Vaquinha de mineira que deseja realizar suicídio assistido na Suíça atinge 85% da meta -  (crédito: Arquivo pessoal/Reprodução/Redes sociais)

Vaquinha de mineira que deseja realizar suicídio assistido na Suíça atinge 85% da meta

crédito: Arquivo pessoal/Reprodução/Redes sociais

A jovem mineira que está organizando uma vaquinha online para custear sua ida até a Suíça para realizar suicídio assistido conseguiu arrecadar 85% do total, de R$ 150 mil. Até às 12h desta terça-feira (9/7), Carolina Arruda Leite, de 27 anos, tinha conseguido R$ 127.552,39, com a contribuição de mais de três mil apoiadores. Nessa segunda (8), Carolina foi internada para a realização de um tratamento que pode minimizar as fortes dores que sente devido à doença que sofre.

 

A estudante de medicina veterinária, de Bambuí, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, tem neuralgia do trigêmeo bilateral, doença que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face. Segundo especialistas, a doença causa uma das piores dores do mundo. Devido a baixa qualidade de vida, a jovem decidiu realizar um suicídio assistido, que é a interrupção da vida de um paciente acometido de grave doença. Como no Brasil a prática é proibida, ela arrecada dinheiro para fazer o procedimento na Suíça.

 

Carolina foi internada ontem na Santa Casa de Alfenas, no Sul do estado, depois de realizar uma consulta com o médico especialista em dor Carlos Marcelo de Barros, que se ofereceu para ajudá-la. O procedimento consiste em tomar vários medicamentos para que seu corpo fique anestesiado e não sinta dor por um período de tempo. Com isso, seu cérebro poderá ser “reiniciado”, ajudando com as fortes dores que sente.

 

 

No entanto, a jovem afirmou que não está repensando a decisão de fazer o suicídio assistido ao aceitar o tratamento. Para ela, a medida é válida para uma qualidade de vida melhor até o processo na Suíça ser realizado.

 

“Eu não estou repensando a ‘eutanásia’. Estou dando uma chance para esse tratamento porque o processo da ‘eutanásia’ é muito burocrático, demora muito até conseguir os documentos e a aprovação, então, nesse período, preciso fazer alguma coisa para minimizar um pouco a dor”, disse em entrevista ao Estado de Minas.

 

 

O valor estipulado serve para arcar com os gastos do procedimento no país, que incluem viagem para o país e passaporte, médicos na Suíça e médicos no Brasil para indicação do procedimento e formulação dos laudos médicos, eutanásia, cremação e possíveis advogados. O objetivo é alcançar o valor total e, se necessário, abrir uma nova vaquinha, pois ainda não se sabe se o valor será suficiente.

 

Caso sobre dinheiro, ela pretende doar a instituições que cuidam de pacientes com doenças que causam dores fortes, como a dela. De acordo com ela, os R$ 150 mil foram estipulados com base em algumas pesquisas feitas na sociedade Dignitas, na Suíça, que recebe estrangeiros para realizar o procedimento.

 

Doença e possíveis tratamentos

Embora a neuralgia do trigêmeo bilateral seja pouco conhecida, ela é comum no Brasil e atinge cinco pessoas a cada 100 mil habitantes por ano. Trata-se de um quadro de dor lancinante, além de proporcionar uma sensação de choque na área afetada. Ela se manifesta por meio de crises que se intercalam com períodos de remissão. Mas ao longo do processo, esses intervalos sem dor podem se tornar cada vez mais raros e a dor mais constante, como é o caso da mineira.

 

 

Além da internação, o segundo passo de Carolina poderá ser a realização de uma cirurgia de radiofrequência ou a implantação de uma bomba de morfina no corpo, que lidera pequenas doses do medicamento no corpo e, durante crises, a paciente pode apertar um botão e liberar doses maiores. Assim como a internação, os procedimentos serão realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

A mineira diz que, caso o tratamento seja muito eficiente, ela pode cogitar a repensar a eutanásia, mas que ainda é muito cedo para afirmar. Conforme dito anteriormente pela jovem, ela já passou por diversos tratamentos e realizou quatro cirurgias, todas sem sucesso.

 

 

“Se esse procedimento minimizar a minha dor em um grau suportável, eu posso reconsiderar fazer a eutanásia, mas não é nada certo”, conta.

 

Interessados em contribuir com a vaquinha podem clicar aqui ou ajudar usando a chave pix 4925543@vakinha.com.br

 

CVV (Centro de Valorização da Vida)


A recomendação dos psiquiatras é que a pessoa que pensa em suicídio busque um serviço médico disponível. O Centro de Valorização da Vida (CVV) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Voluntários atendem ligações gratuitas 24h por dia no número 188, por chat, via e-mail ou diretamente em um posto de atendimento físico.

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice