Série Veredas Mortas mostra a degradação no Grande Sertão de Guimarães Rosa -  (crédito: Soraia Piva/EM)

Série Veredas Mortas mostra a degradação no Grande Sertão de Guimarães Rosa

crédito: Soraia Piva/EM

O desmatamento no cerrado mineiro triplicou entre 2019 e 2023. E o avanço da destruição desse bioma que ocupa mais da metade do território de Minas Gerais vem de todos os lados. O Estado de Minas publica a partir deste domingo (14) a série “Veredas Mortas”, que toma emprestado o título inicialmente pensado por Guimarães Rosa para sua obra-prima, depois batizada “Grande sertão: Veredas”.

 

Nossa equipe percorreu quase 5 mil quilômetros e visitou 55 cidades em Minas, Goiás e Bahia para mostrar os impactos dos extremos climáticos, de incêndios, dos desmatamentos e da agropecuária sobre o cerrado.

 

 

 

As veredas descritas por João Guimarães Rosa são hoje quase memória. Os impactos dos eventos climáticos extremos e a devastação do cerrado, segundo maior bioma do Brasil, ameaçam o pouco da beleza que resiste.

 

Cenas de degradação deixam a cada dia mais irreconhecível o caminho percorrido pela tropa de boiadeiros que conduziu, em 1952, Guimarães Rosa pelo sertão de Minas Gerais. Dessa viagem veio o diário “A boiada”, caderno de anotações que ele usou para criar a história e o ambiente de um dos maiores livros da literatura brasileira: “Grande sertão: Veredas”.

 

 

 

 

Sete décadas depois de Guimarães Rosa finalizar sua obra-prima, o Estado de Minas esteve nos lugares por onde o autor fez passar Riobaldo, Diadorim e tantos outros personagens inesquecíveis.

 

 

 

Esta reportagem especial “Veredas mortas” tem como inspiração o nome inicial dado pelo escritor mineiro a “Grande sertão: Veredas”. Foi o que mostrou a revista O Cruzeiro na edição de abril de 1954. Dois anos antes do lançamento, Guimarães Rosa decidiu mudar o título. Escolheu o caminho da amplitude. Em 2024, a natureza que encantou o autor e seus leitores definha no sertão e nas veredas. E vários cenários do livro se aproximam da realidade do título que o escritor deixou para trás.

 

 

 

O cerrado mineiro

O cerrado se estende por 55% do território mineiro. São 31,7 milhões de hectares, sendo que só 11,9 milhões são de vegetação nativa. O bioma é a caixa d’água de afluentes do Rio São Francisco, como o Rio das Velhas, o Urucuia, e o Paracatu, essenciais para o abastecimento, agricultura e comércio no país.

 

É dentro do cerrado que se encontram as veredas, uma formação vegetal com características bem marcantes. Esse terreno alagado funciona como área de drenagem e abastece córregos, rios e lagoas. Um oásis reconhecido de longe, principalmente devido aos buritis. São as mesmas árvores que serviam para descanso dos jagunços do livro e que emolduravam a história do amor impossível de Riobaldo e Diadorim.

 

Na última década, o cerrado passou por ao menos três etapas de desmatamento. Números do Instituto Estadual de Florestas (IEF) revelam que 2022, 2017 e 2023 foram, nesta ordem, os piores anos desse período. Cortes para plantio de outras espécies ou crescimento urbano ou industrial são algumas das ameaças.

 

Acompanhe a série

Esta reportagem integra a série “Veredas mortas”, do Estado de Minas, que toma emprestado o título inicialmente pensado por Guimarães Rosa para sua obra-prima, depois batizada “Grande sertão: Veredas”. As reportagens começaram a ser publicadas no domingo (14) e a íntegra das reportagens, galerias de fotos e vídeos estão disponíveis em nosso site.