de anos anteriores e dos maiores anos epidêmicos da nossa história. É a maior epidemia da história do mundo, das Américas e não foi diferente no Brasil e em Minas Gerais, com quase um milhão de casos confirmados", afirmou o secretário.
O secretário destacou que o próximo período sazonal preocupa por causa da circulação do sorotipo 3. Mas, segundo ele, o governo vai continuar investindo em prevenção e vacinação.
Maior epidemia de dengue
Minas Gerais viveu, desde novembro de 2023, a maior epidemia de dengue da série histórica, ficando atrás somente de São Paulo entre os estados com o maior número de casos.
Até 1º de julho (27ª semana epidemiológica), foram notificados 1.655.644 casos prováveis de dengue no estado, sendo 970.216 confirmados. Desses, 15.014 foram considerados graves ou com sinal de alarme. Foram confirmadas 764 mortes e outras 732 estão em investigação.
O pico de casos ocorreu na 9ª semana epidemiológica, entre 25 de fevereiro e 2 de março, quando foram registrados 134.076 casos. Desde a 14ª semana, entre 31 de março a 6 de abril, os números seguem em queda. Na 25ª semana epidemiológica, entre 16 e 22 de junho, foram notificados 3.528 casos.
Somente 58 municípios mineiros permaneceram, entre a 22ª e 25ª semana, com incidência de casos na faixa muito alta, sendo 63 na alta, 208 na média, 342 na baixa e 182 considerados silenciosos.
Letalidade
Baccheretti destaca que a incidência da doença em Minas, número de casos pela população, foi menor que em outros estados.
"Minas Gerais, apesar de ter tido muitos casos, teve a menor letalidade entre os estados com maior número de casos. Isso mostra que o preparo que fizemos surtiu um efeito muito positivo. Conseguimos ter menos pessoas evoluindo para óbito."
O secretário destaca que a menor letalidade está vinculada a um grande investimento em prevenção, feito desde 2019. "A capacitação foi, sem dúvidas, o melhor caminho. Capacitar o profissional e a rede de assistência, garantindo que um paciente hipertenso, idoso, gestante, seja acompanhado."
Segundo ele, essa capacitação foi a forma mais eficiente de salvar vidas, explicando qual é o protocolo. "É uma doença que não tem antibiótico, o tratamento é hidratação, geralmente, oral. E a hidratação venosa, quando é dada, por exemplo, em pacientes com doenças cardíacas, pode ser a causa da morte. Por isso, a capacitação é muito importante."
Chikungunya e zika
Em relação à chikungunya, até o momento, foram notificados 143.995 casos prováveis, sendo 109.953 confirmados. Foram registradas 83 mortes pela doença e 32 seguem em investigação.
O pico de notificações aconteceu na 8ª semana epidemiológica, entre 18 e 24 de maio, com 12.198 casos notificados e, desde a 14ª semana, seguem em queda. Na 25ª semana epidemiológica foram notificados 202 casos.
Entre a 22ª e 25ª semana epidemiológica, somente dois municípios mineiros permaneceram na faixa de incidência muito alta para a doença, estando 10 na média, 144 na baixa e 697 considerados silenciosos.
Até 15 de junho, foram registradas 36.196 internações por dengue e 196 por chikungunya no estado.
O número de casos prováveis de zika chegou a 275 notificações com a confirmação de 38 casos (registrados pelos municípios no Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan). Porém, a Secretaria de Estado de Saúde destaca que não há registro de casos de zika confirmados por método direto (RT-PCR) desde 2018, no estado.