A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou secretário de Defesa Social de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por assédio sexual. O crime ocorreu em março deste ano contra uma mulher de 40 anos.
Ainda segundo a polícia, há outros três inquéritos em andamento, que tramitam em sigilo, sobre casos de importunação sexual envolvendo o secretário William Soares Santos. “Tão logo sejam concluídos, outras informações poderão ser divulgadas”.
Procurado pela reportagem do Estado de Minas, o Ministério Público informou que o inquérito envolvendo o secretário tramita sob segredo de Justiça, “não sendo possível fornecer à imprensa qualquer informação acerca dos autos”.
Em junho, a perita da Polícia Civil (PCMG) Tatiane Albergaria, líder de um movimento de mulheres chamado “Assédio Não”, esteve na sessão plenária na Câmara Municipal de Vespasiano para cobrar apuração de casos de abuso sexual e moral cometidos na prefeitura da cidade, mas foi impedida de falar.
Segundo ela, oito mulheres que prestam serviços para a Prefeitura de Vespasiano já denunciaram o secretário de Defesa Social por assédio, e todas formalizaram boletins de ocorrência, porém nenhuma medida foi tomada até o momento.
A Prefeitura de Vespasiano informou, em nota, que o poder judiciário não determinou nenhum afastamento e "considerando o direito constitucional de defesa e presunção de inocência, o secretário permanece exercendo suas funções."
Segundo a Prefeitura, o caso está sendo apurado pela comissão de sindicância e corre em sigilo.
Acusações
Segundo os relatos, as mulheres eram chamadas de “burras” e “jumentas” e que “comiam capim”, quando cometiam algum erro. Além disso, o secretário de Defesa Social teria entoado falas constrangedoras como “já transou hoje?” e “você está precisando gozar”. Uma mulher, em período de amamentação do filho, relatou que ele pediu para “mamar” e que queria “leitinho quente”; outra registrou boletim de ocorrência ressaltando uma mordida no seio.
“Elas fizeram essas denúncias no Ministério Público, inclusive possuem testemunhas, áudios. Eu jamais iria à Câmara falar ou tentar falar alguma coisa sem ter prova”, declarou Tatiane.
Após as denúncias, as mulheres foram realocadas para outros departamentos da prefeitura. Elas evitavam se expor publicamente, mas, ao saber das queixas, o secretário expôs as denunciantes em sua rede social, mostrando os rostos delas e dizendo que tudo se tratava de uma perseguição política.
Tatiane reforça a importância de denunciar os casos de assédio para que o culpado seja punido e não tenha a oportunidade de fazer novas vítimas.