Por que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o “Bola”, estava em liberdade, se ele é um dos condenados pela morte de Eliza Samúdio, juntamente com o ex-goleiro Bruno?
O ex-policial foi beneficiado pelo sistema de progressão de pena, já que tinha cumprido grande parte de sua condenação em regime fechado.
Eliza Samúdio desapareceu em 2010, quando tinha apenas 25 anos, e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno. As investigações apontaram que “Bola” tinha participado da execução e desaparecimento do corpo, que segundo informações, foi esquartejado e jogado a cães famintos.
Em 2013, “Bola” foi julgado e condenado a 22 anos e três meses de cadeia. A acusação é pela morte e ocultação do cadáver de Eliza, e ainda pelo sequestro do filho de Bruno e Eliza.
E por cumprir grande parte da pena em regime fechado, teve direito ao benefício de progressão de regime. “Bola” cumpriu parte da pena num presídio, indo depois para o regime semiaberto.
A partir de 2023, ele foi para o regime aberto, ou seja, passando a cumprir prisão domiciliar.
Antes de ir para um presídio, “Bola” ficou preso. Durante todo o tempo em que aconteciam as investigações da morte de Eliza Samúdio, ele estava encarcerado. E esse tempo contou para o cumprimento da pena. Os dois tempos, aguardando a investigação e depois a condenação, lhe deu direito ao regime de progressão de pena.
O outro crime
Agora, “Bola” começa a cumprir pena por outro crime, o assassinato do motorista Devanir Claudino Alves, ocorrido em 2009, ou seja, um ano antes da morte de Eliza Samúdio.
Ele, que estava detido na Casa de Custódia da Polícia Civil, foi transferido na manhã desta quinta-feira (4/7), para o Presídio de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segundo informação da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
"Bola" estava morando em uma casa, no Bairro Santa Clara, em Vespasiano, na Grande BH, onde foi preso nessa quarta-feira (3/7). Ele não reagiu, se entregou, segundo os agentes do Grupo Especializado em Recobrimento (GER) da 3ª Região.
O crime a que é, agora, condenado, ocorreu em 2009. Ele matou o motorista Devanir, a mando do comerciante Antônio Oswaldo Bicalho, que o contratou.
O assassinato ocorreu no Bairro Juliana, localizado na zona norte de Belo Horizonte. O julgamento e a condenação aconteceram em 2019, ou seja, 10 anos depois do crime cometido. “Bola” e o comerciante foram condenados a 16 anos de prisão, em regime fechado.
Na época do julgamento, eles receberam o direito de recorrer em liberdade, mas o ex-policial já cumpria pena pela morte de Eliza Samúdio. Como o caso está sob sigilo, não é possível saber desde quando Bola estava solto.
Ele também não tinha sido preso anteriormente, pois ainda havia possibilidade de recursos, que se esgotaram.
Na última segunda-feira (1º), o juiz da Vara de Execuções Criminais determinou a prisão do ex-policial e do comerciante mandante do crime.