Com cartazes de pedido por justiça o ato pede que o principal suspeito do homicídio, o policial penal William Lopes dos Santos, de 43 anos, seja preso -  (crédito: Gladyston Rondrigues / EM / D.A Press)

Com cartazes de pedido por justiça o ato pede que o principal suspeito do homicídio, o policial penal William Lopes dos Santos, de 43 anos, seja preso

crédito: Gladyston Rondrigues / EM / D.A Press

Familiares e amigos de David Alexandre Moreira, de 23 anos, assassinado em uma loja de caça-níquel, fizeram um protesto na porta do Fórum Lafayette, no Barro Preto, na Região Centro-Sul de BH, na tarde desta sexta-feira (12/7). No ato, pedidos de que o principal suspeito do homicídio, o policial penal William Lopes dos Santos, de 43, seja preso.


O crime aconteceu no Bairro Copacabana, na Região de Venda Nova, na noite de 28 de junho. A vítima foi alvejada quatro vezes. Imagens de segurança do local registraram o momento em que o atirador se aproximou de David Alexandre, que estava sentado em uma mesa dentro do estabelecimento. Os dois começaram a discutir, e William deu coronhadas na cabeça da vítima. Em seguida, a discussão recomeçou, o jovem se levantou, e, em resposta, o policial penal efetuou os disparos. 


A discussão e o homicídio teriam sido motivados depois que a vítima tentou se relacionar com a filha do suspeito, de 17 anos. De acordo com o registro policial, após receber uma negativa da garota, David Alexandre passou a chamá-la de "baranga". Com o xingamento, a mãe da adolescente entrou na conversa e repreendeu o rapaz, que também a ofendeu e a mandou “fazer uma janta”. 


 

Advogada da família de David Alexandre, Bruna Vitebro explica que a revolta da família aconteceu uma vez que o policial penal, flagrado por câmeras de segurança e efetuando os disparos com sua arma de trabalho, ainda está solto. Além disso, ela afirma que o andamento do inquérito, apesar de avançado, preocupa os pais da vítima, porque a esposa e filha do suspeito ainda não foram ouvidas.


“Essa situação que ocorreu com David poderia ter se resolvido em uma conversa. Ele não precisava ter perdido a vida por uma coisa que poderia ter sido conversada. Se houve ali, igual andou-se levantando pela defesa do agente, importunação sexual ou ameaça, cabia ao servidor da segurança pública acionar a polícia, fazer um boletim de ocorrência e pedir uma medida protetiva”, disse. 


 

William foi reconhecido pelas gravações e testemunhas. Na noite dos fatos, a Polícia Militar (PM) foi até sua casa. No local, sua esposa confirmou a autoria e afirmou que ele não iria se entregar. Desde então, ficou foragido e se apresentou à Polícia Civil (PCMG) quatro dias depois, em 2 de julho, quando o prazo para a prisão em flagrante já havia acabado. Ele prestou depoimento no Departamento Estadual de Investigação de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e foi liberado em seguida. 


Para Gleyson Moreira da Silva, pai de David Alexandre, a liberdade do principal suspeito de matar seu filho evidencia a “fragilidade” das leis. “Além da dor da perda do meu filho, temos que conviver com o assassino dele ainda em liberdade. Pior, ainda trabalhando. O benefício desse flagrante tem que acabar. Como você dá um benefício a uma pessoa que foi filmada, teve testemunhas. Ou seja, está punindo a vítima.” 


 

Procurada, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirmou que o policial penal investigado pelo homicídio do jovem está de férias e, desde os dias do crime, não retornou às atividades na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, onde está lotado. Questionada pela reportagem se o agente será afastado de suas funções até a finalização do inquérito policial, a pasta afirmou que, “até agora”, o distanciamento acontece por parte do servidor. 


Na época dos fatos, o Governo de Minas informou, por meio da corregedoria da Sejusp, que um procedimento administrativo foi aberto para apurar a conduta do servidor. “O processo encontra-se, no momento, na fase de investigação preliminar, que possui prazo de 30 dias para conclusão, prorrogáveis por mais 30 dias. Paralelamente, a secretaria também acompanha os desdobramentos da ocorrência no âmbito criminal/Justiça.” 

 

*Colaborou Gladyston Rodrigues