Quem passeou pelas ruas da Região Centro-Sul de Belo Horizonte neste domingo (14/7) pode ter tido a sensação de que viajou no tempo. Isso porque o Grupo de Ciclistas Retrô Tweed Ride BH reuniu admiradores do estilo vintage a caráter para espalhar "charme" pela capital e remontar o glamour de décadas passadas, enquanto exibiam suas bicicletas antigas, na edição de inverno da iniciativa.
“Foi um encontro muito bacana. Mais um domingo de nostalgia, amizade, de celebrar a bicicleta e os ideais da França revolucionária. Nós, inclusive, fizemos um manifesto colocando a bicicleta como esse objeto transformador da cidade”, conta Gil Sotero, coordenador do Tweed Ride BH.
No início da manhã, o grupo se reuniu em frente ao grande Hotel Ronaldo Fraga, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul. O ponto foi escolhido por ser um casarão da década de 1920, tombado pelo Patrimônio Histórico e único remanescente da época nas proximidades.
O encontro, que contou com cerca de 80 pessoas, é uma homenagem ao Dia Nacional da França e foi inspirado pelo espírito da Revolução Francesa. Os participantes se reuniram para uma "nova revolução", agora protagonizada pelas bicicletas. Guiados pelos princípios de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", os ciclistas buscam uma transformação social e ambiental para a cidade.
Gil diz ainda que o passeio faz sucesso, com pessoas aplaudindo e assobiando. Alguns chegam a interagir e perguntar se o evento faz parte de uma peça de teatro ou filmagens de algum filme. “Hoje não foi diferente, passamos perto de bares, e o pessoal assobiava e tirava foto. Um senhor chegou hoje falando que ficou emocionado lembrando da infância dele, dos pais e avós. Esse é o diferencial do Tweed, é uma coisa que emociona as pessoas”, declara o coordenador.
Além de proporcionar uma experiência única, o Grupo de Ciclistas Retrô Tweed Ride BH também trabalha ativamente na preservação da memória e do patrimônio histórico da cidade. Ao promover passeios pelos locais mais emblemáticos de Belo Horizonte, o grupo busca resgatar a história e a identidade da capital mineira, destacando a importância da conservação do seu legado cultural.
Jeferson Rios, colecionador de objetos e veículos antigos, levou duas bicicletas para o evento, uma delas do século XVIII, que tem a roda dianteira muito maior que a traseira. Ele relata que precisa de certa “manha” para andar com ela, mas que é tranquilo. “É lembrar que o passado está presente. Cada um conta a história da bicicleta, cada um tem um motivo para estar aqui, grande parte dos colecionadores tem uma história com os antepassados”, afirma Rios, que participa do grupo desde sua fundação, em 2013.
A equipe também promove a mobilidade urbana e a sustentabilidade. Ao optar por meios de transporte não motorizados, os participantes do evento contribuem para a redução da emissão de poluentes e para a promoção de um estilo de vida mais saudável e sustentável. Além disso, ao adotar trajes vintage/retrô, os ciclistas celebram a moda de época, resgatando peças clássicas e atemporais em um mundo dominado "pelo consumo rápido e descartável".
“A gente tem se dedicado muito à preservação de bicicletas antigas, à questão da mobilidade urbana, ao reconhecimento da cidade por outras vias que não a motora. A gente não só busca resgatar essa beleza e detalhes desse tempo que já passou, como também conscientizar o presente para a questão da mobilidade urbana”, afirma Mariana Rosa Elias Guimarães, integrante do movimento há oito anos.
O Tweed Ride começou em BH em 2013, inspirado em um grupo homônimo de Londres, na Inglaterra. São realizadas pelo menos duas edições por ano.