A piloto agrícola Juliana Turchetti, de 45 anos, morreu em um acidente nessa quarta-feira (10/7) -  (crédito: LInkedin/Juliana Turchetti/Reprodução)

A piloto agrícola Juliana Turchetti, de 45 anos, morreu em um acidente nessa quarta-feira (10/7)

crédito: LInkedin/Juliana Turchetti/Reprodução

A piloto agrícola Juliana Turchetti, de 45 anos, morreu em um acidente nessa quarta-feira (10/7) durante uma operação de combate a incêndio florestal nos Estados Unidos. Natural de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Juliana foi a primeira brasileira a pilotar nos EUA um avião turboélice e outro do modelo FireBoss — o maior do mundo no segmento agrícola usado em combate a queimadas. Autoridades locais qualificaram Juliana como “heroína” ao lamentar a morte em comunicado à imprensa.

 

Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) explicou que Juliana morreu enquanto combatia o fogo na Floresta Nacional de Helena, cidade-sede do condado de Lewis e Clark, no centro-oeste do estado de Montana. O acidente aconteceu por volta do meio-dia no horário local (15 horas no Brasil) durante a manobra de scooping com o FireBoss, que consiste em passar com a aeronave sobre uma represa ou lago.

 

 

 

Segundo testemunhas mencionadas pela imprensa norte-americana, eram três AT-802 (FireBoss) operando na área. As aeronaves pertencem a uma empresa que atua para o Serviço Florestal dos Estados Unidos e estavam captando água no ponto conhecido como Hauser Lake – cerca de oito quilômetros a noroeste da represa, também no Rio Missouri. Já as chamas estavam sendo combatidas na área conhecida como Horse Gulch, mais perto da represa.

 

“Juliana estaria em segundo no circuito de toque, corrida e decolagem, mas, enquanto realizava o scooping, o avião pareceu ter batido em algo, despedaçou-se na água e afundou. As investigações sobre as causas do acidente agora estão a cargo do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA”, informou o Sindag, que também lamentou a morte e elogiou a carreira da profissional.

 

“Uma mostra da força feminina no setor e da garra e profissionalismo dos pilotos brasileiros, Juliana seguirá sendo um exemplo da determinação para dezenas de jovens que todos os anos lutam para se formar e se especializar em escolas de aviação de todo o Brasil”, completou em nota de pesar.

 

Piloto de aviões Boeing

 

A piloto mineira contabilizou mais de 6,5 mil horas de voo desde que entrou para a aviação, em 2007. Ela foi instrutora de voo e, depois, copiloto e piloto em aviões Boeing 727 e 737. Em 2013, ingressou na aviação agrícola. Cinco anos depois, ela foi morar nos Estados Unidos, onde se tornou a primeira brasileira a voar em lavouras naquele país.

 

Em 2022, Juliana investiu na compra de um imóvel para montar uma cafeteria na cidade de Springfield, no estado de Illinois, onde a temática do estabelecimento era a aviação. O espaço oferecia aos clientes a combinação dos grãos com o pão de queijo mineiro.

 

Apesar do sucesso nos negócios, ela voltou a sobrevoar lavouras e mirou também o combate a incêndios. Depois da conclusão de um treinamento para operar hidroaviões, tornou-se a primeira brasileira a voar no comando de um avião modelo FireBoss em 14 de fevereiro deste ano. A primeira operação aconteceu em pleno dia 4 de julho – data da Independência dos Estados Unidos –, quando atuou para controlar as chamas nas proximidades de um aeroporto no estado de Washington.

 

“Heroína”

Os governadores dos estados de Montana e Idaho, Greg Gianforte e Brad Little, emitiriam nota conjunta na qual a piloto é qualificada como “heroína”.

 

“Estamos profundamente tristes em saber do falecimento da jovem bombeira florestal que tragicamente perdeu a vida respondendo ao incêndio Horse Gulch em Helena, Montana”.(…) “Nossos primeiros socorristas e bombeiros florestais arriscam suas vidas para responder rapidamente às ameaças e proteger nossas comunidades. É um verdadeiro ato de bravura correr em direção ao fogo. Nós nos juntamos a todos os habitantes de Montana e Idaho em oração pela família e amigos da heroína caída durante este momento trágico”, menciona o documento.