O grupo de candidatos negros apresentou um recurso contra o resultado do concurso à UFMG, além de denúncias à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Ministério Público Federal (MPF) -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM)

O grupo de candidatos negros apresentou um recurso contra o resultado do concurso à UFMG, além de denúncias à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Ministério Público Federal (MPF)

crédito: Gladyston Rodrigues/EM

Após aprovar apenas candidatos brancos em um concurso com uma única vaga afirmativa para negros, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiu anular uma das avaliações que foi considerada irregular por parte dos candidatos. A suposta fraude teria ocorrido na fase de apresentação do seminário, que, segundo a candidata Giselle Magalhães, de 37 anos, é uma avaliação “parcialmente subjetiva”. A universidade publicou um documento comunicando a decisão na sexta-feira (5/7). 

 

 

O grupo de candidatos negros apresentou um recurso contra o resultado do concurso à universidade, além de denúncias à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Ministério Público Federal (MPF). A decisão da UFMG afirma que os candidatos que realizaram a prova de apresentação serão convocados com até 30 dias de antecedência para o comparecimento no local estabelecido para a realização da prova. 

 

A insituição, no entanto, afirma que os recursos e denúncias oferecidos contra a avaliação não foram considerados, uma vez que a avaliação foi anulada por questões técnicas na aplicação. Segundo os candidatos, os concorrentes assistiram às apresentações do seminário. Porém, o regulamento do concurso aponta que “é vedado ao candidato assistir à realização das provas dos demais candidatos".  

 


Giselle e as outras duas candidatas negras obtiveram em média 45% de aprovação na etapa anulada. Ela alegou, no entanto, que na avaliação de currículo, atingiu a primeira colocação com 95 pontos, e na prova escrita, 71% de aprovação. A média geral de Giselle foi de 69,9%, em contrapartida, a nota de corte era 70 pontos. 


A candidata Raquel Duque, que também disputava a vaga afirmativa para negros, não atingiu a média de corte. Ela contou que obteve 90 pontos na análise de currículo e 70 pontos na avaliação escrita, mas, na etapa da apresentação do seminário, foi surpreendida com 46,2 pontos. “O que causa estranheza é a situação atípica de colocar notas extremamente baixas para mulheres negras”, apontou a candidata.


“Eu não estou magoada por não ter sido classificada, isso poderia acontecer. Mas a minha questão é que, mesmo com uma política afirmativa, eles conseguem burlar para que entre um candidato branco, é preocupante”, afirmou Giselle. 


 

A defesa de Giselle informa que aguarda uma resposta aos pedidos da candidata para ter acesso aos vídeos e as atas fundamentadas de suas notas. “Isso é muito importante porque é aí que a gente vai ver a percepção da banca sobre a candidata e seu conhecimento técnico”, afirma. 


“Esperamos que a UFMG reconheça a necessidade de alterar a composição dessa banca, pois ilegalidades são cometidas por agentes públicos, as pessoas precisam ser responsabilizadas, pois no mínimo estavam despreparadas para um concurso. A banca precisa ser modificada para que haja imparcialidade de um novo julgamento. A gente espera também que haja um esforço institucional de ter uma mulher ou um homem negro nessa banca”, destaca a defesa. 

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice