Gabi Campbel será homenageada por amigas próximas em momento propício -  (crédito: Arquivo pessoal/Reprodução)

Gabi Campbel será homenageada por amigas próximas em momento propício

crédito: Arquivo pessoal/Reprodução

 A artista mineira Gabi Campbel, de 50 anos, receberá uma homenagem póstuma de suas amigas mais próximas assim que o inquérito de seu assassinato for concluído. É o que diz Walkiria La Roche, diretora estadual de Políticas de Diversidade de Minas Gerais e amiga de Gabi.

 

De acordo com ela, familiares têm repassado algumas informações sobre o andamento do caso, mas nada pode ser considerado concreto, já que não partiu das autoridades.

 

“Eu pretendo ir, pessoalmente, conversar com a delegada Alessandra Wilke para ter uma informação mais correta. Entendo perfeitamente que a criminalidade aumentou e que assistimos recentemente a inúmeros homicídios e tentativas em Belo Horizonte, e por isso eles ficam cheios de trabalho. Mas para amigos, parentes e fãs, é impensável que ainda não tenham alcançado esse sujeito”, conta Walkiria.


Ao Estado de Minas, a diretora revelou que Gabi não teve um velório, mas ela e outras amigas pretendem organizar uma homenagem à artista em momento mais propício.


“Queremos que a justiça seja cumprida e que ela sirva como um marco para que nenhuma outra mulher sofra nas mãos de pessoas como esse sujeito, seja para roubar, estuprar, ou realizar qualquer outro crime descabido”, explica.


“Não queremos que ela seja apenas um número da estatística. Quando os casos envolvem mulheres – principalmente as trans –, as pessoas tentam associar a outras coisas. No caso da Gabi, não era droga, não era dívida. Ela vinha só para encontrar com a família e os amigos. Não queremos a imagem dela manchada, porque ela foi uma referência, cresceu empreendendo, tentou viver e trabalhar como qualquer outra pessoa, e ela merece uma homenagem bonita e alegre, como ela era”, complementa.


Entenda o caso

No dia 26 de junho, o corpo da artista Gabriella da Silva Borges, mais conhecida como Gabi Campbel, foi encontrado dentro de seu apartamento no Bairro Santo André, na região Noroeste de Belo Horizonte.


A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) foi acionada pelo subsíndico do condomínio depois que vizinhos começaram a sentir um mau cheiro vindo de sua residência e deram falta da moradora.


De acordo com o boletim de ocorrência, os militares arrombaram a porta do imóvel e encontraram a mulher deitada na cama de um dos quartos, com um cobertor enrolado no corpo e já sem vida.


 

Além do carro da vítima, que não estava na garagem, um amigo afirmou que seu celular também não estava no apartamento, mas que havia alguém acessando as redes sociais de Gabi e respondendo a mensagens de texto. Joias, laces – perucas mais realistas que Gabi produzia e vendia – e dinheiro também foram levados.


Os dados do veículo da vítima foram repassados à polícia e, no início da madrugada do dia 27, foi localizado com duas mulheres, de 18 e 22 anos, no Bairro Aparecida, região Noroeste da cidade. Em depoimento, elas relataram que estavam em um bar quando um amigo pediu para que elas assumissem a direção e entregassem o veículo para ele em outra rua, mas foram abordadas no caminho.


As suspeitas foram detidas por receptação, mas pagaram fiança e foram liberadas. O homem, de 43 anos, foi identificado, mas ainda não foi preso. A perícia da Polícia Civil e o rabecão foram acionados.


A suspeita é que Gabi tenha sido vítima de enforcamento, mas a motivação do crime não foi esclarecida e o caso segue em investigação. Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que outras informações só poderão ser repassadas à imprensa com a conclusão do inquérito.


 

Walkiria contou à reportagem que a morte da amiga a afetou e continuará afetando muito.


“Particularmente, está me atrapalhando até no trabalho, porque são três meses que a Gabi vem e fica. Costumamos fazer muitas atividades, o período coincide com o aniversário dela e o meu, em setembro, a Batalha Drag de LipSync… então são várias coisas que a gente já vinha pensando em fazer. Ela era uma mulher que vinha para atuar, se divertir – e divertir os outros –, passear. E morreu dessa forma, agredida, violentada, com a vida sendo tirada dela. Eu não aceito, para mim está muito difícil”, diz.